"O México, por exemplo, não sofreu uma desvalorização aguda da sua moeda como a gente sofreu no último trimestre do ano passado. E, neste ano, o real vem desempenhando melhor do que os seus pares, na média. Então, essa apreciação cambial explica o porquê que a gente está vendo uma desinflação mais rápida em bens e uma desinflação ainda bastante lenta em serviços", explicou o presidente do BC, que participou nesta segunda-feira de evento da Fundação FHC, em São Paulo.
Ao comentar o cenário econômico do País, Galípolo também fez menção ao índice conhecido como "índice de mal-estar", que soma o nível de desemprego e o nível de inflação - e que deve encerrar 2025 no melhor nível da série histórica, ou seja, indicando uma sensação de bem-estar muito grande, dada as taxas de desemprego muito baixas e a expectativa de inflação para o final do ano abaixo de 5%.
Crédito
O presidente do Banco Central disse ainda que, dado o nível restritivo dos juros, tem a expectativa de que as concessões de crédito desacelerem no País. "A gente espera que o crédito, como um mecanismo de transmissão por excelência da política monetária, passe a apresentar uma desaceleração, é isso que é esperado com a elevação da taxa de juros", frisou.
Ele destacou, porém, que o segmento mais forte em que é possível ver desaceleração no crédito está relacionado a uma mudança regulatória para beneficiários do INSS, que passaram a ter que fazer cadastro de biometria para a concessão de empréstimos. "A gente vê ainda um ponto de inflexão no crédito, mas absolutamente esperado dada a política monetária, Mas aquela queda maior precisa ser analisada à luz das mudanças regulatórias", ressaltou.
Ainda sobre crédito, Galípolo disse que, na concessão a pessoas jurídicas, há uma queda acentuada nas operações do chamado "risco-sacado" que, segundo ele, sofreu queda de 15% no trimestre encerrado em julho. "Aparentemente dialogando um pouco com o que aconteceu com a questão da tributação do IOF", detalhou.
Em relação à atividade econômica como um todo, Galípolo acrescentou que o quadro geral é de uma economia bastante resiliente, com alguns sinais de acomodação. Ele citou, por exemplo, que a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) mantém-se praticamente estável desde o terceiro trimestre de 2024, se for descontado do cálculo o fator pontual de uma importação de plataforma de petróleo, ocorrida no início deste ano. "É importante analisar esses indicadores para poder fazer uma comparação, e entender o que é ruído e o que é tendência", disse.
Nesse contexto, Galípolo disse que o que se espera à frente é a suavização do crescimento econômico.
(Com Agência Estado)
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