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Domingo, 10 de Novembro de 2019, 08h:25

Um terço da população mundial terá diabetes em 2050, aponta Federação Internacional de Diabetes

DA REDAÇÃO

Agência Brasil

diabetes

Existem aproximadamente 425 milhões de diabéticos no mundo atualmente, segundo dados da Federação Internacional de Diabetes. Tal quadro também significa que 12% do gasto global em saúde, cerca de R$727 bilhões, resulta diretamente da diabetes e suas complicações.

Para 2050, a previsão da entidade é ainda mais alarmante: estima-se que um terço da população mundial (mais de 32 bilhões de pessoas) terá diabetes. Destes, metade terão neuropatia.

Os dados foram reforçados pela integrante do Comitê de Dor Neuropática da Sociedade Brasileira do Estudo da Dor (Sbed), a doutora em anestesiologia Lia Rachel Chaves do Amaral Pelloso, durante a II Jornada Mato-grossense de Endocrinologia e Metabologia – evento voltado para a atualização profissional acerca das principais novidades e diretrizes das especialidades. O encontro ocorreu na última sexta-feira (8), em Cuiabá.   

A especialista ressaltou que a dor neuropática é a “dor que ocorre como consequência direta de uma lesão ou de doenças que afetam o sistema somatossensitivo”, segundo a Associação Internacional do Estudo da Dor (Isap, em inglês).

“Cerca de 30-50% dos pacientes com neuropatia sentem dor espontânea, queimação nos pés, alodinia e parestesia (perda sensitiva). Sua prevenção e manutenção envolvem o controle da glicemia, do colesterol e da pressão arterial, bem como a prática de exercícios físicos (para prevenir lesão nervosa e promover regeneração), perda de peso e mudança de hábitos de vida”, destacou.      

Neste viés, o ex-vice-presidente Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), o doutor em endocrinologia Luiz Turatti, salientou que o controle glicêmico em pessoas com diabetes mellitus tipo 2 (DM2) requer atenção no país. “As coisas no Brasil vão muito mal. Estamos muito distantes do ideal. Cerca de 70% da população está fora da meta. Não podemos perder de vista dois pontos-chaves para a eficácia glicêmica: o custo e a efetividade, pois isso impacta na adesão ao tratamento”.  

O presidente da Sbem-MT, o médico especialista em endocrinologia e metabologia Marcelo Maia Pinheiro, reforçou que é preciso tratar o paciente diabético para além do controle glicêmico. “O tratamento da diabetes exige equilibrar de um lado da balança a segurança e do outro a eficácia metabólica, os benefícios adicionais e a proteção cardio-renal. A propósito, acredita-se que a doença cardiovascular ainda é a principal causa de morte no DM2”, ponderou.

NOVAS TECNOLOGIAS

Entre os avanços tecnológicos na área está o tratamento do pé diabético com oxigenoterapia hiperbárica. Conforme explicou a médica responsável pela Clínica Hiperbárica Santa Rosa, a infectologista do Hospital Santa Rosa Zamara Brandão Ribeiro, a oxigenoterapia hiperbárica é uma modalidade terapêutica na qual um paciente é submetido à inalação de oxigênio 100% em uma pressão maior que a pressão atmosférica dentro de uma câmara hermeticamente fechada com paredes rígidas.

“O que se pretende é aumentar a pressão de oxigênio no plasma e, consequentemente, em todos os tecidos do corpo – cerca de 20 vezes. A oxigenoterapia hiperbárica contribui para auxiliar na reparação tecidual, reduzir edema, diminuir a hipóxia tecidual, promover a imunomodulação, a vasoconstrição e ação bactericida/bacteriostática. Mas, sozinha ela não produz milagre – o papel de suporte adequado (controle metabólico, antibioticoterapia e cirurgias, etc) e de outros tratamentos adjuvantes (como curativos e nutrição) são fundamentais”.

Diante desse panorama, Zamara alertou que pacientes diabéticos com infecção de membros inferiores e submetidos a amputação tem mais chance de morrer no período de cinco anos. “E o risco de amputação é de 15-46% maior em pacientes diabéticos do que em não diabéticos. Mas, já sabemos que no caso do pé diabético a oxigenoterapia hiperbárica pode, por exemplo, auxiliar a impedir a progressão da isquemia e contribuir para a cicatrização de feridas – e, com isso, evitar a mutilação. Precisamos evitar a mutilação”.