Fugir da cidade, escapar da rotina estressante, renunciar à modernidade e recolher-se ao silêncio de uma casa no campo — na esperança de reencontrar a paz perdida — parece, à primeira vista, um gesto de sabedoria. A aproximação com a natureza, o sossego da mata, o canto dos pássaros e o murmúrio dos rios surgem como promessas de serenidade. Mas, com o passar dos dias, percebemos com clareza: o lugar que buscamos para preencher o vazio que nos habita... simplesmente não existe.
Mesmo que se conquiste um pedaço de terra no interior, uma ilha distante ou um refúgio paradisíaco, levaremos conosco a incansável busca por algo que verdadeiramente nos complete. Em meio ao silêncio e à solidão, as belezas naturais — as árvores, as águas límpidas, os animais e as cores do céu — tornam-se, aos poucos, insuficientes. A alma, sedenta de amor, de vínculos, de significados, clama por algo maior, mágico, divino... surpreendente.
Na reinvenção da vida longe dos centros urbanos, logo aprendemos que não se foge do mundo — pois ele nos habita. O tempo nos desperta para uma nova consciência, revelando que há um pequeno universo ao nosso redor, sinalizando a linguagem da existência. E, nesse despertar, compreendemos que a solidão não é cura para as dores do espírito — apenas mais uma tentativa, muitas vezes frustrada, de escaparmos de nós mesmos.
Importa reconhecer que, para onde quer que fujamos, levaremos conosco os conflitos não resolvidos, os medos ocultos, as inseguranças enraizadas. Eles continuam a sussurrar dentro de nós, criando cenários e idealizando futuros. Sonhos antigos, esquecidos nas gavetas do tempo, ressurgem com força. E nossa mente, em eterna sintonia com o que nos dá sentido, insiste em buscar aquilo que preenche verdadeiramente a alma.
Ao optarmos pelo isolamento, renunciando à convivência social, precisamos estar conscientes da dor que a solidão carrega. Pois, nesse caminho solitário em busca de uma felicidade íntima, podemos perder pessoas e momentos que amamos. A solidão, muitas vezes, é a face mais aguda do egoísmo.
A vida, afinal, é feita de ciclos — de partidas e chegadas, de ganhos e perdas. É preciso aprender a jogar, a cair e a reerguer-se. E é o coração, com sua nobreza e resiliência, quem nos ensinará a suportar as derrotas e a valorizar as vitórias.
O essencial é jamais desistir dos nossos sonhos. Que possamos nos reprogramar a cada queda, utilizando — mesmo que desgastadas — as ferramentas emocionais que possuímos. Porque a verdadeira felicidade nasce do amor vivido em sua plenitude, junto àqueles que caminham conosco e que, com afeto e presença, tornam possível cada conquista.
(*) WILSON CARLOS FUÁH é Especialista em Recursos Humanos e pesquisador das Relações Sociais e Políticas, Graduado em Ciências e Econômicas.
Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.