A carne consumida por milhões de brasileiros e exportada para o exterior pode estar associada a casos de criação irregular de gado em terras indígenas na Amazônia. Uma investigação do Greenpeace Brasil identificou que bois criados dentro da Terra Indígena Pequizal do Naruvôtu, que se localiza nos municípios de Canarana e Gaúcha do Norte, está a aproximadamente 630 quilómetros de Cuiabá, em Mato Grosso, foram transferidos para outra propriedade rural que, no mesmo período, realizou vendas para unidades da JBS, maior processadora de carne bovina do mundo.
O mecanismo, conhecido como “lavagem de gado”, consiste em transferir animais de áreas irregulares para fazendas sem restrições ambientais, permitindo sua comercialização sem barreiras. Segundo o relatório, a prática teria possibilitado a entrada de animais criados de forma ilegal na cadeia produtiva da JBS, inclusive em frigoríficos habilitados para exportação.
A Terra Indígena Pequizal do Naruvôtu foi homologada em 2016, mas ainda enfrenta disputas judiciais relacionadas à tese do marco temporal. Investigações apontam que propriedades sobrepostas ao território, como a Fazenda Três Coqueiros II, continuaram desenvolvendo atividades pecuárias mesmo após autuações do Ibama e aplicação de multas que somam milhões de reais.
Entre 2018 e 2025, mais de 1.200 bois teriam sido transferidos da Fazenda Três Coqueiros II para a Fazenda Itapirana, que repassou cerca de 2.800 animais a frigoríficos da JBS em Água Boa (a 630 Km de Cuiabá) e Barra do Garças (520 Km de Cuiabá). Essas unidades possuem autorização para exportação a mercados como União Europeia e Hong Kong.
A investigação destaca que, apesar de compromissos assumidos desde 2009 para eliminar o desmatamento da cadeia de fornecimento, brechas no monitoramento ainda permitem a entrada de gado proveniente de áreas irregulares.
Posicionamento da JBS
A empresa informou que todas as compras mencionadas estavam em conformidade com sua política de compras e com o protocolo setorial. Após receber as informações apresentadas, a JBS afirmou ter bloqueado preventivamente a Fazenda Itapirana e solicitado esclarecimentos ao produtor.
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