O anúncio da tarifa de 50 % imposta por Donald Trump às exportações brasileiras reacendeu o alerta no agronegócio nacional. A medida, que passa a valer em 1º de agosto, atinge diretamente setores estratégicos como carne bovina, café, suco de laranja e etanol — todos com forte peso nas exportações brasileiras para os Estados Unidos.
O impacto é imediato e expressivo, sobretudo porque atinge um dos principais parceiros comerciais do Brasil. O setor produtivo, que já enfrenta oscilações no preço das commodities, instabilidade climática e pressão de custos, agora se vê diante de mais um desafio imposto de fora — com motivações tanto econômicas quanto políticas.
Neste cenário, a governança se revela como um eficiente instrumento para enfrentar esse tipo de crise. Empresas com alto grau de profissionalização têm mais condições de reagir de forma estratégica, com base em dados e projeções realistas. A clareza sobre o fluxo de caixa, os custos da operação, o desempenho das culturas e os contratos vigentes permite decisões mais assertivas. Por exemplo, diante da queda nas cotações da soja, a empresa pode avaliar com precisão se vale a pena vender agora, esperar por um novo momento, ou até mudar o tipo de cultura.
Indicadores bem estruturados funcionam como termômetros de mercado. Com eles, é possível prever com prudência e cautela se será necessário reduzir a safra, renegociar contratos, evitar arrendamentos ou buscar novos mercados. Mais do que uma ferramenta do ponto de vista gerencial, de controle, econômica e contábil, a governança permite diante de uma gestão hígida, maior rastreabilidade, confiabilidade e integridade às informações, o que facilita também o acesso ao crédito e a negociação com parceiros comerciais.
Além disso, a implantação de um conselho consultivo — composto não apenas por sócios, mas também por especialistas — ajuda a tornar o processo decisório mais técnico, assertivo e menos emocional. Em tempos de instabilidade econômica e política, contar com uma estrutura de governança robusta é o que permite analisar os impactos de forma precisa e tomar medidas com maior segurança.
O agro brasileiro não pode mais depender apenas da força produtiva e da intuição. Diante de um cenário global cada vez mais volátil, a capacidade de gestão se torna tão importante quanto a produção no campo. A tarifa imposta pelos Estados Unidos é uma medida dura, mas também uma oportunidade de aprendizado. Quem estiver preparado, com boa governança, sairá mais forte. Quem ainda ignora sua importância, corre o risco de pagar caro — agora e no futuro.
(*) BRUNO OLIVEIRA CASTRO é advogado especializado em Direito Empresarial e sócio da Oliveira Castro Advocacia. Sua expertise abrange constituição de holdings familiares, Direito Empresarial, Societário, Falência e Recuperação de Empresas, Governança Corporativa, Direito Autoral e Direito Tributário. Atua como administrador judicial, professor, palestrante e parecerista, além de ser autor de livros e artigos jurídicos. Em 2024, lançou o livro “Herança ou Legado? O que você deixará para a próxima geração?”
Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.
