Dias antes do assassinato de sua filha, Heloysa Maria de Alencastro Souza, de 16 anos, Suellen Alencastro ameaçou denunciar o então companheiro, Benedito Anunciação de Santana, por comportamento abusivo ao secretário-adjunto de Administração Sistêmica da Seciteci, Anderson Rodrigo.
A declaração foi feita na entrevista ao programa SBT Comunidade, exibida nesta segunda-feira (12). Suellen descreveu que a ameaça foi um ato de desespero e raiva, motivado pela constante violência que sofria.
A discussão decisiva aconteceu no fim de semana de 19 e 20 de abril, anterior à semana do crime. Cansada da situação, Suellen confrontou Benedito. "Falei para ele, por conta desse comportamento, do que você faz. Vou entregar você para o secretário. Você não vai mais me calar", relatou Suellen.
Questionada sobre a reação de Benedito Anunciação após a ameaça, Suellen indicou que não houve uma mudança consistente no comportamento abusivo, mas descreveu um padrão de instabilidade emocional. "Tinha hora [que] ele queria manter uma postura de macho. Agressivo, violento. E aí quando eu mantinha uma postura pra ficar mais altiva que ele, aí ele abaixava e se fragilizava", explicou Suellen, descrevendo como o ex-namorado oscilava entre a agressividade e a vulnerabilidade quando confrontado.
Ela também mencionou que Benedito percebeu seu crescente distanciamento e desprezo. "Eu comecei a desprezar ele", admitiu. Suellen contou que, após um incidente durante uma viagem a uma chácara naquele fim de semana, Benedito chegou a pedir desculpas às outras pessoas presentes.
Ao retornarem da viagem na segunda-feira (21), véspera do desaparecimento de Heloysa, Suellen recordou que Benedito passou a noite chorando. Ela classificou esse choro como um comportamento recorrente, que geralmente se seguia a episódios em que ele praticava algum tipo de violência contra ela.
MORTE HELOYSA
Benedito Anunciação de Santana, 40 anos, que atuava como servidor público na Secitec, e seu filho Gustavo Benedito Junior Lara de Santana, 18 anos, são réus no processo pela morte de Heloysa. Eles foram indiciados pela Polícia Civil pelos crimes de feminicídio, roubo majorado (com aumento de pena), extorsão majorada, lesão corporal no âmbito doméstico e ocultação de cadáver.
Dois adolescentes, de 16 e 17 anos, também foram apreendidos por participação no crime. Conforme laudo da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec), Heloysa foi vítima de asfixia mecânica, sendo enforcada com um cabo USB e seu corpo mostrava sinais de luta, com múltiplas escoriações e roupas rasgadas.
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