O primeiro trimestre costuma ser de menor ímpeto no setor bancário devido ao caixa mais curto de empresas e de famílias. E isso se refletiu nas operações de crédito. O saldo da carteira de empréstimos do banco recuou 0,1% entre dezembro e março, para R$ 682,2 bilhões.
A inadimplência medida pelos atrasos superiores a 90 dias fechou março em 3,3%, ligeiramente acima do patamar de 3,2% de um ano antes. Já a chamada inadimplência antecedente, que mede os atrasos entre 15 e 90 dias, subiram de 3,7% para 4,1% no mesmo período.
As ações do Santander chegaram a cair 3,2% nesta quarta, 30, na Bolsa brasileira, B3, mas recuperaram o fôlego e fecharam o dia com alta de 3,94%. A virada reflete a recepção mista do primeiro balanço trimestral do banco no ano, em que os fatores positivos se sobressaíram, na avaliação dos analistas.
O terceiro maior banco privado do País fechou o primeiro trimestre com rentabilidade (retorno sobre o patrimônio líquido, ROE, na sigla em inglês) de 17,4%, 3,3 pontos porcentuais acima do patamar de março de 2024, e 0,2 ponto menor que o de dezembro.
Recuperação
"2024 foi um ano de uma recuperação grande de lucro e rentabilidade, então é improvável que o delta do lucro neste ano seja da mesma magnitude", disse Mário Leão, o presidente do Santander.
Segundo o executivo, os números do balanço mostram que o banco está no rumo certo para voltar a apresentar 20% de rentabilidade no médio prazo.
O Santander tem buscado ampliar o relacionamento com os clientes, para extrair uma rentabilidade maior da base e reduzir o risco de inadimplência. Em carteiras como as de alta renda, pequenas e médias empresas e atacado (grande empresas), a rentabilidade (ROE) já está acima dos 20%.
"O varejo massificado é onde a gente puxa essa média para os 17,4%. A gente tem nas novas safras do varejo massificado um ROE acima de 20%, obviamente prospectivo", disse Leão na teleconferência com analistas de mercado.
Entre os analistas dos bancos de investimento, a percepção foi de que o balanço trimestral deu bons indicativos sobre os resultados dessa estratégia do Santander. "Continuamos vendo uma melhoria estrutural nas tendências para o ROE", disse o analista Gustavo Schroden, do Citi.
Sazonal e estrutural
O maior ponto de dúvida entre os analistas recaiu sobre a elevação da inadimplência antecedente. Na visão de parte deles, a alta, em especial a observada na carteira de pessoas físicas, é um indicativo pessimista.
"A inadimplência de curto prazo da parte de pessoas físicas da carteira aumentou 0,6 ponto porcentualEM UM ANO, o que pode ser um sinal negativo para a qualidade dos ativos do sistema", escreveu Daniel Vaz, analista de bancos do Safra.
Em resposta a essa questão, o vice-presidente financeiro do Santander, Gustavo Alejo, afirmou que a maior parte da variação desse indicador foi fruto do endurecimento das políticas de renegociação do banco. Tradicionalmente, o Santander procurava o cliente para renegociar antes que ele atrasasse o crédito. Desde 2023, no entanto, as condições estão mais restritivas, com mais exigências de pagamento à vista, por exemplo.
"Parte da elevação deve ser absorvida, e a inadimplência de 15 a 90 dias não deve fluir para a de longo prazo", afirmou ele, acrescentando que a política de renegociações do banco não deve mudar, e que o Santander vê uma qualidade de ativos estável.
Ainda assim, o banco reforçou suas provisões com um valor extra de cerca de R$ 5,6 bilhões no trimestre para adequar o balanço à regra contábil que entrou em vigor em janeiro, com a Resolução 4.966 do Conselho Monetário Nacional (CMN) - que determinou que os bancos passam a ter de provisionar os empréstimos de acordo com o risco, e não apenas com o atraso, como eram obrigados a fazer até então.
As receitas do banco com serviços (tarifas e comissões) somaram R$ 5,13 bilhões de janeiro a março, alta de 5,1% ante o mesmo período de 2024.
O Santander encerrou o mês de março com um total de ativos de R$ 1,234 trilhão, uma alta de 5,6% em um ano. O patrimônio líquido, por sua vez, cresceu 4% em um ano, para R$ 90,54 bilhões.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(Com Agência Estado)
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