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Justiça Quinta-feira, 10 de Setembro de 2015, 21:17 - A | A

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Quinta-feira, 10 de Setembro de 2015, 21h:17 - A | A

JÚRI POPULAR

"É um absurdo me acusarem disso", diz Arcanjo sobre morte de Rivelino Brunini

MAX AGUIAR

Bastante abatido, magro e com a voz trêmula, João Arcanjo Ribeiro sentou no banco dos réus por volta das 19h30 desta quinta-feira (10). Ele é o principal suspeito de mandar matar Rivelino Jaques Brunini e Fauze Rachid Jaudy, além da tentativa de homicídio contra Gisleno Fernandes. Todos os crimes são investigados desde 2002 e estão envolvidos com a máfia dos caça-níqueis. 

 

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Arcanjo começou respondendo que não era necessário pedir permissão a ele para instalar qualquer coisa em Mato Grosso. Sobre os jogos, Arcanjo disse que Rivelino Brunini o convidou a participar na compra das máquinas, mas ele negou. "Eu não participei e nem autorizei nada. Muito menos recebia R$ 200 por máquina, como foi dito aqui", esclareceu o ex-comendador. 

 

Assessoria / TJMT

joão arcanjo ribeiro

 Arcanjo diz que é um absurdo lhe acusarem da morte de RIvelino Brunini

A magistrada Monica Perri perguntou sobre o aluguel do barracão usado para guardar as máquinas, ao que Arcanjo disse não se lembrar. "Eu não administrava meus imóveis, pois tinha muitos empreendimentos, entre fazenda, piscicultura e outros".

 

Sobre o paraguaio Julio Bach, Arcanjo disse que o conheceu através de Rivelino, que o levou em algumas partidas de futebol que aconteciam às quartas-feiras na Fazenda São João. Arcanjo também negou ser conhecido como "Papai do Céu". "Nunca ouvi falar isso de mim. Isso fiquei sabendo agora", enfatizou. 

 

Sobre o coronel Lepesteur, supostamente um dos pistoleiros do ex-chefe do crime organizado de Mato Grosso, Arcanjo disse que "era meu amigo, mas não trabalhava pra mim. Eu sabia que ele trabalhava com esse tipo de trabalho. Frequentava minha casa, meu cassino. Era meu amigo. O coronel Lespesteur era meu amigo", disse Arcanjo. 

 

Quanto aos símbolos do colibri, que, segundo a acusação, eram usados para marcar as máquinas de caça-níqueis que tinham aval do ex-comendador, ele disso que não autorizou "a colocada dos símbolos do colibri. Inclusive briguei com Jesus para retirar a marca". 

 

Sobre seu relacionamento com João Leite, apontado pelo MPE como o mediador das negociações com os pistoleiros de João Arcanjo, disse desconhecer. "Excelência, são treze anos. Não me lembro de todos. Esse João Leite eu conheci, mas não sei com quem ele trabalhava". 

 

Já sobre Rivelino Brunini, que operava o esquema da máfia dos caça-níqueis em Mato Grosso, Arcanjo afirmou que seu relacionamento era próximo, mas apontou outros possíveis suspeitos para a morte do empresário. "Nós éramos amigos. Até na missa comigo ele ia. Inclusive, eu participei de uma reunião na empresa da FEB e o povo queria tirar retirar Rivelino fora. O povo que eu digo são os cariocas, que tinham desconfiança de desvio de dinheiro das máquinas". 

 

Assessoria/TJ-MT

Julgamento João Arcanjo - Vinícius Gahyva

Promotor Vinicius Gahyva disse que Arcanjo dá aula de hipocrisia: "Ele vai de anjo para santo"

A juíza questionou Arcanjo porque o ex-cabo da Polícia Militar Hércules Agostinho tinha dito na cadeia que Arcanjo teria pago R$ 20 mil para Célio Alves matar Rivelino. "Eu não sei disso. Nunca falei com Hércules e nem com Célio", afirmou Arcanjo. 

 

Sobre a autorização comentada pelas testemunhas, para funcionar o esquema dos caça-níqueis, Arcanjo negou. "Eu não dava aval pra ninguém não. Eles, os cariocas, queriam a parceria, mas eu não quis, e por isso o Rivelino entrou na parada", explicou. A juíza Mônica Perri questionou o ex-bicheiro sobre os motivos dos crimes. "O senhor nega participar desse crime?". Arcanjo disse que "isso é um absurdo, Excelência. Não existe o porque disso. É um absurdo. Quase toda semana estava com ele, era meu amigo".

 

O promotor Vinicius Gahyva questionou o ex-comendador sobre o nome Colibri, ao que Arcanjo disse que não seria o único dono. O promotor também questionou sobre a Estância 21, localizada na BR-364, que era usada como 'Cassino do Arcanjo'."Sim, era meu cassino. Eu empregava alguns paraguaios e uns garçons de Cuiabá. Alguns documentos provam que eles casaram e continuavam morando aqui", explicou Arcanjo. 

