Em meio à campanha Agosto Lilás, dedicada à conscientização pelo fim da violência contra a mulher, casos recentes em todo o país reforçam a urgência de fortalecer redes de apoio. O caso mais emblemático do Brasil nesta semana, envolve uma mulher que foi agredida com 61 socos em um elevador no Rio Grande do Norte. Em Mato Grosso, mulheres denunciaram um ciclo de violência praticado por um fotógrafo de Cuiabá que perdura por mais de 15 anos.
A psicóloga Anita Faria, especialista em acolhimento psicossocial e atuante no Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), destaca que a violência vai além das marcas físicas. Seus impactos mais profundos comprometem a saúde mental, a autoestima e a dignidade da vítima.
“A vida começa quando a violência acaba. É importante cuidar de quem nós somos”, resume.
Segundo Anita, a saída desse ciclo de dor começa com a possibilidade de contar a própria história em um ambiente seguro. A rede de apoio — formada por amigos, familiares ou instituições — é essencial para acolher sem julgamento e orientar sobre os caminhos legais e terapêuticos. “É preciso acolher, sem julgar ou criticar”, reforça.
Entre os principais recursos, Anita cita o registro de boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher e a solicitação de medidas protetivas. Em Cuiabá, o HMC mantém um espaço de acolhimento voltado a esse público, oferecendo atendimentos psicossociais, jurídicos e assistenciais, sem julgamento.
“É preciso encorajar a mulher. A escuta precisa ser feita com empatia e preparo, porque a dor da vítima é uma ferida mental muito grande”, afirma. Ela explica que é como se a violência deixasse a mulher num outro lugar onde ela se descaracteriza, auto estima, vontade de viver, podendo chegar o limite do auto estermínio (suicídio). Por isso, é tão importante o acolhimento adequado, aonde possam ser acolhidas e desenvolvidas.
Apesar dos avanços legais, como a Lei Maria da Penha, a psicóloga observa que muitas vítimas ainda enfrentam dificuldades para romper o ciclo de violência devido a barreiras culturais e institucionais.
Segundo ela, o machismo estrutural persiste em diferentes esferas – desde a sociedade até instituições como igrejas e forças de segurança.
“Muitas mulheres são julgadas quando decidem denunciar. Existe uma lógica de dominação que ainda está muito presente. Alguns homens acreditam que têm poder sobre as mulheres, e quando elas buscam autonomia, são punidas por isso”, analisa.
Outro fator preocupante apontado por Anita Faria é a impunidade dos agressores. Em sua avaliação, falhas no sistema de justiça e a banalização de argumentos como transtornos mentais contribuem para a reincidência da violência.
“Não acredito que toda violência esteja atrelada a distúrbios psicológicos. Acredito em mau-caratismo. Falta rigor na aplicação da lei”, comenta.
A psicóloga defende, por exemplo, que multas aplicadas a agressores poderiam ser revertidas para financiar políticas públicas de proteção às mulheres.
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Novas vítimas relatam supostas violências cometidas por fotógrafo de Cuiabá
Caminhos para o recomeço
A partir do acolhimento e do apoio profissional, Anita acredita que é possível construir um novo capítulo. Recuperar a autoestima, a autonomia e a liberdade são passos fundamentais no processo de reconstrução da vida.
“A violência destrói quem a mulher é. Mas quando ela rompe com isso, pode se reencontrar. Recomeçar é possível”, conclui.
Mulheres que foram vítimas de violência doméstica podem buscar oa tendimento psicossocial, acompanamento terapeutico, atendimento jurídico e assistencial no HMC.
anos Sofrimento mental As mulheres que passam por violência domestica apssam por uma ferida mental muito grande É como se aquela violência deixa a mulher num outro lugar onde ela se descaracteriza, ela perde a auto estima, vontade, auto estiminio, porque não encontram atendimento adequado aonde possam ser acolhidas e desenvolvidas
Em caso de violência, denuncie
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.
Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.
Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos
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