"Arcanjo estará de tornozeleira em 30 ou 60 dias", afirma advogado do ex-bicheiro

JESSICA BACHEGA

Os dias de encarceramento do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro podem estar contados. O advogado do ex-comendador, Paulo Fabrinny, aguarda o recambiamento de seu cliente para Cuiabá e já irá solicitar a progressão de pena, de regime fechado para o semiaberto com o uso de tornozeleira eletrônica. “Esperamos que ele saia da prisão dentro de 60 dias”, disse o jurista.

Assessoria / TJMT

paulo fabrinny - julgamento joao arcanjo ribeiro

Advogado Paulo Fabrinny

Esta semana o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) autorizou que Arcanjo retornasse para o Estado. Atualmente, o condenado está detido na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, e o pedido de transferência já havia sido negado anteriormente, sob a alegação de que o preso seria de altíssima periculosidade, com grandioso poderio financeiro e possui elevado grau de articulação e liderança dentro e fora das penitenciárias do Estado de Mato Grosso. Ele responde pelos por crimes contra o sistema financeiro e homicídio.

A expectativa do advogado Fabrinny é de que Arcanjo será trazido para Cuiabá nos próximos 15 dias. "Ainda não foi definido o local para onde ele será encaminhado, pois a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) é quem define a unidade de acordo com o perfil do preso, mas é provável que ele seja recolhido à Penitenciária Central do Estado (PCE)", comentou.

“Acredito que ele fique pouco tempo preso. Ele já cumpriu um sexto da pena como prevê a lei e o exame criminológico elaborado pela unidade do Rio Grande do Norte apontou que ele está apto a ter a progressão de regime. Assim que Arcanjo chegar aqui e os processos também já iremos requerer que ele passe a usar tornozeira eletrônica”, explica o jurista que espera o cálculo do Ministério Público Federal (MPF) sobre a pena do reeducando.

Sobre a alegação de que o ex-bicheiro traria problemas para a política do Estado, Fabrini afirma que o argumento é totalmente equivocado. “O próprio governador foi o responsável pela prisão. Foi ele quem o denunciou. Os demais políticos investigados na Operação Arca de Noé, junto com Arcanjo, hoje estão presos ou respondendo a processo. Não tem poder nenhum. Então dizer que ele tem alguma influência é um absurdo na atual conjuntura. Dizer também que ele também tenha algum benefício do poder Judiciário não é verdade, porque todos os recursos que tramitaram no Tribunal de Justiça foram negados. Esse foi o primeiro a ser concedido”, ressalta.

Além de ser autorizado a voltar para o Mato Grosso, Arcanjo também teve todos os seus bens desbloqueados por decisão da Justiça Federal. O patrimônio do preso ultrapassa os R$ 900 milhões.