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Justiça Quinta-feira, 20 de Julho de 2017, 13:54 - A | A

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Quinta-feira, 20 de Julho de 2017, 13h:54 - A | A

SOBRE ESQUEMA DE PROPINA

"O Estado não pagava ninguém se não fosse dessa forma", diz delator

JESSICA BACHEGA/CAMILLA ZENI

O delator e sócio da empresa Santorini Empreendimentos, Antônio Rodrigues de Carvalho, é interrogado pela juíza Selma Arruda, titular da Sétima Vara Criminal de Cuiabá, nesta quinta-feira (20), em relação à operação Sodoma 4, do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco). Ele responde a questionamentos sobre sua participação no esquema de desvio de dinheiro de uma desapropriação de terras realizada pelo governo do Estado, na gestão de Silval Barbosa(PMDB).

 

Alan Cosme/HiperNoticias

selma arruda

Juíza reinterroga delator, que confessa pagamento de propina

O desvio investigado foi efetivado por meio do superfaturamento na desapropriação de uma área localizada próxima ao bairro Osmar Cabral, chamada Jardim Liberdade.

 

Conforme as investigações, o Estado pagou R$31 milhões pela desocupação do imóvel e, em negociata com o dono da área de da SF Assessoria, metade do recurso retornou para a organização criminosa.

 

Acompanhe o andamento da oitiva, minuto a minuto, abaixo:

 

14:05 - Antônio Carvalho, proprietário da terra chamada de Jardim Liberdade é o primeiro a falar. Ele é delator e não constava na pauta de audiência por ter livre escolha sobre a data na qual participaria.

 

14:08 - O réu confessou que a denúncia sobre ele é verdadeira. Ele disse que é sócio da empresa Santorine, que recebeu o dinheiro do Estado pelo serviço. Antônio contou à juíza que possuía área no bairro Osmar Cabral de cerca de 97 hectares e que, em 1996, apresentou um projeto de desapropriação ao governo. 

 

14:10 - Conforme o delator, a área foi invadida e ele buscou medidas para a reintegração de posse. Na época, ele conseguiu retirar 800 famílias do local. Depois, a área foi novamente invadida, mas ele já não tinha recursos para buscar a Justiça e requerer a desocupação.

14:12 - Naquele período, Antônio foi solicitado pelo Estado para que deixasse as famílias no local, e informado que seria feita a desapropriação. Em 2011, o delator voltou a pressionar o governo para afetivar a desapropriação, porque ele estava doente e precisava de dinheiro. 

 

14:14 - Antônio disse que tinha amizade com o ex-procurador Francisco Lima, e que o procurou para agilizar o processo de desapropriação. O processo foi andando, mas sempre faltava algum documento", informou o delator.

 

14:17 - Conforme o delator, em 2014, Francisco Lima o procurou, dizendo que o processo estava pronto e que o pagamento seria feito pela Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz). Então,  Antônio procurou Marcel de Cursi, ex-secretário da pasta, que lhe falou que o pagamento seria feito em até 12 parcelas. A área tinha sido avaliada em R$ 31 milhões por servidores do Estado.  "Cursi me disse que tinha duas formas de receber: em dinheiro ou precatórios. Porém eu ia receber só metade. A outra metade ficaria com eles", contou.

 

14:18 - "Não dava para esperar mais. Eu estava esperando havia 18 anos. Estava há 18 anos sem trabalhar, vivendo com a ajuda da minha filha que mora no Canadá. Eu tive que aceitar porque me ajudaria a viver e já estava muito doente", explicou Antônio.

 

14:20 - O delator contou que ele tinha pendências na Caixa Econômica Federal e não poderia receber o dinheiro. Então seu advogado, Levi Machado, se propôs a receber o dinheiro e informou que devolveria a metade ao grupo criminoso. Ele contou que foi feito um contrato simulando uma dívida junto a empresa SF assessoria, do empresário Filinto Muller, para que o dinheiro fosse "lavado" e repassado para o grupo de Silval. Conforme Antônio, ele assinou dois contratos simulando a dívida, porque o primeiro apresentou problemas.

 

14:21 - Antônio confirmou o pagamento da propina. "Eu recebi os R$15 milhões em 12 parcelas", relatou.

 

14:23 - O delator tinha amizade com Francisco Lima porque havia feito o projeto de sua casa, há cerca de 35 anos. Ele disse que não sabe como era feita a distribuição de dinheiro dentro do grupo criminoso. "Ele nunca me disse que cobraria alguma coisa. No final ele disse que eu tinha que devolver 50% para eles. Porque no Estado era assim, tinha que devolver a metade", observou.                        

 

14:25 - A promotora de Justica Ana Bardusco perguntou ao delator sobre o papel de cada investigado no processo de desapropriação. Antônio afirmou não saber qual é a função dos acusados. 

 

14:30 - Antônio explicou que assinou o contrato da dívida em 2014 com data retroativa a 2012, e que começou a receber os valores em 2014.

 

14:44 - O delator contou que chegou a lamentar para Francisco Lima sobre a demora no pagamento por parte do Estado, além do fato de ter que devolver a metade do valor. "Ele me disse que eu teria que me conformar, porque o Estado não pagava ninguém se não fosse dessa forma", disse. Antônio ressaltou que o dinheiro era pago para a conta do advogado Levi Machado. "Ele recebia o valor, pegava os valores dos honorários dele,  passava a metade para a SF e só depois a minha parte. Ele sabia que eu tinha pago metade do valor em propina", contou.

 

14:57 - A juíza passou a fase de perguntas para os advogados. O defensor de Levi Machado questionou sobre quem teria feito o contrato de simulação da tal dívida com a SF. Antônio disse que acredita que foi Filinto Muller quem fez.

 

14:59 - O réu afirmouque Levi tinha uma procuração para receber o dinheiro em seu lugar. 

 

15:02 - O advogado de Arnaldo Alves, ex-secretário de Planejamento, perguntou se ele sabia que Francisco Lima receberia valores da desapropiração. O réu negou: "Não sabia. Eu achava que ele era meu amigo ".

 

15:04 - O advogado de Cursi questionou o delator sobre a reunião que teve com seu cliente. "Foi no início de 2014, em horário comercial. Ele sentou na mesa com a cabeça meio baixa e só disse 'Olha, o processo está aqui. Nós vamos fazer o pagamento para a sua empresa, mas vamos ficar com metade do valor'. Logo, ele levantou e saiu. A reunião durou cerca de 10 minutos".

 

15:05 - Antônio contou que Lima disse ele que teria facilidade em receber o valor daquela forma porque estava em época de Copa do Mundo e todos tinham muitas desapropriações.

 

15:15 - A audiência é encerrada.

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