Entre os documentos apresentados em seu depoimento nesta quinta-feira (23), o ex-deputado José Riva apresentou à juíza Selma Rosane de Arruda, da Sétima Vara Criminal, oito folhas de papel pautado que discriminam os valores desviados pelo esquema investigado na Operação Ventriloquo e sua distribuição.
Wellington Sabino / Gazeta Digital
De acordo com a planilha, R$ 5,2 milhões foram divididos entre Joaquim Fábio Mielli, advogado do banco HSBC e delator do esquema, e o advogado Julio Cezar Domingues, que receberam R$ 4,07 milhões e R$ 342 mil, respectivamente. Dessa parte ainda falta identificar cerca de R$ 797 mil, que o ex-parlamentar diz ainda não saber a destinação.
Outros R$ 4,2 milhões teriam sido distribuiídos entre os deputados, mas Riva diz saber o destino apenas de R$ 3 milhões. Os valores estão discriminados por parlamentar.
Conforme as anotações de Riva, o deputado Romoaldo Junior (PMDB) foi o maior beneficiado com o esquema, recebendo R$ 1,1 milhão. Em segundo lugar aparece o deputado Mauro Savi (PR), com R$ 916 mil. O próprio Riva, apontado pelo Ministério Público Estadual (MPE) como o líder do esquema, teria recebido R$ 806 mil.
Reprodução
Outros três deputados aparecem relacionados a valores menores. Gilmar Fabris (PSD) aparece relacionado a uma anotação de R$ 95 mil. O atual presidente da Mesa Diretora, Guilherme Maluf (PSDB), teria recebido R$ 50 mil. A ex-deputada Luciane Bezerra (PSB) também é citada, ligada a uma transação de R$ 50 mil.
Riva explicou ainda que falta identificar a destinação de R$ 2,2 milhões do total desviado “É difícil fornecer 100% das informações porque eu não fiz tudo", disse o parlamentar, que forneceu números de vários cheques que ainda precisam ser microfilmados.
Questionado sobre o método de identificação do valor correspondente a cada membro do esquema, Riva afirmou que conseguir distinguir os cheques pelo nome das empresas às quais foram destinados e pela assinatura dos assessores.
Conforme explicou Riva, as anotações feitas em azul na lista correspondem aos cheques que ele conseguiu identificar a quem correspondia. Os demais ainda precisam de análise mais minuciosa para descobrir a quem pertencem. O ex-parlamentar disse ainda que precisa esclarecer outros 18 cheques de R$ 50 mil que o Banco Safra não encaminhou.
A juíza Selma insistiu em saber se o ex-deputado só recebeu R$ 800 mil, ao que ele respondeu que precisa das microfilmagens para poder dizer com exatidão, admitindo ainda a possibilidade de ter recebido valores além destes. "Cada um ia pegando conforme sua necessidade", explicou.
Segundo Riva, o dinheiro que recebeu foi utilizado para sanar pendências deixadas no seu mandato na presidência da Casa de Leis.
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