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Quinta-feira, 22 de Agosto de 2019, 13h:57

PF diz que ex-prefeito pagava até conta de energia com propina

FERNANDA ESCOUTO

O ex-prefeito de Confresa, Gaspar Lazari, preso nesta quinta-feira (22) durante a Operação Tapiraguaia, deflagrada pela Polícia Federal (PF), exigia que empreiteiras envolvidas no esquema de desvio de recursos públicos federais pagassem suas despesas pessoais, como a conta de energia elétrica de sua residência.

Agência Notícias

Gaspar Lazari

 Ex-prefeito de Confresa, Gaspar Lazari, está preso

A declaração foi feita pelo delegado da Polícia Federal, Carlos Henrique Cotta D’Ângelo, responsável pela operação deflagrada nos municípios mato-grossenses de Cuiabá, São Félix do Araguaia, Serra Nova Dourada, Bom Jesus do Araguaia, Apiacás e também em Brasília (DF).

“O ex-prefeito de Confresa, além de pegar dinheiro em espécie, pegar dinheiro em transferência bancária, ele passava suas contas, suas dívidas, boletos, até energia elétrica, para os empreiteiros pagarem. Ele criava dívidas um hotel de Cuiabá e pedia para o empreiteiro pagar, boletos dele, faturas de cartão, dívidas até da família dele”, disse o delegado durante entrevista coletiva.

“Isso tudo é comum. Infelizmente. mas chama a atenção pelo grau de sacanagem desses caras. Eu arrumar uma empreiteira para pagar minhas contas! Fica bom, né?”, ironizouo delegado.

ELO COM VALTENIR

De acordo com a Polícia Federal, no período de 2014 a 2016, o então deputado federal Valtenir Pereira (MDB), teria liderado um plano com empresários e prefeitos de Confresa e Serra Nova Dourada, para desviar recursos que seriam destinados para construções de pontes, por meio de convênio com o Ministério de Infraestrutura.

As obras da Prefeitura de Confresa teriam gerado em torno de R$ 413 mil em propinas aos agentes públicos envolvidos, enquanto as de Serra Nova Dourada o montante de R$ 187 mil.

Ivan de Oliveira / SBT

Carlos Henrique Cotta

Delegado da PF, Carlos Henrique Cotta D’Ângelo

“Isso tudo é comum. Infelizmente. mas chama a atenção pelo grau de sacanagem desses caras. Eu arrumar uma empreiteira para pagar minhas contas! Fica bom, né?”

“Após a primeira etapa, descobrimos que além de desviar dinheiro de merenda escolar e construção de unidade hospitalar, descobrimos que eles estavam desviando da construção de pontes, por meio de convênio que se fazia com o Ministério de Infraestrutura", completou.

A PRISÃO

Alvo da primeira fase da operação, e denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) em abril de 2019, Lazari foi preso nesta quinta-feira (220 por tentar atrapalhar as investigações.

“Depois da primeira fase, ele começou fazer a correria para sumir com as provas, arrumar testemunhas e desfazer testemunhos. Ele estava interferindo no processo, destruindo provas. Essa é a razão da sua prisão preventiva”, disse Cotta.

OPERAÇÃO TAPIRAGUAIA

A segunda fase é resultado da análise dos dados bancários e dos objetos apreendidos durante a primeira fase da operação, ocorrida em janeiro de 2019. O material colhido aponta que o ex-deputado e atual suplente Valtenir, no período entre 2014 a 2016, teria montado um esquema criminoso em conluio com empresários e prefeitos de Confresa e Serra Nova Dourada.

"Os valores repassados ao deputado Valtenir eram, em regra, depositados em contas bancárias de seus assessores ou de empresas a eles vinculadas, sendo que uma das empresas é fantasma"

As investigações mostram que o então deputado teria viabilizado a realização de convênios entre o Ministério da Integração Nacional – Secretaria Nacional da Defesa Civil e as prefeituras, amparando-se na justificativa de construção de pontes de concreto emergenciais, devido às enchentes provocadas pelas chuvas.

Os prefeitos, beneficiados com os recursos federais, realizavam licitações repletas de irregularidades, combinando previamente com os empresários contratados para a execução das obras. Os políticos exigiam propinas a essas pessoas, na medida em que fossem realizados os pagamentos.

Os valores utilizados nas propinas provinham na maioria das vezes de medições fraudulentas, como atestados de serviços não realizados ou realizados a menor. Os montantes eram repassados aos gestores municipais e ao ex-deputado, por meio de depósitos/transferências em contas de terceiros.

A análise policial também aponta a emissão de cheques, entregas de dinheiro em espécie e até mesmo pagamento de boletos e contas dos gestores públicos (contas de energia, boletos de estabelecimentos comerciais, dívida em hotéis, etc).

Os valores repassados ao deputado eram, em regra, depositados em contas bancárias de seus assessores ou de empresas a eles vinculadas, sendo que uma das empresas é fantasma.

Ainda segundo a PF, os assessores e as respectivas empresas recebiam valores avulsos das prefeituras por suposta prestação de serviços de assessoria e consultoria para liberarem as parcelas dos convênios por meio de lobby.