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Brasil Sexta-feira, 16 de Maio de 2025, 15:45 - A | A

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Sexta-feira, 16 de Maio de 2025, 15h:45 - A | A

Como uma tartaruga marcada em Ubatuba reapareceu 24 anos depois em Fernando de Noronha

CONTEÚDO ESTADÃO
da Redação

Uma tartaruga-verde registrada em 2001 por pesquisadores em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, foi encontrada em abril deste ano em Fernando de Noronha, no litoral de Pernambuco. Durante 24 anos, a jovem tartaruga se tornou adulta e mais do que dobrou de tamanho. É a primeira vez que uma tartaruga-verde jovem cadastrada é encontrada adulta em outra região do País, segundo o Projeto Tamar, de conservação da espécie.

Ubatuba fica a mais de 2,5 mil km de Fernando de Noronha, em linha reta. Uma distância que não é nenhum empecilho para a tartaruga marinha, um ser nadador por excelência. O que chamou a atenção dos pesquisadores é o tempo de 24 anos decorrido entre um achado e outro e o fato de a tartaruga-verde ter se tornado um espécime adulto com plena capacidade de reprodução. Ela foi encontrada na Praia da Quixabinha, ponto de desova das tartarugas no arquipélago.

A tartaruga-verde foi encontrada 24 anos depois, desovando em uma praia de Fernando de Noronha. Ela foi reconhecida pelas plaquinhas colocadas em Ubatuba, em 2001.

A tartaruga-verde foi registrada em janeiro de 2001, quando pescadores a encontraram na Praia do Camburi, em Ubatuba. O animal estava preso em uma rede de cerco flutuante, que é uma armadilha de pesca tradicional na região. Os agentes do Tamar foram até o local e resgataram o quelônio, que pesou 13 quilos e a carapaça mediu 49 centímetros. A tartaruga recebeu duas marcas metálicas nas nadadeiras e foi devolvida ao mar.

Passados 24 anos, a mesma tartaruga foi encontrada, no dia 10 de abril último, desta vez pondo ovos, na praia de Fernando de Noronha. O local é conhecido como uma das principais áreas de desova e alimentação de tartarugas do Brasil. O animal estava com mais que o dobro do tamanho, medindo 103 centímetros de carapaça - nas áreas de desova, os pesquisadores não pesam a tartaruga. Após a conferência das placas, a tartaruga foi devolvida ao mar.

Ela tem muita vida pela frente: as tartarugas-verdes vivem até 80 anos ou mais. "Apesar de ser uma surpresa, era um resultado que esperávamos que acontecesse em algum momento. Quando colocamos as marcas, esperamos ter notícias do reencontro da tartaruga em algum outro momento, em algum outro local. E como já fazemos isso aqui em Ubatuba desde 1991, estávamos esperando que algum dia uma tartaruga aparecesse em áreas de desova. E finalmente aconteceu", comemorou Henrique Becker, coordenador de Pesquisa e Conservação do Tamar em Ubatuba.

O projeto Tamar já registrou outros reencontros com tartarugas-verdes com marcas. Uma delas, marcada em 2010 na Praia do Forte, no litoral norte da Bahia, também foi identificada em Fernando de Noronha, no ano passado. Outras viajaram ainda mais, segundo Becker: três saíram de Ubatuba e foram encontradas no Uruguai e duas foram parar na Nicarágua, na América Central. Nenhuma delas tinha chegado à idade adulta.

Segundo o pesquisador, a tartaruga-verde (Chelonia mydas) leva até 30 anos para atingir a idade reprodutiva. Cada fêmea retorna quatro ou cinco vezes para desovar na mesma temporada, em intervalos de 14 ou 15 dias. A tartaruga marcada foi avistada duas vezes em Noronha.

Estudos de genética realizados no final dos anos 90 mostraram que as tartarugas da espécie encontradas em Ubatuba compõem um chamado "estoque misto", reunindo tartarugas jovens de várias origens no Atlântico. A maioria delas nasce na ilha britânica de Ascension, a meio caminho entre o Brasil e a África, e chega ao litoral brasileiro. Outras provêm de áreas de desova da costa brasileira, como a Ilha de Trindade (ES), Atol da Rocas (RN) e Fernando de Noronha, e ainda do Suriname, Venezuela e Caribe.

Segundo o pesquisador, o registro da tartaruga desovando em Noronha facilita a compreensão sobre as migrações e os vínculos entre as diferentes áreas costeiras do Brasil. "Até o momento, isto ficava na probabilidade. Agora, conseguimos confirmar uma destas áreas com o retorno da tartaruga em Noronha. É como comprovar na prática o que já sabíamos com a teoria", diz Becker. Por coincidência, foi ele quem instalou as placas na tartaruga há 24 anos.

O reencontro serviu também para atestar a durabilidade das marcas de aço inox utilizadas para a marcação, informação significativa para a pesquisa científica, ratificando a validade desta metodologia em pesquisas de longo prazo. "Para avançar os estudos sobre estes animais incríveis e longevos, de ciclo de vida complexo, desenvolvido em diferentes zonas dos oceanos, são necessárias pesquisas de longa duração, com a padronização da metodologia de coleta de dados e o compartilhamento das infornações", diz.

Surgido nos anos de 1980, o projeto Tamar atua pela preservação de tartarugas marinhas ao longo da costa brasileira. Com a colaboração de pescadores e comunidades litorâneas, o projeto evitou matanças, protegeu ovos, filhotes e, desde 1991, devolveu ao mar cerca de 12 mil tartarugas. O projeto atua sobretudo protegendo as áreas de desova, onde a tartaruga sai do mar e se arrasta pela areia, usando as nadadeiras para cavar um ninho e depositar ovos. É quando se tornam muito vulneráveis aos predadores.

Atualmente, o turismo de observação de tartarugas marinhas também tem ajudado a conservar a espécie. Aliado ao mergulho, o turismo de observação de espécies marinhas cresceu nos últimos anos. Erivaldo Alves da Silva, o Nego Noronha, que é surfista e mergulhador nativo de Fernando de Noronha, se acostumou a fazer registros de tartarugas. "São animais bonitos, lentos fora da água, mas com grande habilidade quando estão nadando", disse. A observação acontece também em Florianópolis, Praia do Forte. No litoral de São Paulo, além de Ubatuba, a observação acontece também em Ilhabela.

(Com Agência Estado)

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