Sensação de cansaço logo ao despertar, mesmo após várias horas de sono, não é normal — e pode estar ligada a um problema celular. De acordo com o médico Adriano Faustino, a fadiga matinal recorrente costuma ser reflexo de um mau funcionamento das mitocôndrias, estruturas responsáveis por gerar energia no organismo.
Quando essas pequenas “usinas” das células não operam bem — seja por estresse, má alimentação, sedentarismo ou excesso de estímulo à noite — o corpo perde a capacidade de se recuperar adequadamente durante o sono. O resultado é acordar exausto, como se nem tivesse dormido.
“Não adianta dormir por horas se o corpo não consegue transformar esse tempo em energia real. A exaustão matinal é um sintoma que precisa ser levado a sério”, afirma Faustino.
Além das questões celulares, hábitos cotidianos costumam agravar o quadro. Dormir com o celular ligado, comer tarde da noite, manter horários irregulares e não se expor à luz natural durante o dia são fatores que desregulam o ritmo biológico e confundem o organismo. “A rotina é o código que o corpo entende. Quando ela é quebrada, o corpo perde o norte de quando descansar e quando produzir”, explica o médico.
Em alguns casos, a fadiga ao acordar pode indicar condições clínicas mais complexas, como apneia do sono, inflamações silenciosas, carência de nutrientes essenciais (magnésio, zinco, vitaminas do complexo B) e desequilíbrios hormonais, como cortisol elevado à noite. Sintomas como dores de cabeça matinais, lapsos de memória, irritabilidade e sensação constante de sono não reparador exigem investigação profissional.
Muitas pessoas tentam compensar a baixa energia com café ou estimulantes, mas isso só mascara o problema. “É como tentar acender uma casa com curto-circuito: a luz pode piscar, mas o sistema continua falhando”, compara Faustino.
A boa notícia é que o quadro pode ser revertido com mudanças simples: sono regular e profundo (pelo menos 7h30 por noite), alimentação anti-inflamatória, exercícios leves, exposição à luz solar nas primeiras horas do dia e, quando necessário, suplementação orientada por profissionais.
“Cuidar da célula é cuidar de todo o sistema. A energia começa ali. Quando a base funciona bem, o resto acompanha”, finaliza o médico.
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