O real exibiu, como no pregão anterior, o melhor desempenho entre as principais divisas emergentes. Segundo operadores, a moeda brasileira foi impulsionada por fluxos para a renda fixa e a Bolsa doméstica. O Ibovespa voltou a renovar nesta segunda recorde intradia, acima dos 144 mil pontos.
Analistas ressaltam que o provável desfecho da chamada "Super Quarta" - com provável corte de 25 pontos-base na taxa norte-americana pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) e manutenção da Selic em 15% ao ano pelo Banco Central brasileiro - vai ampliar diferencial de juros interno e externo no curto prazo, estimulando ainda mais o apetite por operadores de carry trade.
Com mínima de R$ 5,3091 à tarde, o dólar à vista encerrou a sessão em queda de 0,61%, a R$ 5,3217 - menor valor de fechamento desde 6 de junho de 2024 (R$ 5,2508). Nos últimos três pregões, a divisa acumula perda de 1,58%. O dólar recua 1,85% em setembro e 13,89% no ano.
Para o economista-chefe da corretora Monte Bravo, Luciano Costa, não há outra explicação para o desempenho do real que a perspectiva de aumento do diferencial de juros, na iminência de início de um afrouxamento monetário nos EUA.
"O dólar está se enfraquecendo lá fora, mas cai mais aqui dentro. Com corte lá fora e Selic parada, o diferencial fica muito favorável para o Brasil", afirma Costa.
O economista observa que a perspectiva crescente de que haja espaço para uma redução da taxa Selic em dezembro, dados os sinais de desaceleração da economia, joga curiosamente a favor do real no curto prazo por duas vias distintas.
Em primeiro lugar, turbina ainda mais o apetite pelo carry trade, com investidores tentando aproveitar a janela de ampliação do diferencial daqui até dezembro. Além disso, estimula a entrada de capital estrangeiro para a Bolsa, que tende a se beneficiar de cortes de juros lá na frente.
Entre os indicadores do dia, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) caiu 0,53% em julho ante junho (na série com ajuste sazonal), com comportamento mais fraco do que a mediana de Projeções Broadcast, que apontava para uma queda de 0,30%.
"Talvez o real esteja no melhor momento. Não é certo que esse movimento de apreciação seja persistente. A sazonalidade do fluxo é ruim no fim do ano e ainda temos os nossos problemas fiscais", afirma Costa, ressaltando que a proposta ventilada no governo Lula para reduzir ou zerar as tarifas de ônibus por meio de subsídios ficou nesta segunda-feira em segundo plano, apesar do impacto fiscal negativo.
No exterior, o índice DXY - termômetro do comportamento da moeda americana em relação a uma cesta de seis divisas fortes - recuava cerca de 0,25% no fim da tarde, ao redor dos 97,300 pontos, após mínima aos 97,273. O Dollar Index caiu 0,30% em setembro. No ano, cede pouco mais de 10%.
É dado como certo que o Fed vai reduzir a taxa básica de juros norte-americana em pelo menos 25 pontos-base na quarta-feira, dando início a um ciclo de afrouxamento monetário. A maioria dos investidores aposta em uma redução total de 75 pontos-base até o fim do ano.
Para o diretor de pesquisa macroeconômica do Banco Pine, Cristiano Oliveira, a fraqueza global do dólar "explica aproximadamente metade" da valorização do real no ano. A outra metade estaria associada a ganhos nos termos de troca, diferencial de juros e redução do prêmio de risco-país.
"Os R$ 5,33 que estimávamos para meados de agosto acabou ocorrendo em meados de setembro. A confusão das sanções e outras questões trouxeram ruídos para a tendência", afirma Oliveira, que vê continuidade da apreciação do real nos próximos meses, com o dólar caindo para R$ 5,25 no fim de outubro.
(Com Agência Estado)
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