Zaqueu diz que não tem dinheiro para pagar advogado; "vendi o carro"

Os interrogatórios referentes a ação que investiga as escutas clandestinas no estado foram retomadas nesta sexta-feira (27), na Décima Primeira Vara Criminal e Justiça Militar. Estão convocados para prestar depoimento os réus os coronel da Polícia Militar Zaqueu Barbosa, Evandro Alexandre Ferraz Lesco, Ronelson Jorge de Barros, Januário Antonio Edwiges Batista e o cabo Gerson Luiz Ferreira Correa Junior.

Alan Cosme/Hipernotícias

 

A defesa de Zaqueu pediu dispensa do interrogatório alegando que estava sentindo dores e passaria por cirurgia, mas o juiz Murilo Mesquita negou o requerimento. O magistrado disse que não havia recomendação médico para o acusado e também o depoimento não exigiria esforço físico.

Zaqueu é o primeiro a depor e nega todas as acusações de envolvimento na “grampolândia”.

“Antes de começar eu vou dizer o seguinte: em respeito ao senhor eu adiei uma cirurgia marcada pra ontem. A efeito de analgésico não me sinto em condições confortáveis pra estar aqui. Porém, em conversa com meu advogado e em respeito a esse juízo resolvi comparecer aqui, Estou sob efeito de medicamento e não estou em condições. É fato que uso de medicamento tarja preta”, informou o coronel.

“Não devo. Sei o que fiz e o que fiz fui respaldado, vai ser prejudicado o depoimento porque não estou me sentindo bem, nem sentado nem em pé”.

Indagado pelo Ministério Público Estadula (MPE) sobre a criação do núcleo de inteligência da PM, o coronel afirma que “existem desvios de conduta em todo o lugar”. Pontua também que não foi criado nenhum grupo, apenas estruturado. 

“Coronel Bernardi me pediu para ir até Cáceres. Até o juízo da comarca pra tratar sobre os policiais com desvio de conduta”, afirma.

O promotor de Justiça ainda indaga que “crime de prevaricação menciona que o senhor criou o núcleo de inteligência sem que o comandante geral homologasse parecer. Qual era o rito que o senhor deveria seguir e o que aconteceu de fato?”.

"Foi delegado pra mim, verbalmente para que, eu tratasse dos assuntos de inteligência.  Eu não criei nada eu só estruturei, porque já existe dentro do organograma, não se pode falar em criar", informa Zaqueu que convidou o cabo Gerson para assumir as escutas, pois tinha grande experiência e treinamento oferecido pela própria polícia.

Relata que Gerson estruturou a sala onde funcionava a “sede das escutas”, pois não havia espaço dentro das unidades da polícia. “Eu conversei com o coronel Siqueira Junior e coronel Januário eu procurei PM que tinha esse perfil e bom comportamento. PM’s que tinham possibilidade de guardar algumas informações  e não tinham envolvimento com nada. Entrevistei porque eu precisava fazer uma limpeza na policia militar e eles só ouviram policiais militares.

O depoente afirma que todos os relatórios de escutas eram feitos por Gerson e que ele usava o amail de Zaquei para encaminhar para a comarca de Cáceres. Zaqueu pontua que não lia todos os documentos por isso delegava a ação ao cabo.

14h54: “Não sei dizer se passou pela minha mão, mas não tem a assinatura minha ai. Era esse tipo de relatório que era utilizado no meu email, relatório de interceptação". Ele nega falsidade de documentos.

14h55: “O resultado do que era escutado era passado pra mim era de policiais militares, processos que viraram inquéritos”, afirma .

15h14: Zaqueu afirma que todas as interceptações foram legais e nunca pediu para incluir nenhum número na lista de escutas. “Na PM as coisas são muito as claras. Assombração sabe pra quem aparece”, afirma.

O juiz questiona ao coronel sobre os casos de “barriga de aluguel”, visto que a denúncia do MPE aponta que houve a prática para incluir novos números.

“O responsável pelas barrigas de aluguel é quem fez o relatório e quem faz o relatório é quem ouviu os áudios e escreve o enredo dos pedidos”, acusa o réu. “O senhor tem que perguntar ao cabo Gerson se ele é responsável, porque eu sei que eu não fiz”, responde.

