Permínio admite omissão à frente da Seduc e a devolver dinheiro oriundo de corrupção

JESSICA BACHEGA

O ex-secretário de Educação, Perminio Pinto, foi ouvido na tarde desta sexta-feira (27) na sede do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO). Ele prestou novos esclarecimentos a Operação Rêmora, que investiga um esquema de corrupção à época em que ele comandava a pasta.

Ele se comprometeu a ressarcir os cofres públicos no valor em que recebeu dos desvios e reafirmou sua postura omissão diante das fraudes que ocorriam na pasta.

Alan Cosme/HiperNoticias

O ex-secretário, Permínio Pinto, acompanhado de seu advogado, Artur Osti

O secretário chegou acompanhado de seu advogado, Arthur Osti, trazidos por motorista. Perminio não quis falar com a imprensa, mas sorriu para as câmeras quando chegou.

Após o depoimento de cerca de duas horas, a defesa o informou que Perminio esclareceu sobre os fatos já investigados e sobre outros três inquéritos instaurados pelo Ministério Público Estadual (MPE) e que, segundo o jurista, não dizem respeito diretamente às ações do ex-secretário.

“Ele assume que teve uma postura omissa. Nunca teve qualquer ação nas fraudes na Seduc, mas deixou que as ações ilícitas acontecessem”, ressaltou o advogado.

Osti informou que seu cliente está assumindo a parcela de culpa que cabe a conduta dele e que está também fazendo um levantamento dos valores recebidos da cobrança de propina dos empreiteiros que mantinham obras na Secretaria. “Ainda não temos o valor exato que ele recebeu, mas assim que for feito o cálculo, Perminio se comprometeu a devolver todo o valor”, explicou.

Conforme o advogado, Perminio nega que tenha assumido qualquer papel de liderança no grupo criminoso que agia na cobrança indevida de valores aos empresários em troca de facilitar que estes ganhassem licitações. Questionado sobre quem seria o líder da organização, o advogado se limitou a dizer que “isso ele tem que dizer em interrogatório”.

O advogado enfatizou que não estuda, no momento, um acordo de delação premiada junto ao MPE.

O jurista declarou que os questionamentos feitos ao seu cliente não dizem respeito a políticos citados na delação premiada do empresário Giovani Guizardi, que afirmou que o ex-presidente da Assembleia Legislativa (ALMT) Guilherme Maluf teria recebido 25% dos valores arrecadados com a propina..

Três novos inquéritos

O promotor Marcos Bulhões confirmou que existem outros Procedimentos Investigatórios Complementares (PIC) em andamento que apuram fatos que ainda não foram esclarecidos na Operação Rêmora.

“Os interrogatórios dizem respeito a fatos que surgiram no decorrer no andamento da ação principal”, informou o promotor.

Questionado, o promotor não revelou se há novos nomes envolvidos nas investigações nem se há pessoas com prerrogativa de função.