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Artigos Quarta-feira, 27 de Maio de 2015, 13:59 - A | A

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Quarta-feira, 27 de Maio de 2015, 13h:59 - A | A

Morre Clovito, um grande "enxadrista"

Com a morte deste guerreiro que disputou a vida, em um jogo de xadrez, e ganhou a maioria delas, quem perdeu foi o cuiabano

MARISA BATALHA

Reprodução

Marisa batalha

 

Dizem que a Terra é só uma parada, assim só estamos aqui de passagem.

 

Então, obviamente, a morte é inevitável.Dia deste ela chega para todos. Pode chegar de surpresa, pode ser em um momento em que já estejamos cansados de lutar contra ela ou então porque, simplesmente, está ela marcada no caderninho do tempo.

 

Como ela não é o final, então a morte nem é a que mais assusta.

 

Assim mesmo, muitos de nós a teme, porque ela representa o desconhecido. Mas, o pior, o que nos horroriza a um certo ponto da vida é o que deixaremos para trás, bem para além das fortunas que os herdeiros vão usufruir. É a derrota de não termos vencido. Nosso capital como ser humano. No final de tudo, é sempre a briga, se a vitória é ser ou ter. Mas para poucos, os que entendem que esta jornada é curta e que estamos nela para sairmos melhor do que entramos, é onde a consciência do dever cumprido nos dá a paz. Para estes é o que fizemos que é o importante. A marca, a diferença.

 

O vereador Clovito Hugueney (SDD), morreu neste último domingo, 24,em decorrência de um choque séptico, na UTI do Hospital Jardim de Cuiabá, e foi enterrado nesta última segunda-feira, 25, no Cemitério da Piedade, bem no centro da cidade. Com as pompas, claro, de um parlamentar. Justo!

 

Não posso dizer que fazia parte do círculo de amizade do vereador. Nos encontramos poucas vezes. Eu como assessora do PTB, na época, mais particularmente do doutor Homero Florisbelo da Silva e, ele, até mudar de sigla, um petebista histórico. Numa destas reuniões, sentada ao lado de Clovito, me lembro bem, mais pelo constrangimento do que pelas suas palavras de ordem na reunião. A certa altura das discussões passei levemente as mãos nas suas costas, talvez para lhe adiantar que seria o último a fechar os debates ou por algum outro motivo qualquer.

 

O certo foi o susto de deslizar as mãos por suas costas tomadas de caroços. Eram tantos que fiquei aflita que notasse meu rubor. Mais tarde fiquei sabendo que Clovito tinha seu corpo quase todo tomado por estes caroços. Que havia passado por bem mais de 30 cirurgias, que tinha um rim transplantado e que possuía uma saúde frágil.

 

Mas Clovito como um bom lutador, nem se interessava mais pelo corpo debilitado. Polêmico, assertivo e comprador de 'brigas', não deixava nada de lado. Apontava, criticava e quando as reuniões não saíam a contento, porque o PTB, em Mato Grosso, sempre optou mais em contemporizar do que confrontar, muito possivelmente, foi por isto que Clovito decidiu ir para a nanica legenda Solidariedade.

 

Cuiabano de nascença, o vereador exercia o terceiro mandato na Câmara de Vereadores e se destacava pelas polêmicas geradas no plenário e porque fazia uma interessante oposição ao prefeito Mauro Mendes, na Casa de Leis.O primeiro mandato foi conquistado em 2004, com o apoio do seu tio, então deputado estadual João Antônio Cuiabano Malheiros (PR). E reeleito em 2008 e 2012. Em 2013, filiou-se ao Partido Solidariedade (SDD), planejando uma candidatura a deputado estadual, que não se concretizou.

 

Como devota das 13 almas, encontrei com o seu cortejo no cemitério. Fiz minhas orações como as faço todas as segundas-feiras. E me surpreendi com o número de pessoas. Amigos, parentes, correligionários, colegas de tribuna e o prefeito de Cuiabá. Em um canto, misturado em meio as pessoas, Mauro Mendes e seu fiel escudeiro,o secretário de Comunicação e Governo, Kleber Lima, passavam despercebidos. Mas, o olhar cabisbaixo de Mendes, a voz baixa, mostrava respeito a Clovito.

 

Ao sair, escutei com uma atenção, de quem jamais esquecerá o que ouviu e pude então, naquele momento, entender um pouco mais a trajetória do homem e o respeito que inspirou em sua morte. Alguém, obviamente, bem ligado ao vereador disse em uma pequena roda de amigos que Clovito Hugueney era o melhor 'enxadrista' que conhecera.

 

Driblou tantas vezes sua adversária, a morte, que ganhou - antes de ser levado por ela -, o direito de realizar sua última dança, como fazem somente os grandes guerreiros. Assim, não é a morte que o leva, ao contrário, foi Clovito que a seguiu, mansamente. Sabia que este tempo iria chegar. Não estava cansado, mas seu corpo sim!

 

Naquele momento entendi por debaixo da camada, da falsa tristeza de alguns ou da elegância política de outros, que Clovito havia deixado sua marca. E mais: não foi só a Câmara que perdeu um colega, ou a política que não ouvirá a voz de um homem bom de briga. Nem sempre brigas, obviamente, do lado certo, mas para Clovito, claro, sempre certo de que elas eram necessárias. 

 

Com a morte deste guerreiro que disputou a vida, em um jogo de xadrez, e ganhou a maioria delas, quem perdeu foi o cuiabano que cada dia mais deixa de ter um nobre a representá-los na política deste Estado.

 

*MARISA BATALHA é jornalista e mestranda da UFMT.

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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oscar lombardi 27/05/2015

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