O primeiro integrante da delegação brasileira da Flotilha Sumud detido por Israel foi deportado neste sábado (4). Nicolas Calabrese, professor de Educação Física e educador popular da Rede Emancipa, no Rio de Janeiro, deixou o país rumo à Turquia, em voo custeado pelo consulado italiano.
Calabrese vive no Brasil há mais de dez anos e possui cidadania argentina e italiana. Ele foi um dos 14 brasileiros presos após a interceptação da flotilha em águas internacionais, na última quarta-feira (1º), pela Marinha israelense.
O grupo fazia parte de uma missão humanitária com quase 500 ativistas de mais de 30 países, que tentava levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza e foi interceptado em águas internacionais..
Além de Calabrese, o governo israelense confirmou neste sábado a deportação de outros 137 ativistas, de nacionalidades como Estados Unidos, Itália, Reino Unido, Suíça, Jordânia, Argélia, Turquia, Tunísia e Emirados Árabes Unidos.
Em nota, a organização da Flotilha Sumud denunciou que as audiências estão sendo realizadas sem aviso prévio aos advogados ou às embaixadas.
Segundo Lara Souza, da coordenação brasileira da missão — e esposa do ativista Thiago Ávila, também detido —, a decisão de deportar estrangeiros “sem qualquer notificação oficial” representa “mais uma violação de direitos por parte de Israel”.
“O Thiago, junto com quase 500 ativistas, foi interceptado ilegalmente em águas internacionais enquanto tentava levar ajuda humanitária para Gaza”, afirmou Lara. (Assista ao final).
A coordenadora disse ainda que quatro brasileiros já assinaram documentos de deportação, mas não há informações sobre voos ou destinos. “Nem sequer foi garantido se eles serão deportados para o Brasil ou colocados em um voo para qualquer outro lugar”, relatou.
A organização afirma que 200 participantes foram julgados sem assistência jurídica ou consular, já que representantes foram impedidos de entrar no Porto de Ashdod, onde os ativistas estavam detidos.
Segundo comunicado, advogados receberam denúncias de maus-tratos, falta de comida e de acesso à água potável. Medicamentos também estariam sendo retidos pelas autoridades israelenses.
“É preciso denunciar todas as violações e os crimes que o governo israelense comete contra os participantes da Flotilha. Israel não respeita nenhum outro país e precisa urgentemente ser contido”, disse Lara Souza.
O governo brasileiro apresentou, nesta sexta-feira (3), uma denúncia formal contra Israel no Conselho de Direitos Humanos da ONU, condenando a interceptação da flotilha humanitária.
A iniciativa, liderada pelo Ministério das Relações Exteriores, já conta com o apoio de cerca de 70 países, entre eles África do Sul, Chile, China e Colômbia.
De acordo com Lara Souza, o Itamaraty acompanha o caso desde o início, mantendo contato com familiares e advogados. O consulado brasileiro em Israel só conseguiu visitar os detidos no segundo dia, em um encontro de cerca de oito horas e meia.
Apesar do acompanhamento, o acesso do governo brasileiro tem sido limitado. Segundo Lara, advogados informaram que as audiências continuaram ocorrendo mesmo após Israel alegar que o feriado do Shabat impediria atividades.
“O Itamaraty não está recebendo informações do governo de Israel. Eles dizem que nada acontece por causa do feriado, mas as audiências seguem normalmente. O acesso da embaixada tem sido negado”, denunciou.
Contexto
A Flotilha Global Sumud zarpou no mês passado com políticos e ativistas internacionais a bordo de dezenas de barcos, levando suprimentos a Gaza — território bloqueado por Israel desde 2007. Tel Aviv acusa o grupo de ser apoiado pelo Hamas e afirma que não permitirá a entrada de navios sem inspeção de segurança.
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