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Artigos Quinta-feira, 15 de Maio de 2025, 15:15 - A | A

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Quinta-feira, 15 de Maio de 2025, 15h:15 - A | A

GIULIANO SALVARANI

F*da-se a Virgínia

Você precisa sair da CPI das Bets entendendo sobre performance (na) política

GIULIANO SALVARANI

A maior parte das análises da comunicação política no último dia 13 de fevereiro girou em torno das roupas e do posicionamento digital da Virgínia e de alguns senadores. Mas nosso enquadramento será diferente.

Afinal, o que se espera da política? Como entender o que aconteceu ontem do ponto de vista da comunicação social?

A professora Issaaf Karhawi no seu livro “De blogueira a influenciadora” (2022) avalia como as blogueiras de moda se readaptaram à arquitetura algorítmica das redes sociais e mudaram o seu modelo de negócios da estrutura digital do blog para plataformas como Instagram e TikTok. Nesse sentido, Virgínia talvez seja o maior fenômeno brasileiro desse ecossistema.

A questão não é só dizer como a Virgínia foi maravilhosa, escolheu suas roupas milimetricamente ou como senadores ganharam seguidores usando da CPI das Bets como picadeiro ou a partir do awareness da depoente. É dar um passo atrás e entender qual é o espaço da política no contexto da sociabilidade digital.

A política deixou de ser só uma arena onde um gladiador duela retoricamente com (ou supostamente contra) o outro. Também deixou de ser só um “espaço” abstrato de trocas simbólicas. As redes sociais não mudaram só a política, mudaram a forma como as pessoas se sociabilizam e reagem afetivamente aos estímulos digitais.

Afinal, alguém tinha alguma dúvida que a presença da Virgínia na CPI iria performar nas redes sociais de forma significativa?

Em outros lugares do mundo, políticos trucidaram personalidades muito mais relevantes que Virgínia. Mark Zuckemberg ou os CEOs da Mastercard e do Tiktok foram “lacrados” em audiências públicas nos EUA, inclusive com perdas significativas nas ações suas empresas. Mas então, o problema é de quem?

Utilizando como referência o livro da Professora Karhawi, podemos dizer que nossos políticos não deixaram de ser “blogueiros”. Isto é, estão ultrapassados no seu tempo histórico, na forma de se comunicar publicamente e na linguagem da performance política na era das Redes Sociais. Isso porque a política se tornou também digital porque as pessoas mudaram a forma com que se relacionam com a política.

Mas isso não quer dizer que a política precisa ser rebaixada.

Seguidor é mais importante que voto? Óbvio que não. Mas será que os políticos sabem disso? A questão a ser tratada é que o político sério não pode aderir a espetacularização e ou a banalização da política, como muitos profissionais de marketing político fazem hoje em dia para ganhar curtidas ou só surfar na onda.

No episódio dessa semana, destaca-se que nenhum político teve a coragem de pisar fora da linha ou sequer enfrentar com altivez e indignação uma influencer de 20 anos. Deve-se isso a um suposto medo dos políticos e também ao despreparo das assessorias de comunicação, que não aproveitaram nem a pauta e nem o hype.

Nessa semana o Senado Federal se apequenou diante da maior influenciadora do nosso tempo.

No limite, as coisas têm o tamanho que nós damos pra elas. E nessa semana o Senado Federal se apequenou diante da maior influenciadora do nosso tempo. Nenhum senador foi capaz de ir lá e mostrar indignação ou altivez sobre os (supostos) crimes. Só foram os confusos, os ignorantes e os amedrontados. Ou não entenderam o tamanho do problema, ou convocaram a influenciadora no impulso, ou se amedrontaram. Ou os três.

E aqui não queremos dizer sobre o conteúdo das suas respostas ou sobre os (supostos) crimes cometidos por ela ao divulgar jogos de azar, condenando e influenciando milhões de brasileiros ao vício e à perda das suas finanças. É dizer que, independente do que Virgínia fizesse ontem, isso iria ter repercussões múltiplas nas redes sociais, principalmente com quem interagisse com ela. E isso porque os algoritmos estão criados e colocados pelas plataformas para que isso acontecesse.

O foco aqui é que a política deixa de ser somente um “local” ou uma “arena”, mas sim o "contexto” onde a performance digital se encaixa. E aí independente se é o Senador Cleitinho pedindo uma selfie, um outro senador semianalfabeto gaguejando em plenário ou a Senadora Soraya perdida ou a influenciadora de camiseta e óculos. Quem for disputar as eleições ou tentar entrar na política, precisa entender que a política hoje em dia é sobretudo digital.

É muito mais do que disputa pela atenção. Isso empobrece, emburrece e ridiculariza a política.

A estupidez e inadequação dos nossos senadores no episódio da CPI das Bets foi um sintoma disso. Deveria ter fila e porrada pra quem fosse lacrar pra cima de uma influenciadora como a Virgínia. Nosso legislativo é amador e precisa ser trocado com urgência, sob o risco de Virginias da vida submeterem a política à palhaçada e aos crimes virtuais.

(*) GIULIANO SALVARANI é CEO da Baila Politics, agência de marketing político sediada em São Paulo e Brasília, e Professor da ESPM.

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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