À tarde, "a decisão do Fed não trouxe novidades significativas, com a taxa de juros mantendo-se estável", diz em nota Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos. Segundo ele, o comunicado sobre a decisão do BC dos EUA, de manter a taxa americana entre 4,25% e 4,50% ao ano, ressaltou os "riscos" associados ao mandato duplo do Fed, com a "possibilidade de aumento no desemprego e de inflação mais alta".
Tal cenário, observa Cruz, abre margem tanto para quem acredita em um corte de juros como para quem vê essa alternativa como inviável. "Sempre foi claro que, ao escolher entre combater a inflação ou proteger a economia, a prioridade do Banco Central dos EUA é a segunda opção", acrescenta o estrategista.
Durante a fala de Powell, contudo, o mercado notou nuance 'hawkish' em certo momento da entrevista coletiva, em especial quando o dirigente do Fed notou não haver pressa da instituição quanto ao momento em que a taxa de referência da maior economia do mundo poderá começar a cair, o que resultou em alguma volatilidade, pontual, na curva de juros. Na Bolsa brasileira, a reação das ações ao comunicado do Fed e às observações de Powell foram relativamente neutras, com o índice conservando-se pouco acima dos 133 mil pontos como na maior parte da sessão.
Por sua vez, em Nova York, os três principais índices de ações, com o Dow Jones à frente (+0,70%), firmaram-se em alta em direção ao encerramento, com o S&P 500 mostrando ganho de 0,43% e o Nasdaq, de 0,27%, no fim do dia.
Na B3, parte do setor financeiro avançou nesta quarta-feira pré-Copom, como Itaú (PN +1,10%), Santander (Unit +0,35%) e Banco do Brasil (ON +0,42%). Petrobras encerrou o dia sem direção única, com a ON em alta de 0,65% e a PN, de 0,46%. O papel de maior peso no Ibovespa, Vale ON, fechou em leve baixa de 0,19%. Na ponta ganhadora do índice, destaque para Eneva (+4,15%), Klabin (+2,68%) e Minerva (+2,57%). No lado oposto, RD Saúde (-14,76%), Vamos (-7,05%) e Ultrapar (-4,00%).
Ao comentar as relações do Fed com a Casa Branca - após reiteradas críticas do presidente Donald Trump à condução do BC dos Estados Unidos, inclusive com ameaça de demiti-lo -, Powell disse que "nunca pedirá" reunião com o mandatário, e que "nunca houve motivo" para que isso acontecesse.
Na entrevista coletiva após a reunião, Powell manteve tom cauteloso e reiterou que "diante das incertezas elevadas, o Fed pretende manter a taxa de juros estável por algum tempo e observar como o cenário econômico evolui", aponta Luis Cezario, economista-chefe da Asset 1. "A principal mensagem dada por Powell é que o Fed avalia que os riscos aumentaram tanto para a inflação quanto para o desemprego, e que é cedo para saber qual lado do duplo mandato terá que ser priorizado."
Para Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos, Powell sinalizou preferir esperar o desenrolar das tarifas antes de voltar a cortar a taxa de juros. "Apesar disso, é importante pontuar que tanto o comunicado quanto o próprio Powell falam do risco de uma inflação elevada e de emprego em queda", ressalva.
"Embora não tenha utilizado o termo 'estagflação', este, que é um dos maiores medos dos banqueiros centrais, parece estar no radar do Fed", acrescenta a economista, destacando que Powell reforçou que a alta da inflação deve se concentrar no curto prazo e que, no longo prazo, os efeitos das tarifas ainda são incertos. "Powell parece adotar a mesma postura de boa parte do mercado: a de parar e esperar o desenrolar das negociações para começar a agir. Cautela e paciência parecem ser as palavras de ordem do Fed."
(Com Agência Estado)
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