Nos termos do Art. 17 da Carta Magna, é livre a criação, incorporação, fusão, e extinção de partidos políticos e não há como disputar um cargo eleitoral, se o candidato não for filiado a um partido. No Brasil, existem muitos partidos para poucos líderes e ideologias em excesso, o que se vê, são ferros velhos de partidos, carcaças partidárias e destroços ideológicos espalhados pelo Brasil afora.
Vejam que até os políticos não sabem qual a sua ideologia propriamente dita, pois só após eleger-se, é que descobre que está em partido errado, e por isso criaram a janela e portas para sair quando quiser. E usando essa tal janela, o sentido da ideologia partidária está sendo jogado no lixo da história política do país, e aquele velho conceito que os políticos antigos e os velhos filiados tinham no coração sobre o seu partido, pois a escolha de um partido era pelo entendimento que aquele partido seria o seu, pelo conjunto de ideias ou reunião de pessoas com o mesmo pensamento que se agrupam legalmente para congregar através das ações políticas, econômicas e sociais.
São lideres com desejos individuais e próprios, que ao sentir a falta de espaço e a incapacidade de congregar com as pessoas com idéias conflitantes ao seu crescimento individual ou suas reeleições, criam novos partidos, que reúnem os “descontentes” e os “contrariados” girando em torno desse novo partido que ele podem chamar de “só meu”.
O partido político era escolhido para sempre, como time de Futebol, ninguém virava casaca, quem é Vasco jamais um dia torcerá pelo Flamengo, mas para os políticos, os partidos são usados como roupa que sai de moda, e após a eleição os partidos são jogados no esquecimento. Quando se aproxima as eleições, começa a esperteza em forma de coligações e a expectativa em retorno nas eleições futuras, faz com que o troca-troca seja intensificado e com isso faz com que cresça o número de partidos coadjuvantes e as ideologias se misturam. São tantas ideologias e para poucos líderes, e com a esperteza e gosto pela permanência no poder, faz como que nasçam vários partidos a cada ano, não pela necessidade de diversificar os diferenciais conflitantes no plano das idéias sobre política, sistema econômico e divergência de classes em busca de um sistema social possível, mas sim pelo espaço nas próximas eleições.
Para que um regime democrático possa funcionar, necessariamente tem que existir: o voto, que é exercido pelos eleitores, mesmo que seja em forma de escolha obrigatória e os partidos políticos que congregam a mesma opinião e idéias dos seus filiados.
A história recente registra, estruturas partidárias dominadas por aproveitadores, que de forma legal oferecem as siglas como “barriga de aluguel” e o mercadão do caixa 2 é financiado pela venda de horário político, em nome do retorno futuro. Os princípios partidários que vislumbram os objetivos comuns e coletivos, na verdade ficam apenas inscritos nas letras mortas dos velhos estatutos partidários que estão esquecidos nos fundos dos empoeirados armários partidários.
E o troca-troca virou morda e está garantida pela janela.
*WILSON CARLOS FUÁH – é economista, especialista em recursos humanos e relações sociais e políticas.
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