16h02: Zaqueu afirma que sabia que o sentinela foi desenvolvido por uma tetemunha que prestou depoimento do caso. 

"O sentinela até onde me contaram é um software desenvolvido por uma testemunha que sentou aqui e disse que tem um hardware adquirido pelo cabo Correa e o coronel Lesco, que foi apreendido e ele entregou esse hardware. Esse software trata da interceptação de sinais, a partir do momento que é delegado pra mim e a responsabilidade era minha e eu desenvolvi isso e isso gerou inquéritos que apontaram aqui dentro da 11ª Vara".

16h27: Zaqueu diz ter conversado com Zaque em 2015, no mesmo período ele falou com Siqueira Junior. Contudo, afirma não saber o teor das conversas. 

"Ele falou 'você está fazendo coisa errada'. Eu disse porque ele falou que você está fazendo interceptacao telefônica. Disse que o que eu estava fazendo era legal".

"Ele chorou ao contar da morte do pai que estava com câncer, quando ele passou o Comando Geral. O que me credenciou para o Comando Geral foi a dedicação de uma vida inteira, muitas noites sem dormir... eu nunca me vali de cunho politico, nem para ser promovido".

16h47: Zaqueu conta sobre cargo no Comando Geral e fala sobre contato com Taques.

"2015 ele foi do comando geral em 2016, deixou o cargo por conta da morte do pai".

"O contato que tive com taques foi na operacao Arca de Noé, quando ele era promotor".

17h04: Zaqueu afirma que nunca esteve envolvido com ordens ilícitas relacionadas a Lesco.

"Eu nao dei nenhuma ordem ilícita ao Lesco nem para nenhum desses nomes. Nunca me pediram nada ilícito. Para mim, o que o Lesco fez foi a sessão do conhecimento profissional. Quanto ao cabo Gerson Corrêa, eu já solicitei para ele e ele deu esse feedback".

17h07: Zaqueu questiona quem teria colocado o carimbo.

"O ônus da prova cabe a quem alerta, quem diz pra mim e quem aponta. Porque não encontrei nos autos, li os autos. Quem colocou esse carimbo? Carimbo qualquer um pode fazer, faz em qualquer lugar. Existe alguma perícia que indique que esse carimbo foi colocaso por Zaqueu, Gerson? não tem nenhuna perícia para saber de nada".

"fazem uma tempestade de um carimbo que pode ser confeccionado em qualquer lugar onde se faz carimbos", diz sobre um carimbo em uma ordem.

17h10: Zaqueu fala a respeito de suas suspeitas.

"De onde saíram esses pedidos? Nesses pedidos existem Pms em desvios de consulta e de pessoas segregadas do sistema prisional. Quem divulgou esse documento não teve a preocupação com nenhum dos envolvidos. Carimbo que apareceu do nada em cima da mesa de um secretário de segurança. Quem invadiu esse sistema? De onde apareceu? lá tem sistema de seguranca e em nenhum momento apareceu ninguém entrando em uma sala do nada. 

"Isso aqui é fruto da árvore proibida. Uma prova ilícita ser colocada nos fatos...".

"Suspeitar de alguém eu suspeito, hoje em dia eu suspeito até da minha cueca. Nasci em uma casa de chão batido, eu construi ao longo de uma carreira e eu tenho um nome. Esse nome está sendo jogado na lama em favor de intereses outros".

17h13: Zaqueu afirma que possui um suspeito, além de questionar ser o único réu.

"As pessoas jogam o nome da gente na lama, procura se o cabo Gerson e tantos outros estão sentados como réu. A imprensa sequer tem o cuidado de pesquisar sobre as nossas vidas e sai publicando fofocas e esquecem tudo o que foi feito no passado".

"Esquece que tem magistrado que está vivo e eu fui responsável pela vida dele, que tem promotor vivo por minha culpa. Esquecem das noites em claro".

"Eu tenho um nome que eu desconfio, mas eu vou usar do meu direito de nao falar nada". 

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