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Colunistas Terça-feira, 30 de Maio de 2017, 15:30 - A | A

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Terça-feira, 30 de Maio de 2017, 15h:30 - A | A

Será que estamos preparados?

PETU ALBUQUERQUE

Michely_Figueiredo

 

Desde muito pequena sempre escutei que a única certeza que temos nessa vida é que ela acaba. Pelo menos aqui no plano terreno. Mesmo assim, lidar com a perda ainda é uma das tarefas mais difíceis para o ser humano. Faço essa ponderação tomando a mim como exemplo. Não é fácil nos separarmos daqueles que amamos. Embora creia que há muito além dessa convivência terrena e que, hora ou outra, nos reencontraremos, tem dias que a saudade daqueles que se foram aperta de um jeito que o coração chega a se contorcer no peito.

E essa dor aflora a cada vez que vivemos uma separação ou nos deparamos com a iminência dela. Comecei a semana, por exemplo, com a notícia de que meu avô está hospitalizado, vítima de um acidente vascular cerebral. Ele já está bastante debilitado e o risco de nos deixar é grande. É nessa situação que a gente para e faz um balanço de tudo que já vivemos ao lado daquela pessoa. Meu avô, sempre muito durão com os filhos, me tratou toda a vida de forma amorosa e compreensiva. Dividia todas as suas histórias de vida e, nos mínimos detalhes, relatava as dificuldades que enfrentou ao deixar o Nordeste e tentar a vida em São Paulo, aportando, por último, em Mato Grosso, onde deve terminar os seus dias. Exemplo de retidão, persistência e garra. Exemplo de que, quando queremos algo, se a dedicação estiver presente, é possível sim alcançar um sonho.

Este é meu avô paterno, com quem convivo desde nascida. Embora hoje more longe, sempre que regresso à cidade de origem vou ao seu encontro dar “um cheiro” no meu querido protetor, que não economizou ao comprar brigas com o meu pai quando considerava que este se excedia na forma de reprimir meus atos.

Estar com meu avô na Unidade de Terapia Intensiva me fez pensar em outra perda, não tão recente, mas que me marcou muito há três anos. Em 2014, quando trabalhava numa tarde qualquer, recebi a ligação de uma amiga que me comunicava do falecimento de Jonathas Santos. Ele estava com 28 anos. Conheci Jonathas pelas redes sociais. Foi assim que nos aproximamos ainda em 2012 e não nos desgrudamos mais. Foi um reencontro de almas, que já caminham juntas há várias existências.

Apoiamo-nos nos momentos difíceis, tocamos violão embalados por algumas garrafas de ice, choramos um no ombro do outro, sorrimos com as vitórias de cada um, também não economizamos nos puxões de orelha quando necessários... Criticamos as burradas amorosas, tiramos sarro daquele mico homérico e mesmo à distância de 200 quilômetros, nos fizemos presentes. E vale ressaltar que todas as conversas presenciais eram regadas de litros e mais litros de tereré, discutindo sempre que possível a oportunidade de assistir junto a um show do Lenine. Com Jonathas pude entender o significado real da palavra amizade entre sexos opostos.

Pouco antes de Jonathas falecer, pediu para que nos encontrássemos. Na correria cotidiana, sempre dizia que logo, logo nos veríamos. No entanto, ele adoeceu e foi hospitalizado. Mesmo assim, adiei a ida ao seu encontro para o final de semana. Assim que tivesse folga no trabalho iria visitá-lo. Contudo, ele se foi antes que eu pudesse me despedir. Isso fez brotar em meu peito um sentimento de culpa tão grande, quase impossível de suportar. O meu companheiro de todas as horas se foi e eu não pude ao menos segurar a sua mão mais uma vez ou lhe dizer que descansasse, pois estava tudo bem. Chorei e ainda choro hoje ao lembrar-me disso, mas não com a dor que carreguei comigo de forma latente até o início deste ano, quando pude perceber que o adeus era passageiro. Que sempre estivemos juntos e sempre vamos estar. Que ele se faz entre nós e sua presença pode ser sentida.

A intenção deste texto é chamar atenção para o que realmente importa nesta vida. A convivência com aqueles que amamos, o ato de se doar e também de saber receber o que lhe é entregue pelo universo. Trabalho, status são rótulos e cascas que nos tiram do verdadeiro foco da nossa existência, que é o sentir. Pare um pouquinho e reflita sobre como está tocando a sua vida. No final, se sentirá grato ou a culpa tomará conta dos seus pensamentos? Ainda há tempo para se reorganizar e priorizar o que é realmente prioridade.  

 

Petu Albuquerque é uma mulher balzaquiana, observadora da vida, aspirante à psicoterapeuta reencarnacionista e que tem fé na mudança.

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