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Artigos Segunda-feira, 25 de Maio de 2015, 08:46 - A | A

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Segunda-feira, 25 de Maio de 2015, 08h:46 - A | A

Primeiro general cuiabano

Costumeiramente ,ele passava em frente à Catedral Central , benzendo o corpo e elevando o pensamento à Deus , suplicando proteção , por mais um dia de vida que se iniciava

WILSON FUÁ

Arquivo pessoal

Wilson Carlos Fuá

 

Nesta crônica vamos dar um passeio pela história de um personagem cuiabano, que será lembrado por várias  pessoas que viveram  em Cuiabá nos anos 60. Quem na época transitava pela esquina da Av. Getúlio Vargas com a Rua Comandante Costa, naturalmente lembrará-se da figura  de um General, que ficava por horas seguidas, ficava  imobilizado  como se fosse um sentinela avançado a guardar nossa querida Cuiabá. 

                

Essa episódio ocorreu com um menino mulato ,vestido  do seu uniforme escolar (calça  azul marinho,camisa branca e sapato " passo Double"  que toda manhã   fazia o seguinte percurso: descia a Av. Coronel Escolástico  sentindo o cheiro de frutas da época , como manga madura, Cajá e Tarumã, ,seguia o  pelo “Poço do Buracão que guardava a - lenda da Alavanca de Ouro”,  cortava  a Praça do Rosário ,acessando a “Prainha”,  e  o  “Beco do Candeeiro” , “Rua de Baixo” ,e desembocava  finalmente na  “Praça da República  ", com o propósito  de dirirgir-se   à  Escola  Modelo Barão  de Melgaço. 

 

Costumeiramente ,ele passava em frente à  Catedral   Central , benzendo  o corpo e elevando o pensamento à  Deus , suplicando proteção ,  por mais um dia de vida que se iniciava.
               

Certa vez, num dia especial de prova escolar, atrasado com o horário  e os compromissos daquele dia, o menino teve  seu primeiro contato com a estátua humana de Cuiabá, que permanentemente ficava  horas a fio  parado no mesmo lugar, sem  se mexer, similar a  um   militar com a patente imaginária de General, e as insígnias  medalhas de condecorações de uma guerra que nunca existiu. 
                  

Neste contexto, o menino com um forte imaginário  infantil encontrou na calçada  em que passava ,uma  moeda reluzente  e estabeleceu imediatamente,uma correlação, aparentemente inexplicável  ,entre a moeda encontrada e as dificuldades ocorridas com ele naquela manhã de setembro.
                 

Conflitado com o fato de ter encontrado uma moeda, que  possivelmente alguma pessoa necessitada teria perdido e sentindo-se  responsável  por um transtorno de qualquer natureza que pudesse estar provocando,desenvolveu  intensa necessidade de dar àquela  Moeda  uma destinação  justa, haja vista, que  a mesma não a pertencia, o que culminou com a decisão de entregá-la a  primeira  pessoa realmente necessitada que encontrasse naquele dia.
              

E eis que de repente num passo de mágica, surge a sua frente, o  personagem   General Saco na posição costumeira de sentido, numa postura  típica de um verdadeiro militar.  Fisionomia sisuda, delineada  por sobrancelhas enormes e desalinhadas,   barbas crescidas e descuidadas, vestuário  elegante  num terno quase alinhado, bordado com medalhas de condecoração da guerra do Paraguai (Tampas de Garrafas) trazendo sobre os ombros um saco de estopa.

 

Espantado com a miragem deparada ,o menino mulato    estende  prontamente  a moeda ao general saco ,sentindo-se aliviado e abençoado  intimamente, ao desfazer-se da incomoda moeda encontrada .E eis que num repente inesperado, quase aos gritos, o General Saco,  como se estivesse dando uma voz de comando aos seus subordinados afirma: "Não sou mendigo!"

 

E, não estou a pedir esmolas! 
              

"Tudo  que eu tenho é fruto de mérito, "Nunca roubei, Nunca pedi nada a ninguém."  Vivo para defender Cuiabá das forças ocultas e desonestas, corruptas e trapaceiras que promovem o desconforto e a insegurança  do nosso povo ordeiro. Lembre-se bem: estou a serviço da abençoada Cidade Verde.  "Fique com a sua moeda, e entenda o sentido da vida e os sinais que a poderosa força da natureza coloca costumeiramente  a nossa disposição".

 

E no quartel imaginário do general saco, localizado no centro de Cuiabá, no entroncamento da Av. Getúlio Vargas com a Rua Comandante Costa, este  abriu o  famoso saco de estopa  que carregava nos ombros,olhando detidamente para o tesouro que carregava havia os frutos da terra: mangas,Cajás ,Tarumã em diversas fases de maturação . Sem muita cerimônia e de forma inteligente e reflexiva , o general questionou  o   menino:

- “Sabe que as mangas podem lhe ensinar o significado de uma existência?” 

 

Assustado e angustiado  o menino tentava entender a mensagem  passada pelo general. Assim, tirando uma manga podre de dentro do Saco, e jogando-a fora esclareceu:
- “Esta manga representa o momento decorrido e desperdiçado, resultando   num  agora é tarde demais para todos".

     

A seguir retirou do saco de estopa, uma manga ainda verde, e voltou a falar:
- “Esta manga representa o momento que ainda não aconteceu, onde é preciso esperar à hora certa para tomada de decisões acertadas e sensatas.           

 

Finalmente, tirou  do saco, uma manga madura, saboreou-a calmamente e disse ao menino: 
- “Esta manga representa o momento  presente  oportuno para tomada de decisões. Necessário se faz, entretanto  aproveitá-lo sem medos e culpas. “Durante a nossa vida estamos sempre a buscar  respostas, e  muitas vezes ficamos a  nos perguntar por que a nossa alma não mostra o caminho proposto pela verdade eterna”. 

 

Assim, de forma singela e profunda ficou o ensinamento e a reflexão  proposta  pelo mestre general saco, não  só  àquele menino mulato, num dia  atípico  e avesso  aos compromissos  da rotina da vida, mas a todos nós  enquanto  seres que vivemos  em processo de evolução .

      

Importante  é avaliar e ouvir sempre, a voz que   ecoa  no nosso íntimo, conversando continuamente com o nosso coração, com as  lembranças e ensinamentos registrados  desde a infância, pelas experiências intelectuais desenvolvidas e, sobretudo pela força  espiritual que nos  guia.

       

E assim, se notarmos que as emoções são  positivas, deve decidir sem remorsos, medos e inseguranças,  em direção a tudo que é   ético, honesto, edificante e que de sobremaneira promove  o bem maior e comum entre as pessoas e principalmente ao nosso ser.   

           

*WILSON CARLOS FUÁH – É economista, especialista em   Recursos Humanos e Relações Sociais e Políticas.

 

 

 

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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