 

DEFESA

O advogado Paulo Fabrinny, que representa a defesa do ex-comendador, começou perguntando ao réu como é a vida e quem é o verdadeiro João Arcanjo Ribeiro. "A imprensa criou um mito. O COMENDADOR. Mas, na verdade, quem é o Arcanjo?".

Assessoria / TJMT

joão arcanjo ribeiro

Sobre seu sucesso financeiro, Arcanjo diz que começou pequeno e foi crescendo com os investimentos

"Comecei como policial civil, depois fui segurança e comprei um táxi. Depois comprei outro táxi e assim fui crescendo. No 'jogo do bicho' eu comecei após montar a Rádio Cuiabana, instalada em Várzea Grande. E, logo em seguida, contei com ajuda de amigos e fundamos a programação. Do Paraná veio o Edivaldo Ribeiro, apresentador do Cadeia Neles, ele trouxe a empresa Colibri. Aí fundimos a empresa Cuiabana com a Colibri e a Pantanal de outro amigo. O Edivaldo saiu da parceria, porque fizeram uma proposta irrecusável. Eu permaneci e toquei o jogo do bicho sozinho. Sozinho, porque quem comprou a parte do Edivaldo perdeu a política em Mato Grosso do Sul, e precisaram vender. Nisso, eu comprei. Para completar a renda eu vendia ouro. Cheguei a vender mais de 400kg de ouro. Tudo era declarado no imposto de renda", contou Arcanjo, que ainda frisou que distribuía cestas básicas todo fim do ano, para amigos e funcionários. "Distribuía sim, pois muitos precisavam". 

 

Assessoria / TJMT

joão arcanjo ribeiro

 Ao ser questionado pelo seu advogado, Arcanjo negou todas as acusações e disse que matar não é do seu feitio

O advogado questionou sobre as cobranças abusivas. "Nunca respondi por extorsão, nem cárcere privado. Nunca fiz cobrança violenta. Inclusive, saiu na rádio que eu tinha mandado sequestrar o sobrinho do governador Dante de Oliveira (PSDB). Quando a Polícia Militar veio até mim, eu estava em casa. Nunca fiz isso. Nunca respondi processo algum por isso", disse Arcanjo.

 

Sobre a factoring, Arcanjo disse que foi uma ferrada muito grande. "Não foi uma ideia muito boa. Perdi muito dinheiro na factoring e foi uma ferrada muito grande. Eu tive cinco factorings e quebrei com todas", avaliou. 

 

Entre os argumentos, o promotor Vinicius Gahyva disse que o ex-bicheiro é um hipócrita e iria se passar de Arcanjo a Santo. "Daqui a pouco eu vou ter que acreditar em tudo. Ele vai de Anjo para Santo. É uma aula de hipocrisia, isso sim". O advogado de Arcanjo não gostou da afirmação, e pediu que o promotor guardasse as sátiras para si. 

 

Continuando a arguição, o advogado Paulo disse que Arcanjo emprestava dinheiro para Bosaipo, Riva e Silval. "Esses empréstimos eram todos legais, emprestei normal. Tenho notas desses empréstimos. Comigo ninguém foi preso, só eu. Agora eles são investigados. Isso prova que, na época, a implicância era só comigo e ponto", começou. 

 

Voltando a falar em caça-níqueis, Arcanjo disse que se recusou a participar porque não queria se envolver em problemas. "Eu não queria nada do que acontecia em São Paulo ou Rio de Janeiro, que eram brigas e mortes. Não queria isso pra Mato Grosso. Morte não é de meu feitio. No jogo do bicho ninguém morria, no caça-níquel sim", comentou. 

 

Advogado: O senhor tinha motivo para matar Sávio Brandão? 

Arcanjo: Não. Nenhum motivo. 

 

Advogado: O senhor mandou matar dois meninos de Várzea Grande que teriam roubado uma banca do jogo do bicho?

Arcanjo: Não mandei matar ninguém.

 

Advogado: O senhor foi denunciado pela morte de sargento Jesus?

Arcanjo: Não. 

 

Advogado: O senhor conhecia Hércules Agostinho e Célio Alves?

Arcanjo: Não. Nunca tive nenhum tipo de negócio com eles. Nunca os contratei e nunca nada. 

 

Advogado: O senhor tomou conhecimento da violência que se instalou com o caça-níquel em Cuiabá?

Arcanjo: Por isso não queria caça-níquel aqui. 

 

Advogado: Quanto José Riva te devia? 

Arcanjo: R$ 15 milhões. 

 

Advogado: Quem mais te deve? 

Arcanjo: Carlos Bezerra é um deles. Acho que ele e Riva não foram presos porque eram ou são políticos, não sei. 

 

Advogado: Qual a rotina do senhor no presídio? 

Arcanjo: 22 horas trancado e duas no Sol. 

 

Advogado: Vou perguntar pela última vez. O senhor tem alguma coisa haver com a morte do Rivelino Brunini? 

Arcanjo: É um absurdo. Nunca fiz isso. 

 

Após a pergunta, a magistrada Monica Perri suspendeu o júri, que deve voltar amanhã, às 8h, para as defesas orais e réplicas por parte do advogados e do promotor. 

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