O Núcleo Criminal da Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso, em Juína (746 km de Cuiabá), proporcionou a uma mãe o reencontro com o filho que não via há três anos. Ana Claudia Garcia, moradora de Sorriso, percorreu 568 km até descobrir que o rapaz estava detido no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Juína.
O encontro aconteceu na última sexta-feira (12), durante atendimentos realizados pelo defensor público Caio Eduardo Felício Castro no CDP. Segundo ele, por volta das 11h, um servidor do presídio pediu ajuda para atender uma mulher que chorava em frente ao local. “Mesmo com essa informação de que ela deveria fazer um cadastro prévio, ela continuou insistindo que queria ver o filho, ou pelo menos tocar na mão do rapaz que ela não via há três anos. Nessa hora fizemos um requerimento de autorização de Visita Assistida e nos foi concedido uma visita de cinco minutos. Com isso ela pode ver o filho, eles puderam se abraçar e conversar depois de três anos longe um do outro”, relatou o defensor.
A trajetória de Ana Claudia foi marcada por obstáculos. Após saber que o filho havia sido preso por roubo e furto, ela não teve acesso às informações sobre onde ele cumpria pena. Em Sorriso, foi informada de que o rapaz estaria em Juara e viajou 375 km de ônibus até o fórum da cidade. Lá, descobriu que o filho, na verdade, estava em Juína. Para chegar rapidamente até o município, contratou um táxi por R$ 600 e percorreu mais 193 km até o CDP.
No local, os policiais penais explicaram que a visita não poderia acontecer sem cadastro prévio. Com a mediação da Defensoria, a visita assistida foi autorizada e mãe e filho puderam se reencontrar. No mesmo dia, a Defensoria solicitou a transferência do preso para o centro de detenção de Sorriso, a fim de aproximá-lo da família, além de requerer a possibilidade de visitas online enquanto ele permanecer em Juína.
O defensor Caio Eduardo destacou o impacto do caso em sua trajetória profissional. “Durante esse final de semana eu tirei um tempo pra pensar neste caso. Eu fui empossado defensor público em julho deste ano e Juína é a primeira comarca que atuo pela Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso. Na área criminal, nós temos o costume de atuar na defesa do acusado, é algo mais técnico. Quando eu vi a cena daquela mãe chorando desesperada, eu podia ter falado para ela: ‘não posso te atender, vou entrar no horário de almoço’. Mas eu precisava ajuda-la. A administração do CDP foi muito solícita em ouvir a nossa demanda e autorizou a Visita Assistida, mesmo que por cinco minutos”, comemorou.
Emocionada, Ana Claudia agradeceu pelo apoio. “Eu fui muito bem recebida pela Defensoria Pública. Fazia muito tempo que não via meu filho e hoje eu vi”, disse.
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