A Academia Mato-grossense de Letras (AML) será o cenário de um encontro entre literatura e memória: o lançamento de O Rio do Meu Quintal, novo livro do escritor Antonio P. Pacheco. A obra, publicada pela Calendas Editorial, confirma o autor como uma das vozes mais delicadas e afiadas a emergir da literatura produzida na fronteira oeste do Brasil.
O evento de lançamento da obra acontece nesta quinta-feira, dia 10 de julho, às 18h30, como parte da programação do projeto AML Casa Aberta, executado pela Academia. Está é a primeira vez que o projeto inclui o lançamento de um livro em sua programação.
Ao narrar a infância de Quinho, menino ribeirinho às margens de um rio “majestoso e tranquilo”, Antonio Pacheco articula uma reflexão sobre o crescimento, o medo, a resiliência e a descoberta de um mundo em constante transformação. Com a cadência das águas que nunca se repetem, a história acompanha a vida de Quinho entre as décadas de 1960 a 1990, misturando realidade histórica, ficção e lirismo.
“Eu quis escrever sobre um tempo e um lugar que me habitam até hoje”, explica o autor. “O rio do título é real e, ao mesmo tempo, uma metáfora: é o cenário da minha infância, mas também é a correnteza daquilo que nos atravessa enquando crescemos, perdemos, amamos e seguimos adiante no fluxo da vida.”
O menino, o rio e o país - Em O Rio do Meu Quintal, a narrativa flui com uma naturalidade que mascara o rigor da construção literária. A voz de Antonio Pacheco alterna ternura e crítica social, convidando o leitor a caminhar com Quinho por quintais sombreados por pomares e matas ciliares, espaço sem cerca para brincadeiras, aventuras e sonhos nos sertões de um Brasil autoritário, desigual e cheio de contrastes.
O romance evita a nostalgia fácil. A infância é um território de descobertas e beleza, mas também de perdas e feridas. Em suas 236 páginas, a obra se constrói como uma espécie de Bildungsroman tropical: um romance de formação em que o protagonista precisa se reconciliar com seus fantasmas para manter viva sua “essência de menino ribeirinho”.
“É sobre isso: como permanecer inteiro mesmo quando a correnteza da vida tenta nos partir em pedaços”, resume o autor.
CARREIRA DE EXPERIMENTAÇÃO
Nascido no Vale do Araguaia em Goiás, Antonio P. Pacheco é um ativista cultural desde a década de 1980. Desde a públicação de seu primeiro livro em 1984, vem construído uma obra marcada pelo trânsito entre gêneros literários, pela exploração das várias formas de expressão literária em que as tradições, a geografia, a psicologia e as memórias individuais e coletivas constituem a matéria-prima de sua literatura.
Com a poesia de Versos Náufragos em Rio Sem Margens (2019), Antonio Pacheco lança pontes entre a brasilidade e a latinidade hispânica – o livro é bilingue português e espanhol – resultado de sua pesquisa sobre o tempo, a identidade, a linguagem e o imaginário que une os povos do continente a partir de suas heranças ibéricas, indígenas e africanas.
Já em seu livro de contos O Universo no Espelho – Aqueles Outros e Suas Versões das Histórias (2021) já sinalizava o interesse do autor por perspectivas múltiplas e narrativas fragmentadas.
Agora, com O Rio do Meu Quintal, o autor alcança um novo patamar: a prosa ganha fôlego, mas não perde a musicalidade que caracteriza sua escrita. “Eu venho da poesia, dos contos e crônicas. Esse trabalho é o meu jeito de unir esses mundos num só corpo narrativo”, diz Pacheco.
LANÇAMENTO
A sessão de autógrafos do dia 10/07, às 18h30, será parte do Projeto Casa Aberta da Academia Mato-grossense de Letras, com entrada gratuita. Além de autógrafos, o evento contará com leitura dramática e um bate-papo com o autor sobre o processo de escrita e as inspirações por trás do livro.
“Espero que as pessoas possam se reconhecer nesse menino, nesse rio e nesse quintal. Porque, no fundo, todos temos um lugar assim guardado dentro de nós”, convida Pacheco.
POR QUE LER?
Leitores em busca de uma literatura com alma encontrarão em O Rio do Meu Quintal uma experiência densa e ao mesmo tempo leve. Ao articular a intimidade da infância com as forças sociais e políticas do Brasil, o livro faz o que a boa literatura sabe fazer: conecta o pessoal ao universal. Mais do que um romance, é uma travessia.
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