Terça-feira, 04 de Novembro de 2025
facebook001.png instagram001.png twitter001.png youtube001.png whatsapp001.png
dolar R$ 5,36
euro R$ 6,23
libra R$ 6,23

00:00:00

image
facebook001.png instagram001.png twitter001.png youtube001.png whatsapp001.png

00:00:00

image
dolar R$ 5,36
euro R$ 6,23
libra R$ 6,23

Artigos Terça-feira, 04 de Novembro de 2025, 14:10 - A | A

facebook instagram twitter youtube whatsapp

Terça-feira, 04 de Novembro de 2025, 14h:10 - A | A

BENEDITO LIBÂNIO

Flor Ribeirinha em NY leva a cultura popular de MT pelo mundo e nos enche mais de orgulho

BENEDITO LIBÂNIO SOUZA NETO

Segundo a Professora Marilena Chaui, uma das maiores filósofas brasileira, a cultura é a capacidade humana de criar e interpretar símbolos para se relacionar com o mundo, a linguagem e o trabalho sendo elementos centrais. Olhando por essa perspectiva de base acadêmica, podemos entender melhor a importância do trabalho desenvolvido pelo Grupo Flor Ribeirinha, que tem levado de forma brilhante a nossa cultura secular pelo mundo.

A apresentação dessa vez foi na cidade de Nova Iorque, região central de Manhattan, na Times Square, um dos locais de maior significado para economia global. Que orgulho dessa turma maravilhosa do São Gonçalo Beira Rio, que tem na Dona Domingas Leonor da Silva a sua inspiração. Mulher guerreira, que mesmo com tantas adversidades, nunca deixou de acreditar no potencial transformador da cultura em uma sociedade. A resiliência sempre foi sua companheira, e as sementes dos frutos que hoje são colhidos, foram plantadas em belos e acolhedores quintais com muito Amor e Fé.

Recentemente, Dona Domingas foi agraciada pela UFMT com o título de Doutora Honoris Causa, pelo trabalho dedicado à nossa cultura. Com uma sensibilidade aguçada, ela foi pioneira em desenvolver a economia criativa em sua comunidade. Com a arte da cerâmica, ela incentivou as mulheres a terem o seu próprio negócio através de uma produção com base no conhecimento ancestral. Na dança, ela contribui para a valorização do Siriri, uma das nossas manifestações culturais mais expressivas, onde da união da viola de cocho, do ganzá e o mocho dão base a uma cantoria com raízes hispano-lusitano, africana e indígena presente nos nossos tradicionais festejos religiosos.

Trazer a cultura popular para cena do nosso cotidiano não é tarefa fácil, por mais que tenhamos leis que garantem o incentivo à cultura, a realidade nos mostra um retrato bastante caótica. Em nossa cidade os museus tem uma dificuldades gigantescas para se manter, o nosso Centro Histórico precisa ser requalificado urgentemente, os nossos artistas plásticos lutam com muita dificuldade para viver dos seus trabalhos, com a galera do áudio visual, da música, da dança, das artes cênicas e demais não é diferente. Os nossos gestores públicos que constitucionalmente, tem a atribuição de criar e aplicar políticas para o desenvolvimento da nossa cultura, infelizmente pouco fazem para tal.

E nesse processo parece que a cultura popular, definida como manifestação do povo, fica mais fragilizada ainda, diferente da Cultura erudita, POP, que geralmente é apropriada pela classe dominante que retém o poder. Esse comportamento vem desde o período colonial, e nem mesmo a força da Semana de Arte Moderna de 1922, consegui romper na totalidade o costume de valorizar mais o que vem de fora do que as nossas raízes. Parece que a nossa cultura popular precisa ser validada por agentes exteriores para ter valor em nosso próprio território.

Um paradoxo, mas uma das personalidades que mais valorizou a cultura popular no Brasil, não era brasileira. Lina Boa Bardi, sublime arquiteta modernista italiana, que veio para o Brasil depois da Segunda Guerra Mundial, residindo primeiro na Bahia, onde apaixonou pela cultura popular baiana, sendo uma das suas maiores incentivadoras. Caetano Veloso a chamava de Dona Lina, e tinha o maior apreço por ela. Já em São Paulo, junto com seu marido Pietro Maria Bardi, ela projetou e ajudou a construir o Museu de Arte de São Paulo MASP, o SESC Pompeia dois grandes ícones da Arquitetura Moderna Brasileira, que são espaços onde a cultura popular e erudita vivem em constante valorização e harmonia.

A tempo os nossos produtores culturais, artistas e o pessoal da cultura sonham, clamam para que os gestores públicos tenham um novo olhar para nossa cultura, que as experiências bem sucedidas em outras cidades brasileiras possam ser avaliadas e redimensionadas para Cuiabá. Precisamos ter um museu de artes plásticas para salvaguardar nosso belo acervo tão bem catalogado pela Aline Figueiredo, por Serafim Bertolotto e tantos outros. Precisamos cuidar melhor do nosso Centro que retém nosso Patrimônio Histórico. Precisamos estruturar melhor os nossos museus, que contam a nossa história, precisamos de mais teatros, espaços culturais apropriados para música, arte cênica, para o audiovisual e toda forma de expressão artística.

Enfim, que a brilhante trajetória do Grupo Flor Ribeirinha, que nos enche de felicidade e orgulho, traga uma reflexão da importância da nossa cultura popular como identidade, a partir dos nossos símbolos trazidos pelos nossos ancestrais. Que os produtores culturais e artistas locais possam ser mais valorizados, e que o Quintal da Dona Domingas possa florescer em tantos outros quintais da Baixada Cuiabana, trazendo a oportunidade para tantos talentos que retratam tão bem a nossa cultura popular.

Salve o Flor Ribeirinha!!
Salve a Cultura Popular Brasileira!!

(*) BENEDITO LIBÂNIO SOUZA NETO é Arquiteto e Urbanista.

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.

Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.

Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM  e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.

Comente esta notícia

Algo errado nesta matéria ?

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

653027-4009

pautas@hipernoticias.com.br