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Artigos Segunda-feira, 30 de Junho de 2025, 09:50 - A | A

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Segunda-feira, 30 de Junho de 2025, 09h:50 - A | A

BRUNO VICENTE

Em um mundo barulhento, o silêncio virou vilão

BRUNO VICENTE

O mundo está muito barulhento. Há tempos essa ideia passeia pela minha cabeça. Não falo aqui do barulho do trânsito, dos anúncios chamativos, das músicas tocando ao fundo em qualquer ambiente, mas sim de um outro tipo de ruído. Daquele que vem da necessidade constante de falar, opinar, postar, aparecer. Estou falando de um cenário em que há uma constante competição por atenção e o silêncio passou a ser visto quase como um problema.

Notificações, mensagens, imagens, vídeos chegam a todo momento e nos prendem em ciclo infinito e maçante de informações – até mesmo aquelas que não queremos. O tempo inteiro alguém está falando com a gente, mesmo que indiretamente. E, nesse ritmo acelerado, estamos sendo empurrados para uma sensação de que, para pertencer, precisamos obrigatoriamente nos comunicar o tempo todo.

As redes sociais, é claro, têm um papel importante nesse contexto. Elas criaram uma espécie de palco onde o único cenário aceitável é aquele em que você precisa, incessantemente, apresentar algo para quem te acompanha. Para se destacar, muitos gritam. Gritam com textos, com imagens, com opiniões jogadas sem qualquer fundamento. E quem não segue essa fórmula é visto como estranho, desinteressado ou desinteressante.

Nesse mundo barulhento, a quietude virou uma vilã e há algo preocupante nisso: estamos deixando de aproveitar seus benefícios. Até mesmo locais em que parecia existir um acordo geral pelo silêncio e contemplação do momento foram atropelados pelo barulho. Cinemas, teatros, museus viraram pontos de conversas longas, celulares no mais alto volume e debates intensos sobre o melhor ângulo para foto que irá para as redes.

E assim, de repente, o silêncio que deveria ser um espaço de pausa e alívio virou um grande desconforto para muita gente. Mas calma, se você é a pessoa que quer tirar uma foto para recordação ou apenas esqueceu de abaixar o volume do celular, esse texto não é sobre você. Esse texto é sobre aqueles que perderam a capacidade de apreciar a calmaria, ainda que seja por um pequeno intervalo de tempo.

Hoje, o silêncio incomoda. Enquanto o barulho simboliza conexão e relevância, o silêncio é associado à solidão ou indiferença. Sim, a comunicação é essencial. Compartilhar, expressar, trocar ideias: tudo isso nos conecta. O excesso de barulho, por outro lado, pode fazer o caminho contrário e nos desconectar de nós mesmo, do momento e até do outro. Porque, quando todos gritam, ninguém se ouve.

Parece estranho para alguém que escolheu o jornalismo como profissão escrever um texto defendendo a relevância do silêncio. Talvez não fosse tanto, se entendêssemos que ele também é uma forma de comunicação. Que, às vezes, o maior impacto vem do que não escolhemos verbalizar.

(*) BRUNO VICENTE é jornalista, atuando em assessoria de imprensa, gestão de crise e adepto da linguagem simples.

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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