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José Riva cumpre pena em semiaberto
Na suposta proposta de colaboração premiada, encaminhada ao Ministério Público Estadual (MPMT), o ex-presidente da Assembleia Legislativa José Riva, revela que fez pagamentos irregulares, o chamado “mensalinho”, para 38 parlamentares, durante os 20 anos em que esteve na presidência da Casa de Leis.
O HNT/HiperNotícias teve acesso ao documento sigiloso, que seria uma suposta colaboração premiada de Riva. Assinada em 27 de março de 2019, os relatos foram feitos à procuradora-geral de Justiça, Ana Cristina Bardusco.
No documento, Riva afirma que fez pagamentos de propina sob o argumento de “manter-se na governabilidade”.
Entre os anos de 1995 a 1998, o líder do Governo e deputados de base recebiam mensalmente R$ 15 mil mensais.
A partir de 1998 a 2002, Riva pagava aos colegas de Parlamento a quantia de R$ 20 a R$ 25 mil mensalmente. O ex-presidente da Assembleia gastou com “mensalinhos” aproximadamente R$ 175 milhões.
Na colaboração, o ex-deputado, que é considerado o maior ficha-suja do país, destaca que pode demonstrar os pagamentos, por meio de comprovantes bancários e notas promissórias, o efetivo pagamento da propina, bem como a participação dos parlamentares no esquema de desvio de recursos da Assembleia.
Riva ressalta que tem comprovantes com assinaturas de relatórios de recebimento de materiais falsificados, que foram usados como justificativa para o repasse dos mensalinhos.
"O próprio governador (Blairo Maggi) sugeriu que poderia manter o esquema de outra forma, e se dispôs a repassar o montante da propina para a ALMT, com um adicional (...) ainda que a título de suplementação"
Ainda no documento à procuradora, o ex-presidente da Assembleia conta que o esquema, que começou em 1995, ganhou mais ‘força’ em 2002, quando Blairo Maggi (PP), tomou posse como governador do Estado.
“O próprio governador sugeriu que poderia manter o esquema de outra forma, e se dispôs a repassar o montante da propina para a ALMT, com um adicional, isto é, acrescentaria um vultoso valor no orçamento do Parlamento, ainda que a título de suplementação”, diz trecho da possível colaboração.
Riva cita ainda que a prática do mensalinho se perpetrou e adentrou ao governo de Silval Barbosa. Ele revela que nesta gestão, o esquema nunca falhou, pois ainda que não houvesse recursos financeiros e orçamentário, a prática era a de recorrer a empréstimos, por meio de empresas de factorings ou até mesmo de agiotas, os quais, posteriormente, eram pagos com a mesma fonte de recursos utilizados para atender aos deputados, ou seja, com a utilização de empresas fornecedoras de materiais ou de prestação de serviço.
Pagamentos diferenciados
Riva ressalta que o pagamento de propina era diferenciado, isto é, alguns deputados recebiam valores desiguais, como era o caso do presidente e do primeiro-secretário, que recebiam três vezes mais que os demais parlamentares, além de terem repasses para pagamento do custo da eleição, que chegava a ser quatro vezes superior.
Veja a lista dos deputados e ex-deputados que receberam propina:
1- GUILHERME ANTÔNIO MALUF
2- JOSÉ DOMINGOS FRAGA FILHO
3- WALLACE GUIMARÃES
4- PERCIVAL MUNIZ
5- ADALTO DE FREITAS
6- ADEMIR BRUNETTO
7- JOÃO ANTÔNIO CUIABANO MALHEIROS
8- MAURO LUIZ SAVI
9- NILSON SANTOS
10- SERGIO RICARDO DE ALMEIDA
11- GILMAR DONIZETE FABRIS
12- LUCIANE BEZERRA
13- ROMOALDO JUNIOR
14- MAKSUÊS LEITE
15- WALTER MACHADO RABELLO JUNIOR
16- JOSE GERALDO RIVA
17- LUIZ MARINHO DE SOUZA BOTELHO
18- ALEXANDRE LUIZ CESAR
19- ZECA VIANA
20- DILMAR DAL’BOSCO
21- EZEQUIEL ÂNGELO FONSECA
22- BAIANO FILHO
23- TETE BEZERRA
24- ONDANIR BORTOLINI (NININHO)
25- EMANUEL PINHEIRO
26- LUIZINHO MAGALHÃES
27- NELDO WEIRICH
28- CARLOS AVALONE
29- CARLOS ANTÔNIO AZAMBUJA
30- FRANCISCO BELO GALINDO
31- AIRTON RONDINA
32- WAGNER RAMOS
33- SEBASTIÃO REZENDE
34- HERMÍNIO J. BARRETO
35- HUMBERTO BOSAIPO
36- PEDRO INÁCIO WIEGERT (PEDRO SATÉLITE)
37- DILCEU DAL'BOSCO
38- SILVAL BARBOSA