O ex-comendador João Arcanjo Ribeiro, preso na manhã desta quarta-feira (29), teria pago pensões de sua ex-esposa, Silvia Chirata, e do filho, João Arcanjo Filho, que moram no Uruguai, com dinheiro enviado por meio de casas de câmbio. Esta declaração foi feita por um dos delegados responsáveis pela Operação Mantus, Luiz Henrique Damasceno, da Delegacia Fazendária (Defaz), em coletiva de imprensa.
Alair Ribeiro/MidiaNews
Delegado da Defaz Luiz Henrique Damasceno em coletiva de imprensa
Arcanjo, que passou para o regime semiaberto em fevereiro de 2018, depois de ter ficado preso 15 anos por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, contravenção penal e homicídio, retornou à cadeia sob a acusação de participar de uma organização criminosa que comandava o jogo do bicho em Mato Grosso.
“Para você mandar um dinheiro para fora, é melhor declarar de forma correta, para não levantar suspeitas e foi o que ele [Arcanjo] fez. As remessas para o exterior que nós conseguimos identificar, de 500 mil reais, foram remetidas para o Uruguai, e os destinatários identificados como Sílvia Chirata e João Arcanjo Filho. Esta remessa foi devidamente declarada", informou o delegado da Defaz.
Segundo o delegado, o que Arcanjo não esperava é que justamente os comprovantes destas remessas foram encontrados na Central do Jogo de Bicho, vinculando, assim, quem fez a remessa com o jogo de bicho. "Se não fosse essa vinculação era uma remessa dentro dos padrões normais”, acrescentou o delegado Damasceno.
Luiz Henrique Damasceno disse também que o foco não são os cambistas, pois eles não integrariam a organização criminosa. Na operação, foram expedidos 63 mandados judiciais, sendo 33 de prisão preventiva e 30 de buscas e apreensão.
Na ação da Polícia Civil, foram presos Giovanii Zem, genro de Arcanjo, e Frederico Müller Coutinho, apontado como chefe de uma organização criminosa concorrente a de Arcanjo. Giovanni, segundo os policias, saiu hoje de Cuiabá as 1h50. A prisão não foi feita para evitar vazamento. A Polícia Federal foi avisada e uma equipe comandada por um delegado prendeu o genro de Arcanjo dentro da aeronave no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. No carro de Giovanni, deixado no estacionamento do Aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande, a polícia encontrou uma quantia em dinheiro.
Ainda sobre a participação do ex-comendador no esquema, o delegado apontou: “Tem a situação de um recibo, encontrado com um dos bicheiros flagranteados com máquinas para fazer o jogo. O endereço de entrega do dinheiro apontado é o estacionamento onde o Arcanjo trabalha. Conforme informação extraída do Whatsapp, com local e o momento exato que ele entrega o dinheiro. Você tem o cara entregando o dinheiro, encaminhando o recibo, tudo no mesmo lugar, com hora e local onde o Arcanjo está”.
Operação Mantus
Os mandados judiciais da operação foram expedidos pelo juiz da 7ª Vara Criminal da Comarca de Cuiabá, Jorge Luiz Tadeu.
As ordens judiciais são cumpridas em Cuiabá, Várzea Grande e em mais 5 cidades do interior do Estado. Um dos alvos foi preso no aeroporto de Guarulhos com apoio da Polícia Federal.
De acordo com a nota, a PJC escolheu o nome de Mantus da mitologia etrusca, onde Manto (em latim: Mantus) é o Deus do mundo dos mortos no vale do Rio Pó. Manto também é conhecido como o Deus do azar, onde chamava atenção de suas vítimas através de jogos, roubando assim suas almas.
Leia mais sobre o caso abaixo:
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