Após mais de 22 horas de julgamento ao longo de dois dias, finalmente chegou ao fim o júri popular que julgou do ex-comendador João Arcanjo Ribeiro pelas mortes de Rivelino Jacques Brunini e Fauze Rachid Jaudy. O ex-bicheiro pegou 44 anos e dois meses de prisão pelo duplo assassinato e a tentativa de homicídio contra Gisleno Rodrigues, crimes acontecidos em plena luz do dia na Avenida do CPA. Ele não tem direito a recorrer da sentença em liberdade. A sentença foi proferida por volta das 16h desta sexta-feira (11).
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Rivelino Jacques Brunini operava o esquema de caça-níqueis em Mato Grosso, trazendo várias máquinas do Rio de Janeiro para cá. Segundo a acusação, Rivelino pagava uma taxa mensal a Arcanjo para assegurar o direito de explorar as máquinas. Contudo, sua ambição cresceu e ele quis trocar o comando de Arcanjo, trazendo um outro grupo do Rio de Janeiro. Antes de morrer, Rivelino ficou devendo muito dinheiro ao ex-comendador, que teria mandado matá-lo pela dívida.
O promotor Vinivius Gahyva, que comandou a acusação contra João Arcanjo, chegou a comparar o ex-comendador ao lendário chefe da máfia siciliana, um menino pobre que construiu um império com o dinheiro sujo conquistado através de várias atividades ilegais, que incluíram um grande número de assassinatos. Segundo o promotor, Arcanjo cobrava uma taxa de manutenção do esquema dos caça-níqueis, por ser o chefe do crime organizado mato-grossense.
"A história aqui detalhada é idêntica à máfia siciliana, onde o chefão saiu do zero e se tornou rico. Aqui, Arcanjo deixou a Polícia Civil e montou o verdadeiro império, chamado Grupo JAR", disse o promotor.
Já a defesa de Arcanjo diz que a mídia constrói uma imagem de supervilão sobre a figura do comendador, mas que, na verdade, Arcanjo nunca quis a máfia dos caça-níqueis em Mato Grosso e nunca se envolveu em outros crimes além do jogo do bicho e agiotagem para políticos, quiçá assassinatos. Para Paulo Fabrinny, advogado do ex-bicheiro, Rivelino Brunini cavou a própria cova ao mexer com os chefões da máfia dos caça-níqueis do Rio de Janeiro.
"Ele infelizmente mexeu com fogo. O Rivelino queria ser Al Capone, ele andava com metralhadora e fuzil. Eu não o conheci, não posso falar nada da pessoa dele, mas ele se envolveu com pessoas perigosas, que são os cariocas, e acabou morrendo. Por isso, reafirmo: Arcanjo não tem nada a ver com a morte dele. Ele [Rivelino] sim, queria ser o Al Capone da história, a própria irmã confirmou", salientou. "Eu prefiro mil bancas do jogo do bicho do que 500 mortes igual teve no ano passado em Mato Grosso", finalizou o advogado.
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