Mayke Toscano/Hipernoticias |
Com esta sentença, o ex-cabo da Polícia Militar já é condenado a mais de 150 anos de prisão |
O ex-cabo da PM Hércules de Araújo Augustinho foi condenado a 45 anos e dois meses de prisão por homicídios duplamente qualificados, formação de quadrilha e tentativa de assassinato. A sentença foi lida pela juíza Mônica Perri, por volta das 20h15 desta terça feira, no Fórum Criminal de Cuiabá.
O Conselho de Sentença reconheceu que Hércules matou o radialista Rivelino Jacques Brunini e Fauze Rachid Jaudy e ainda tentou matar o pintor Gisleno Fernandes. Hércules saiu do Tribunal do Júri com a prisão decretada e seguiu para a Penitenciária Central de Capital, onde pernoita, e depois segue para o presídio federal em Rondônia, onde cumpre pena.
Somadas as penas de outros seis assassinatos, o ex-militar já foi condenado a mais de 150 anos, mas pela legislação brasileira, ele só pode cumprir 30 anos. O advogado Jorge Franco de Godoy anunciou que vai recorrer da decisão.
Para o filho de Rivelino, Raphael Brunini, a justiça foi feita. “Apesar de não trazer meu pai de volta, eu fico tranquilo com a sentença, pois sei que ele não vai está perambulando por aí. Ele era um peão do xadrez, só puxou o gatilho a mando de alguém, agora vamos esperar que todos os autores respondam por este crime”, argumentou. Raphael acompanhou todo o julgamento e deixou o Fórum assim que foi dada a sentença.
O julgamento foi conduzido pela magistrada Mônica Perri Siqueira. O representante do Ministério Público foi o promotor Antônio Sérgio Piedade e o advogado de defesa foi Jorge Franco de Godoy.
O Tribunal do Júri começou com duas horas de atraso e o primeiro a depor foi a testemunha de defesa, o advogado e à época do crime presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ussiel Tavares Filho. O depoimento de Tavares foi para expor ao corpo de jurados que todo processo percorreu os trâmites legais na Justiça.
O interrogatório do ex-cabo Hércules durou cerca de 20 minutos. Com respostas concisas, o réu confessou que matou Rivelino Brunini e atirou em Gisleno para se defender, sob o argumento de que o pintor era o segurança de Brunini. O réu negou que ter atirado em Fauze, no entanto, não apresentou argumentos para apontar outro executor.
Hércules também negou que o mandante do crime tinha sido o ex-bicheiro, João Arcanjo Ribeiro e também isentou de qualquer culpa o “colega” de empreitadas Célio Alves e Júlio Bachs.
O réu confirmou que recebeu dinheiro para matar Rivelino, mas não lembrou qual foi o valor. Hércules acrescentou também que toda transação foi feita pelo cobrador de Arcanjo, João leite.
DEBATES
No início da tarde começaram os debates entre defesa e a acusação. Teve réplica e tréplica das partes, contudo as argumentações foram as mesmas.
A acusação se baseou em dizer que Hércules pertencia ao crime organizado e foi o responsável pelas duas execuções e por uma tentativa, além de outros crimes a que o réu já responde, dando uma somatória de mais de 100 anos de prisão.
O promotor Antônio Sérgio Piedade questionou o fato de Hércules ter dado dois depoimentos divergentes, sendo o primeiro na Justiça Federal, em que argumentou que o mandante foi Arcanjo e Célio Alves o ajudou na execução de Rivelino e Fauze.
Já no depoimento desta terça-feira, o réu mudou a versão e disse que não sabe quem é o mandante.
Em contrapartida, a alegação da defesa foi de que o réu matou apenas Rivelino Brunini e foi pago para cometer o ato e não responderia pela outra execução e a tentativa. O advogado Jorge Franco Godoy chegou a sugerir que o Ministério Público tinha “provas plantadas e forjadas”, o que gerou bate boca entre o promotor e jurista.
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