Mato Grosso ocupa a sexta colocação entre os estados com maior taxa de pessoas desaparecidas no Brasil em 2024, segundo o novo Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Foram 2.271 registros de desaparecimento no estado ao longo do ano passado — uma taxa de 59,2 pessoas desaparecidas a cada 100 mil habitantes, um leve decréscimo em relação a 2023 quando foram notificados 2.419 casos.
No país, o número total de desaparecimentos chegou a 81.873, um aumento de 4,9% em relação a 2023. É o maior número desde 2018 e representa, na prática, quatro notificações de desaparecimento por hora em todo o território nacional.
Segundo o estudo, o perfil predominante das pessoas desaparecidas é composto por homens (62,8%), adolescentes e jovens (53,5%), negros (54,3%), que somem principalmente entre sextas e domingos — o mesmo perfil das vítimas de homicídios no país.
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública, responsável pela publicação, alerta que parte desses desaparecimentos pode estar relacionada a crimes de execução seguidos da ocultação dos corpos, especialmente em regiões com intensa atuação de facções criminosas como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC). O relatório menciona ainda a existência de cemitérios clandestinos em diversos estados, inclusive em Mato Grosso.
No início deste ano, foram encontrados mais de 10 corpos em um cemitério clandestino em Rondonópolis. Os corpos começaram a ser encontrados em fevereiro deste ano numa área de mata após diligências da Polícia Civil investigar o desaparecimento de Policarpo Pereira Alves, de 38 anos, que, em dezembro de 2024, após ele informar à sua mãe que iria em uma farmácia. Em março deste ano, foram encontradas ossadas humanas na região do bairro Pirineu, em Várzea Grande.
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A análise regional mostra que, entre 2018 e 2024, a região Centro-Oeste teve uma queda de 13,5% nos registros de desaparecimentos. No entanto, estados como Amapá, Sergipe e Bahia apresentaram crescimento expressivo nas taxas, ao mesmo tempo em que reduziram as mortes violentas intencionais. Para os pesquisadores, isso pode indicar uma substituição das execuções visíveis por práticas de ocultação.
“A prática [descartar corpos de pessoas executadas em valas clandestinas] foi incorporada principalmente por facções criminosas e milícias como forma de eliminar rivais sem chamar a atenção do Estado. Se não há corpo, não há crime e tampouco uma investigação”, diz trecho do relatório.
O relatório também aponta uma fragilidade institucional no enfrentamento do problema. Por não ser tipificado automaticamente como crime, o desaparecimento não necessariamente resulta em investigação policial.
O relatório do Fórum de Segurança Pública conclui que o fenômeno do desaparecimento precisa ser entendido como uma expressão grave e silenciosa da violência letal no país, que deixa milhares de famílias sem respostas, justiça ou sequer o direito ao luto.
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