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Cidades Sexta-feira, 25 de Dezembro de 2015, 11:40 - A | A

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Sexta-feira, 25 de Dezembro de 2015, 11h:40 - A | A

INCLUSÃO LITERÁRIA

Papai Noel pantaneiro trabalha o ano inteiro distribuindo conhecimento

GABRIEL SOARES

Quem o vê no final do ano vestido como papai noel do Shopping Três Américas nem imagina que Clovis Matos é o verdadeiro bom velhinho pantaneiro, que há mais de uma década trabalha o ano inteiro distribuindo presentes no interior do estado, livros para todas as idades e gostos. "Esse é o meu sonho", conta.

 

Aliás, é por isso que ele trabalha como papai noel em shopping, para juntar o dinheiro necessário para custear o combustível e a manutenção da versão pantaneira de seu trenó. Até pouco tempo atrás era uma caminhonete Ford, da década de 60, mas encontrou uma velha Kombi a um preço camarada, de um empresário que queria ajudá-lo no projeto, e resolveu reformá-la.

 

Gabriel Soares/Hipernoticias

inclusão literária - Clovis Matos

 

 

A reportagem do HiperNotícias acompanhou Clovis durante várias de suas viagens, ainda a bordo da velha caminhonete apelidada de "Furiosa", por resistir bravamente às décadas de uso e às estradas de terra do interior, baixa de tão pesada. Na direção, um homem que acredita que conhecimentos e ideias valem mais do que dinheiro.

 

Divulgação

Clovis Matos/livros/livraria intinerante

Clovis garante que além de tudo, o importante é transmitir conhecimento

Sua barba e cabelo brancos contrastavam com todo o cenário por onde passávamos, como o giz ao riscar o quadro negro. Aqui, no interior de Mato Grosso, até as folhas verdes se avermelham com a poeira das estradas de terra que usamos para chegar ao nosso destino.

 

Com um largo sorriso, Clovis desceu de seu carro, pegou uma caixa no porta-malas e foi até um grupo de crianças que atravessavam a rua em frente a um posto de gasolina na comunidade de Porto de Fora, em Santo Antonio de Leverger.

 

“Olha o papai noel”, disse um menino que vestia um conjunto de roupas surradas e trazia em seu rosto um sorriso inocente. O ‘bom velhinho’ tirou um punhado de livros de sua caixa, e começou a distribuí-los às crianças, que logo se juntaram, animados com os presentes. Não era noite de Natal. Era 8 horas de uma manhã comum, de um sábado qualquer de fevereiro.

 

É a Inclusão Literária, distribuindo livros pelo interior do Estado. Este conhecimento, antes represado nas estantes de Cuiabá, agora pega a estrada para chegar às pequenas cidades vizinhas e suas zonas rurais, sem custo algum para aqueles que se interessam pela leitura.

 

Clovis Matos é um técnico administrativo da Universidade Federal de Mato Grosso. A ideia do projeto surgiu quando ele era gerente de marketing de uma rede de livrarias de Cuiabá. Nessa época, resolveu criar um espaço de leitura na loja e percebeu que as pessoas frequentavam o local e liam livros inteiros, mas não compravam. Intrigado, começou a perguntar por que não adquiriam os livros. ‘É caro, a gente não tem dinheiro para comprar’, diziam.

 

“Daí eu pensei: se as pessoas que vão ao shopping, e têm acesso à livraria, não podem comprar porque não têm dinheiro, imagina quem está na zona rural e na periferia”, explica. “O Inclusão Literária surgiu como uma proposta de facilitar o acesso ao livro às pessoas que não tinham”, conta.

 

 

Por mais de dez anos manteve o projeto Inclusão Literária por conta própria, aceitando apenas a doação de livros. Às vezes organiza um bazar, vendendo alguns exemplares em vizinhanças mais afortunadas de Cuiabá para levantar recursos e continuar com o projeto. Mesmo nesses momentos podem-se encontrar, em um cantinho, os livros que serão dados. 

 

“A minha intenção é que as pessoas tenham livro na mão. Faço essas ações no interior, mas às vezes também faço no shopping. Não me importa a posição social das pessoas, o que importa é que elas tenham acesso aos livros e leiam”, conta Clovis, que só recentemente recebeu um apoio do Governo do Estado. Aí já viu né... o projeto deslanchou. Agora tem contador de histórias e já chega bem mais longe.

 

Além da biblioteca itinerante, Clovis também monta bibliotecas nos locais que visita. Uma bolsa grande, como aquelas que vemos frequentemente nas bancas de jornal acomodando revistas, está pregada na parede de postos de gasolina, restaurantes e lanchonetes dos municípios da região.

Gabriel Soares

Inclusão Literária

Lá, quem se interessa pela leitura pode escolher um livro e levar para casa, à vontade, para devolver quando quiser. Não há bibliotecários ou cadastros. Quem quiser leva, e pode até ficar com o livro. Mas bom mesmo é quando trazem algo novo, para fazer circular o conhecimento.

 

“Nesse tempo todo eu cheguei à seguinte conclusão: há pessoas que vão roubar os livros, mas isso é porque vão ler. Ninguém rouba livro para jogar fora. Então eu não importo. Mas se levar e trouxer de volta é melhor, porque outras pessoas vão poder usar também. A leitura é o princípio básico da cidadania”, sonha Clovis, recomendando: “Leiam tudo, até bula de remédio, mas não deixem de ler”.

 

Quer ajudar este projeto? Ligue para (65) 8135-1176, envie um e-mail para [email protected] ou mensagem pelo Facebook.

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