Relatório assinado pelo delegado Flávio Henrique Stringueta revela que o governador de Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB), se sentiu ameaçado no início da sua gestão e desconfiava que uma organização criminosa, vinculada ao ex-comendador João Arcanjo Ribeiro, tramava contra a sua vida.
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Suspeitando ser perseguido por Arcanjo, Taques pediu investigação do GCCO, porém nada foi encontrado
Conforme o documento, Stringueta foi procurado em março de 2015, quando ainda comandava a Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), pelo Palácio Paiaguás.
Em um telefonema, soube que Taques desconfiava de um plano de João Arcanjo para “colocar fim” a sua vida.
A ligação, no entanto, não deixou claro se a trama seria de fato um atentado ou uma ação contra sua trajetória política.
Taques tinha acabado de tomar posse como governador de Mato Grosso.
ARCANJO NA CASA CIVIL
No relatório, Stringueta conta que foi informado também de que João Arcanjo tinha uma pessoa indicada dentro da Casa Civil, que lhe passava informações.
Pedro Taques foi um dos responsáveis pela prisão de Arcanjo, em 2003 por conta da Operação Arca de Noé.
A servidora que supostamente estaria passando informações ao ex-comendador foi identificada como Caroline Mariano dos Santos, mas, após as investigações, o delegado Stringueta a descartou como suspeita.
MÁGOA NA CASA CIVIL
Além de Caroline Mariano dos Santos, ainda foi citado o nome da ex-servidora da Sinfra, Tatiana Sangalli Padilha, descrita pelo denunciante como uma garota de programa que “utilizava seu serviços para conseguir vantagens profissionais, como cargos públicos”.
Tatiana é apontada como ex-amante de Paulo Taques, que deixou a Casa Civil na semana passada, quando veio à tona o escândalo das interceptações ilegais praticadas no âmbito da Polícia Militar.
Segundo o delegado, nas gravações, foi possível descobrir que, de fato, Tatiana teria um “envolvimento com o comendador Arcanjo”. “Mas nos pareceu claro que sua intenção com ele é se dar bem, enriquecer”, concluiu Stringueta.
Ela começou a ser alvo dessas escutas em outubro de 2014, em um esquema de “barriga de aluguel”, quando uma decisão judicial autoriza a interceptação telefônica de pessoas alheias ao processo em questão.
Conforme o relatório, ela também foi alvo de uma operação sigilosa, a Querubim. Da qual foram retirados os áudios com os quais Stringueta pode investigar a suposta ameaça ao governador Pedro Taques.
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Investigação revelou que ex-amante de Paulo Taques queria casar com Arcanjo Ribeiro
Durante 45 dias, Stringueta ouviu as interceptações telefônicas, principalmente de Tatiana Sangalli. Após isso, chegou à conclusão de que, na verdade, a intenção da ex-servidora não era atentar contra a vida de Taques, mas, “pelo visto, criar problemas para Paulo Taques”.
O delegado conta que, nos áudios, foi possível perceber com clareza a mágoa de Tatiana com o ex-secretário.
“Segundo ela, [Paulo Taques] a abandonou à própria sorte assim que assumiu esse novo cargo na Casa Civil, não lhe dando a importância devida como amante como ela esperava”.
“Em diversas ligações, Tatiana deixa bastante clara sua mágoa contra o Paulo Taques, chegando a dizer que deseja prejudicá-lo no que puder”, traz o relatório.
RETALIAÇÃO POLÍTICA
“O denunciante também me revelou um envolvimento de ‘Tati’ com o vulgo Muvuca, sabidamente inimigo político do nosso governador”, conta Stringueta no relatório.
Divulgação
Trecho do relatório revela que suposta amante de Paulo Taques queria se envolver com Arcanjo
“Essa informação deu à sua denúncia ares de retaliação política mais do que agressão à vida do governador Pedro Taques, o que nos colocou em uma situação mais confortável na investigação, deixando-nos mais tranquilo para agir”, revela o delegado no documento assinado em 20 de julho de 2015.
Muvuca é o jornalista José Marcondes, que disputou o governo do estado em 2014, e naquele mesmo ano também foi incluído na “barriga de aluguel” das escutas telefônicas.
Segundo o relatório, Tatiana (Tati) era fonte de Muvuca. Em uma das ligações, diz que o ex-secretário Paulo Taques um dia sairia preso do governo “devido às suas atitudes, empregando um funcionário fantasma”.
Na mesma gravação, no entanto, ela pede ao jornalista que fizesse uma matéria para questionar a paternidade de seu próprio filho, levantando suspeitas sobre Paulo Taques e assim prejudicando o casamento do ex-secretário.
INVESTIGAÇÕES
Diante da constatação de que não havia ameaças a Pedro Taques, o delegado encaminhou o relatório ao juízo criminal da Vara do Crime Organizado e ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). E ainda sugeriu que, caso fosse necesário, os áudios fossem encaminhados à Delegacia Fazendária para investigação das “falcatruas” atribuídas ao ex-secretário.
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