Mãe de criança estuprada diz que não sabia de abusos e que vai provar sua inocência

“Eu não tive nada a ver com os estupros, eu não fui cúmplice do meu marido”. Esta é a afirmação da mãe da criança de 11 anos, que foi estuprada pelo próprio pai, no bairro Itapajé, em Cuiabá. Em entrevista exclusiva ao HiperNotícias, a mulher, que não quis ser identificada, afirmou que irá provar a sua inocência e que em nenhum momento percebeu que o seu marido, Cleiton da Paixão Guimarães, 39 anos, estuprou e engravidou a sua filha.

Alan Cosme/HiperNoticias

 O caso está sendo investigado pela Delegacia Especializada de Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica)

A entrevista foi feita na tarde de segunda-feira (22), na sede da Delegacia Especializada de Direito da Criança e do Adolescente (Deddica), localizada no bairro Carumbé, em Cuiabá. Emocionada, a mulher disse à reportagem que mesmo morando na mesma residência não percebeu que sua filha estava sendo estuprada pelo esposo e que ao saber do caso, rapidamente chamou a Polícia Militar.

“Eu não tive nada a ver com os estupros que a minha filha sofreu, eu não fui cúmplice. Eu nenhum momento eu soube que minha filha estava sendo estuprada. Eu vou provar a minha inocência, eu tenho a minha consciência limpa, eu sempre fui uma boa mãe, eu sempre cuidei das minhas filhas muito bem, não há nada do que se queixar”, disse a mulher.

O caso veio à tona na manhã do dia 17 de abril. Cleiton foi preso pela Polícia Militar suspeito de ter estuprado e engravidado a filha de 11 anos, no bairro Itapajé, na Capital. Após a prisão, ele confessou e disse que vinha cometendo os crimes desde 2017. Ele passou por audiência de custódia e o juiz da Vara de Execuções Penais, Geraldo Fidélis, decretou a prisão preventiva. O suspeito foi encaminhado ao Centro de Ressocialização de Cuiabá (CRC), onde deverá ficar à disposição da Justiça.

Sobre o suspeito, a esposa afirmou que em 20 anos de casamento ele nunca demonstrou em nenhum momento ter abusado da própria filha. A mulher afirma também que ficou surpresa ao saber dos crimes cometidos por Cleiton.

“Ele sempre foi um excelente pai, um excelente esposo. Eu estou com ele já vai fazer 20 anos. Eu não vou falar que nosso casamento era perfeito, pois não existe casamento perfeito. Eu não sabia que ele fazia isso com a minha filha, eu fiquei surpresa quando isso aconteceu. Quando eu fiquei sabendo dos fatos, eu mesmo chamei a polícia, eu mesmo fiz a denúncia. Agora se você acha que se eu soubesse alguma coisa eu teria chamado polícia? Eu não teria feito isso. Se eu soubesse dos crimes eu teria fugido, como ele fez a princípio”.

A mulher contou que descobriu que a filha estava grávida após a criança reclamar de cólica e sofrer um sangramento. A mãe explicou que após o aborto, Cleiton fugiu com o feto.

“A minha filha começou a passar mal por volta das 3 horas da madrugada de quarta-feira (17). Em seguida, ela me chamou e disse que estava com muita cólica e teve um sangramento. A causa desse sangramento foi o aborto espontâneo. Meu marido pegou o feto e fugiu. Logo depois, eu chamei meus familiares, pois eu estava muito desesperada, e eles levaram a minha filha até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Pascoal Ramos, em Cuiabá. Na unidade médica, os profissionais notaram que a menina havia sido estuprada. Diante disso, nós ligamos para a PM que foi na casa da minha sogra e prendeu o Cleiton. O Conselho Tutelar também compareceu e sempre nos atendeu muito bem”.

A mulher disse que foi muito julgada por parte da sociedade e que ainda não sabe como dar prosseguimento à sua vida.

“Eu tenho ódio dele, pois eu não esperava isso do meu marido. Ao mesmo tempo estou triste de ver essa situação que eu nunca esperava estar. Eu não desejo isso pra mãe nenhuma, pra ninguém. Nós não podemos julgar as pessoas, pois não sabemos o dia de amanhã. Eu estou arrasada. Eu nem sei nem como eu vou recomeçar a minha vida".

Por fim, a entrevistada afirma que ficou surpresa pelo crime cometido pelo marido e garantiu que apenas Cleiton é o culpado pelos estupros.

“Eu queria que as pessoas parassem de ficar me julgando e esperar sair a conclusão da polícia. Eu vou provar que eu não tive nada de culpa disso, se tem algum culpado aqui é só o Cleiton. Não é porque eu moro na mesma casa que eu sabia. Eu fui pega de surpresa. As pessoas têm que parar de ficar julgando os outros, a gente não sabe o dia de amanhã. Hoje aconteceu comigo, amanhã pode ser com qualquer um de vocês”, concluiu.

Depois dos estupros, a criança ficou internada por dois dias no Hospital Júlio Muller, em Capital. Ela deve ter acompanhamento psicológico. O caso continua sendo investigado pela Polícia Civil.

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