Dezembro foi marcado por uma triste história às vésperas do ano novo. Uma casa que servia como depósito de materiais dos projetos sociais do Papai Noel Pantaneiro Clóvis Matos foi parcialmente destruída por um incêndio. Milhares de livros que seriam doados no projeto Inclusão Literária foram queimados, junto com computadores e outros materiais.
Thiago Bergamasco
Casa foi parcialmente destruída pelo fogo, com milhares de livros e equipamentos dos projetos sociais do Papai Noel Pantaneiro
Mas para mostrar que 2016 pode ser um ano diferente, pessoas de diferentes setores resolveram se solidarizar com a causa de Clovis e lançaram uma campanha para reconstruir o espaço, arrecadando materiais de construção, móveis e livros para a retomada do projeto.
A campanha é dividida em três fases. A primeira delas é a arrecadação de materiais de construção, móveis, computadores e doação financeira em qualquer valor para reconstruir a casa. Isso porque, para que o projeto retorne o mais rápido possível às atividades, o local precisa estar reestruturado para proteção da nova coleção de obras e equipamentos multimídias.
Já na segunda fase da campanha a arrecadação de livros será feita. Todavia, para acomodá-los no acervo, é necessário que pelo menos parte do espaço esteja pronto. Desta maneira, caso os doadores de livros queiram antecipar a entrega, podem direcionar a doação ao Museu Histórico de Mato Grosso.
Internauta
Por fora, nem parecia tão grande o estrago que paralisou os projetos de Clovis Matos
Na terceira e última fase da campanha, o grupo irá se mobilizar para catalogar os materiais e prestigiar a nova sede do projeto.
Em entrevista ao HiperNotícias, Clóvis disse estar surpreso com a iniciativa dos voluntários, porque ele mesmo ainda não tinha elaborado nenhuma ação para arrecadar doações e retomar o Inclusão Literária.
“Achei fantástico e benéfico, porque as pessoas aprovam o programa de incentivo à leitura e estão incentivando, para que volte o mais rápido possível. Na casa já foi realizada uma análise técnica, mas o resultado será divulgado na próxima sexta-feira (8). Com esse relatório vou saber quanto deve ser gasto para recuperar a estrutura do local”, disse.
O CASO
A casa pegou fogo no dia 30 de dezembro de 2015. O espaço funcionava como um depósito onde o Papai Noel guardava livros, equipamentos de som, TV, computadores e outros materiais necessários para manter os projetos. Mais de cinco mil livros que seriam doados pelo "Inclusão Literária" foram destruídos pelas chamas.
"E isso foi interrompido hoje, porque de certa forma eu não tenho condições de arcar com todo o prejuízo, que ainda nem foi quantificado", desabafou.
Reprodução
Clovis percorre o interior do estado há mais de 10 anos distribuindo livros com o projeto 'Inclusão Literária'
A estrutura da casa ainda ficou de pé, mas três cômodos foram consumidos pelo fogo. Nem as folhas dos livros sobraram para contar a história. Tetos, paredes e tudo que havia nesses locais foram destruídos. "É um prejuízo enorme e uma tristeza tamanha", lamenta.
Clóvis contou que ficou sabendo do incidente quando estava trabalhando no shopping, onde atua como Papai Noel, porque uma pessoa teria ligado na administração do centro comercial para avisar sobre o incêndio.
"Eu não moro na casa e quando eu cheguei lá nem o Corpo de Bombeiros estava mais. Só as cinzas do que havia restado", lamentou o bom velhinho, que trabalha há mais de uma década distribuindo livros no interior do estado com o 'Inclusão Literária'.
Divulgação
O PROJETO
Quem o vê no final do ano vestido como papai noel do Shopping Três Américas nem imagina que Clovis Matos é o verdadeiro bom velhinho pantaneiro, que há mais de uma década trabalha o ano inteiro distribuindo presentes no interior do estado, livros para todas as idades e gostos. "Esse é o meu sonho", conta.
Aliás, é por isso que ele trabalha como papai noel em shopping, para juntar o dinheiro necessário para custear o combustível e a manutenção da versão pantaneira de seu trenó. Até pouco tempo atrás era uma caminhonete Ford, da década de 60, mas encontrou uma velha Kombi a um preço camarada, de um empresário que queria ajudá-lo no projeto, e resolveu reformá-la.
A reportagem do HiperNotícias acompanhou Clovis durante várias de suas viagens, ainda a bordo da velha caminhonete apelidada de "Furiosa", por resistir bravamente às décadas de uso e às estradas de terra do interior, baixa de tão pesada. Na direção, um homem que acredita que conhecimentos e ideias valem mais do que dinheiro. (Confira a reportagem completa aqui).
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