O governo Lula recentemente apostou em nova ofensiva narrativa frente às recentes derrotas que vem sofrendo no poder de articulação com o Congresso Nacional e [pior ainda] com a opinião publica, registrado nas constantes quedas de aprovação e popularidade.Em vídeos publicados nas redes oficiais do PT, a narrativa do ‘nós contra eles’ voltou à tona com a campanha BBB - Bilionários, Bancos e Bets. Lá são apresentados supostos super-ricos levando vantagem sobre os pobres no pagamento de contas em um cenário que o brasileiro conhece bem, uma mesa de boteco. Os diálogos foram criados com o uso de Inteligência Artificial.
É uma resposta à negativa do Congresso ao aumento do IOF, tema que já foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF) que, por sua vez, agora age como membro conciliador entre os dois poderes que se enfrentam. Como ‘as voltas que o mundo dá’ são rápidas aqui.
A estratégia não é nova. Mas é uma busca de reconexão com o público que depositou a esperança ao PT por cinco vezes e que, agora, tem se distanciado por consumir mais rapidamente narrativas de quem veste camisa preta e, mesmo com um cenário com fundo preto e com um recorte da realidade, se conecta com a ponta e aterroriza o governo.
Uma vez me disseram que uma das bases da teoria da conspiração para que o 11 de setembro de 2001 tenha sido um auto-ataque era de que o povo norte-americano, dito patriota, se une quando encontra um inimigo externo em comum. E, à época, o governo Bush não ia bem em aprovação popular.
Enquanto, no momento, a Casa Branca usa como propaganda uma suposta venda de um “big beautiful bill” para aproximar o público do novo megapacote de Trump - às vésperas de sua votação - no Brasil temos essa ofensiva narrativa que objetiva a reconexão e recuperação de imagem.
Na disputa de narrativas, o governo Lula tem perdido e as recentes pesquisas mostram isso. Essa narrativa - de pobres versus ricos - que eventualmente seria resgatada nas próximas eleições, pode ter sido utilizada como cartada final. Se não der certo - de novo!? - um sábio que ouvi talvez tenha razão e seja melhor o Lula nem ser candidato em 2026.
(*) ROBERT WILLIAN VALPORTO é estrategista em marketing político, professor universitário, doutor em Comunicação e Marketing, membro do CAMP e CEO do Grupo Comunic._
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