O bairro Jardim Itatinga, conhecido como ponto tradicional de prostituição em Campinas, tem registrado desde o ano passado uma série de crimes envolvendo extorsões, sequestros e ameaças contra frequentadores. As ocorrências chamaram a atenção da Polícia Civil, que passou a investigar a suspeita de que integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) estejam por trás da atuação criminosa. As informações são da Folha de SP.
De acordo com a Delegacia de Investigações Gerais (DIG), integrantes da facção teriam se infiltrado em algumas boates do bairro e utilizado profissionais do sexo para atrair as vítimas. Após a negociação nas ruas, geralmente por valores entre R$ 70 e R$ 150, os clientes eram levados para dentro dos estabelecimentos e surpreendidos por comparsas armados, que exigiam transferências de valores muito mais altos — em alguns casos, chegando a R$ 5 mil.
Em diversas situações, segundo a polícia, as vítimas nem sequer chegavam a concretizar o programa. Elas eram rendidas, agredidas e mantidas dentro das casas até realizarem as transferências exigidas, além de terem pertences roubados. O grupo teria movimentado ao menos R$ 1,2 milhão em um ano, com base apenas nas ocorrências registradas oficialmente — número que pode ser muito maior, já que parte dos frequentadores evita prestar queixa por vergonha ou medo de exposição.
A investigação aponta que cerca de 25 pessoas ligadas ao PCC coordenam as ações no bairro, definindo quais casas seriam utilizadas, quem cuidaria das finanças e como seria feita a revenda de bens das vítimas. Também foram identificados dezenas de “laranjas”, responsáveis por ceder contas bancárias para receber o dinheiro das extorsões.
Uma operação conjunta da Polícia Civil e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), realizada em 15 de julho, resultou na prisão de 12 suspeitos. Quinze dias depois, outros cinco envolvidos — três homens e duas mulheres — também foram detidos. A DIG segue mapeando o restante da rede criminosa.
Para o delegado titular da DIG, Marcel Fehr, o Jardim Itatinga vive um momento de declínio. “Além das extorsões, há registros de exploração sexual de menores, furtos e falsificação de bebidas. O número de boates hoje é bem menor do que no passado”, afirmou.
O bairro, criado na década de 1960 para concentrar as casas de prostituição de Campinas — antes espalhadas por áreas centrais e nobres da cidade —, hoje enfrenta o esvaziamento provocado pela migração dos serviços sexuais para a internet e pelo medo causado pelos crimes.
A prostituição em si não é crime no Brasil, mas o Código Penal prevê punições severas para casos de exploração sexual, tráfico de pessoas e manutenção de locais destinados à prostituição alheia.
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