“Na TV nada se cria… tudo se copia!”, essa máxima do mestre Abelardo Barbosa, o Chacrinha, continua até hoje, não necessariamente na TV, mas, em toda e qualquer informação e conhecimento, esse jargão continua presente. Os recentes casos de plágios em diversas universidades brasileiras, as brigas por direitos autorais e acusações de copiar músicas, artes, informações nos meios e veículos de comunicação já não geram tanta polêmica, nem tanto estranhamento na "Sociedade da Informação".
Tanta tecnologia, desenvolveu a chamada inteligência coletiva, que é uma forma de inteligência que emerge a partir da colaboração e ajuda de muitas pessoas. O Wikipédia, a enciclopédia livre, é um resultado da inteligência coletiva. Outro resultado da inteligência coletiva são as chamadas Mídias e Redes Sociais, que é a produção de conteúdos de forma descentralizada e sem o controle editorial de grandes grupos. O que caracteriza uma produção de muitos para muitos.
As mídias sociais tem dado voz a população, democratiza a informação, transformam meros espectadores desconhecidos em criadores e redefinem o conceito do amadorismo.
As recentes mobilizações sociais no Oriente Médio e, as informações destes acontecimentos pelas mídias e redes sociais, foram tantas, que chegou ao ponto dos EUA dizer estavam perdendo a "Guerra da Informação". E aí está o problema.
O monopólio da mídia mundial, vem perdendo espaços, credibilidade e lucros, provando assim, que a tal “liberdade de imprensa” pregada pelos barões da mídia é apenas uma falácia, que na verdade representa a "liberdade dos monopólios".
É estarrecedor ver as maneiras utilizadas pelo mercado para auferir lucro. Todas elas, ou praticamente todas, não se importam com o direito do cidadão – do consumidor, já que na sociedade capitalista em que vivemos, deixamos de ser pessoas para sermos consumidores.
Como exemplo dessa sociedade, podemos refletir o caso que aconteceu no Piauí, onde três vizinhos de baixa renda resolveram ratear o preço do acesso à internet. Um dos vizinhos contratou o serviço sem sua linha telefônica. Depois, eles foram a uma loja de informática e adquiriram um roteador wireless e estão, os três, compartilhando o acesso à rede mundial de computadores. O valor das mensalidades, que vinham pagando em dia, era dividido entre eles.
Porém eles não sabiam que estavam cometendo um crime. Alguém os denunciou para a Anatel – aquela agência reguladora que deveria fiscalizar o serviço oferecido pelas empresas de telefonia, pautada pelo direito do cidadão (consumidor) – e um fiscal da agência foi ao local, apreendeu os equipamentos e multou o assinante do serviço em R$ 3 mil. A luta do mercado contra qualquer forma de compartilhamento está se transformando na cruzada do século XXI.
A internet é o principal alvo desta guerra econômica. Compartilhar arquivos digitais também pode se transformar em crime. Lembro-me da minha infância, quando um amigo comprava um CD e a gente copiava em fitas cassete para o resto da galera. Éramos crianças cometendo o crime inafiançável de compartilhar.
Na prática, a inteligência coletiva propagada pelas mídias e redes sociais, é a realização da autêntica defesa da liberdade de expressão, da liberdade da informação. Para o mercado, compartilhar informações é crime. Compartilhar, dividindo serviços e despesas não é exploração econômica, portanto ninguém leva vantagem econômica sobre os outros, e isso deve ser combatido.
*PABLO RODRIGO, editor de Política do Jornal Diário de Cuiabá
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