Em uma iniciativa para a prevenção de grandes incêndios florestais, o Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso (CBMMT) está realizando uma queima prescrita no Parque Estadual Serra de Ricardo Franco. A operação, que abrange uma área de aproximadamente 4 mil hectares, busca mitigar os riscos associados ao período de estiagem, comum no Estado. As atividades no parque, localizado em Vila Bela da Santíssima Trindade (a 522 km de Cuiabá), seguirão até o dia 12 de junho.
A queima prescrita é uma técnica de manejo ambiental que consiste na aplicação controlada de fogo. Seu principal objetivo é reduzir o acúmulo de material combustível seco – como folhas, galhos e capim alto – que, em grande quantidade, pode alimentar incêndios descontrolados. Todo o procedimento é executado com supervisão técnica, sob condições climáticas favoráveis e com foco na segurança das equipes e do ecossistema.
Conduzida por equipes especializadas do Batalhão de Emergências Ambientais (BEA) e acompanhada de perto pela gerência do parque desde a última terça-feira (3), a operação é essencial para a saúde do parque. Motoristas que trafegam pela rodovia MT-199 nas proximidades podem notar a presença de fumaça, mas o CBMMT assegura que todas as ações estão ocorrendo conforme o planejamento.
O comandante do BEA, tenente-coronel BM Rafael Ribeiro Marcondes, enfatiza a eficácia da queima prescrita: "O objetivo dessa queima prescrita é reduzir a biomassa. Ou seja, o material combustível que foram se acumulando no parque. A ideia é prevenir incêndios, ou pelo menos evitar que eles tenham grande intensidade."
Ele ainda explica que, após o uso controlado do fogo, as áreas queimadas servem como "bolsões" de refúgio para animais na época de grandes incêndios, pois a vegetação rebrota rapidamente.
O Parque Estadual Serra de Ricardo Franco possui uma relevância ecológica singular, situando-se em uma zona de transição entre três dos mais importantes biomas brasileiros: Amazônia, Cerrado e Pantanal.
Essa característica o transforma em um verdadeiro mosaico de biodiversidade, tornando as estratégias de manejo e conservação como a queima prescrita cruciais para a manutenção do equilíbrio ecológico, a regeneração de espécies nativas e a preservação dos habitats.
Uma operação similar está prevista para ser realizada futuramente na Área de Proteção Ambiental (APA) da Chapada dos Guimarães, reforçando o compromisso com a gestão ambiental preventiva em Mato Grosso.
É importante ressaltar que, apesar de ser uma atividade preventiva, a queima prescrita exige autorização dos órgãos competentes, como a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), e um planejamento detalhado com monitoramento constante.
Tal rigor garante a segurança e a efetividade ambiental da ação. O decreto estadual nº 1.403/2025 estabelece o período proibitivo para o uso do fogo na limpeza e manejo de áreas rurais em Mato Grosso.
No Pantanal, por exemplo, o uso do fogo está proibido entre 1º de junho e 31 de dezembro. O descumprimento dessas normas pode acarretar em sanções severas, incluindo multas, apreensão de equipamentos e responsabilização criminal, conforme a legislação ambiental vigente.
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