Faltando quatro dias para a entrada em vigor da taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, os impactos já atingem em cheio as exportações de carne bovina de Mato Grosso, que registraram queda de 72,8% no segundo trimestre. Apesar do baque, o estado mantém o foco na diversificação de mercados, especialmente com a Ásia e o Oriente Médio, para driblar os efeitos da medida protecionista.
O dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) mostram que as vendas de carne bovina de Mato Grosso para os EUA despencaram 72,8% entre abril e junho deste ano, passando de US$ 27,2 milhões para apenas US$ 7,4 milhões. No mesmo período, a retração nas exportações brasileiras como um todo foi de 67%, refletindo o clima de incerteza e retração no comércio com o país norte-americano.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Frigoríficos de Mato Grosso (Sindifrigo), Paulo Bellicanta, explica que os efeitos da medida se anteciparam à sua efetivação, marcada para 1º de agosto, e que o setor sofre com a interrupção de contratos e o adiamento de embarques. “O impacto foi imediato. Há muitas especulações, mas nada concreto. Da mesma forma que indústria recua, os compradores também. E o mercado para”, completou.
Apesar das perdas com o mercado americano, Mato Grosso tem uma baixa dependência das compras dos EUA, apenas 7,2% das exportações de carne bovina do estado têm esse destino, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA). A principal cliente da carne mato-grossense é a China, com 49% das remessas, seguida de Chile, Rússia e Egito.
A diversificação dos mercados tem sido um dos trunfos do estado para minimizar o impacto da política protecionista norte-americana.
Conforme o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, César Miranda, a estratégia do Governo de Mato Grosso tem sido ampliar relações comerciais com a Ásia e o Oriente Médio, reduzir a dependência de parceiros tradicionais e investir em qualidade e sustentabilidade. “Mato Grosso é um exemplo para o mundo. Nossa posição de destaque no comércio exterior se deve à capacidade de diversificar mercados e à competitividade dos nossos produtos. Em momentos de crise, o produtor mato-grossense sempre encontra um caminho”, afirmou Miranda.
Reflexo desse esforço é que, em 2025, apenas 1,5% das exportações do estado foram destinadas aos Estados Unidos, o segundo menor índice do país, atrás apenas de Roraima. No primeiro semestre, Mato Grosso exportou US$ 14,69 bilhões para 147 países, com destaque para China, Turquia, Espanha, Vietnã e Tailândia.
Ainda assim, a tensão no mercado internacional provocou queda nos preços do boi gordo no estado. De acordo com o IMEA, o valor da arroba caiu 2,61% na comparação semanal, atingindo R$ 296,31. A retração é explicada tanto pelas incertezas com os EUA quanto pela alta oferta de gado no país, que pressiona os preços mesmo diante de limitações externas.
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