"Enterrei meu filho no dia do aniversário dele. Não desejo essa dor nem para a mãe do assassino"

Maik Joilson Gusmão Nascimento era um rapaz que não tinha problemas com a polícia, com a Justiça e muito menos inimigos. Ainda assim, sua mãe, Patrícia Gusmão do Nascimento, teve que enterrar o filho no dia em que o rapaz completaria 20 anos. 

Em entrevista exclusiva ao HiperNotícias, Patrícia conta que pressentiu que passaria pelos momentos mais difíceis de sua vida naquela noite em que seu foi filho foi morto em uma festa de aniversário, com três tiros. Como Maik não tinha inimigos, a mãe desconfia que o assassino agiu por inveja.

“Meu filho contou que estudou com esse Vitinho quando fazia ensino médio. Nessa época ele já chamava meu filho de playboy, de filhinho de papai. Então eu acredito que esse possa ser um dos motivos banais para ele acabar com a minha eterna felicidade”, contou Patrícia.

Arquivo Pessoal/Facebook

Maik Joílson Nascimento foi morto no dia 1º de maio em uma festa no bairro Jardim Aricá

No dia do crime, Patrícia e Maik estavam arrumando rosas que seriam entregues aos clientes que fossem ao mercado da família no Dia das Mães. Por volta de 15h30 o rapaz saiu de casa para ir à festa de aniversário de seu irmão, no Espaço Casa da Árvore, bairro Aricá, em Cuiabá.

Arquivo Pessoal/Facebook

 Patrícia ao lado do filho Maik

“Só tinha família e alguns amigos. Eu não fui na festa porque estava com uma forte dor de cabeça. Acho que já estava prevendo o pior. Mas se eu soubesse que ia terminar daquele jeito, eu jamais liberaria meu filho para ir naquele lugar”, diz Patrícia.

Elton Victor Silvestre da Silva, conhecido como 'Vitinho' havia se envolvido em uma briga em outra festa e foi, sem ser convidado, para a festa de aniversário do irmão de Maik. Em determinado momento, ele se envolveu em outra confusão. Maik tentou apartar a briga, mas acabou1 baleado.

“Quem me contou, disse que foram quatro tiros de pistola. Três atingiram meu filho. Um no pulmão, um no coração e outro na perna. Depois levaram ele pra Policlínica do Pascoal Ramos. Depois que atirou, o Vitinho fugiu. e desde então começou a fazer sentido meu pressentimento. Minha vida mudou. Nunca mais dormi direito, nunca mais me alimentei direito e só vivo à base de antidepressivos”, comentou Patrícia.

Maik foi transferido da Policlínica do Pascoal para o Pronto-Socorro em uma viatura do Samu. Chegou ao hospital com vida, mas não resistiu e morreu na sala de cirurgia. “O tiro que acertou o coração de meu filho foi fatal”, chora a mãe da vítima.

PJC/DHPP

Elton foi preso em Araputanga. Ele disparou três vezes contra Maik em uma festa para a qual não foi convidado

Maik faria 20 anos na terça-feira, dia em que foi enterrado. Patrícia Gusmão conta que esse momento é o período mais difícil de minha vida.

“Há exato um ano, meu filho havia sofrido um acidente de trabalho e passava o aniversário no hospital. Nesse ano, nossa família já havia comprado salgadinhos, doces, bolo e refrigerante pra comemorar o aniversário dele. Mas, por questão de destino, parte de minha vida acabava no dia do aniversário de meu filho. Ao invés de cantar parabéns, eu estava enterrando o Maik. Não desejo essa dor nem para a mãe do Vitinho. É a pior que tem. A vida de meu filho foi destruída por motivo fútil e por bobagem, meu filho estava sendo enterrado na data de seu aniversário”, detalha a mãe. “Jogar terra no caixão de meu filho foi a parte mais dolorosa de minha vida”, completou.

Apesar de ter outros três filhos, Patrícia se sente uma mãe pela metade. Envolta de dor, revolta e muita vontade de fazer justiça, a mulher confessou que se ficasse de frente com o autor da morte de seu filho ela era capaz de avançar contra ele.

“Não saberia qual reação, mas acho que mataria ele. A impunidade gira em torno do crime. Ele matou por matar, sem motivos. E se me perguntarem se eu perdôo ele, a resposta é não. Quem tem esse poder é só Deus, eu não. Eu não sei o que aconteceria se eu topasse com ele. Acho que ia pra cima dele”, disse.

Imediatamente após o crime, a Polícia Civil, através da Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), começou o trabalho de investigação contra Vitinho, que já não estava residindo na capital.

Rogério Florentino Pereira - Olhar Direto

Delegada Juliana Chiquito Palhares é a titular do caso na DHPP

Comandada pela delegada Juliana Chiquito Palhares, a investigação ganhou corpo e os passos do investigado foram monitorados até fora de Cuiabá. No dia 20 de julho ele foi descoberto em Araputanga, preso e recambiado para Cuiabá. Ele confessou o crime, mas não deu detalhes.

Segundo a delegada, mesmo foragido, Vitinho estava postando fotos tranquilamente no Facebook. Com isso, os agentes de Araputanga serviram à DHPP de Cuiabá e conseguiram capturar o rapaz, que agora está com prisão temporária decretada e aguardará julgamento em regime fechado, na Penitenciária Central do Estado (PCE).

Apesar de passar ao lado da imprensa ao ser recambiado para o presídio, o rapaz não quis falar nada. Já Patrícia parece que tinha conseguido fazer Justiça.

“Ainda bem que não ficará impune. Espero que seja condenado. Agradeço aos policiais que nos ajudaram. A dor da perda não será apagada, mas a alma do meu filho deve descansar agora ao ver que seu assassino está preso”, concluiu a mãe de Maik. 

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