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Quinta-feira, 22 de Agosto de 2019, 10h:53

Cacique do MDB defende suplente: "Está sendo acusado injustamente"

FERNANDA ESCOUTO

Cacique do MDB em Mato Grosso, o deputado federal Carlos Bezerra saiu em defesa do seu suplente Valtenir Pereira, alvo da Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (22). Valtenir foi alvo de busca e apreenssão e teve a casa vasculhada por conta da Operação Tapiraguaia. Segundo Bezerra, o colega está sendo "injustiçado".

“Valternir não tem nada com isso, tenho certeza que não tem. Já conversei com ele agora pela manhã. O outro eu não conheço [Gaspar Lazari], mas Valtenir sempre trabalhou republicanamente. Ele está sendo acusado injustamente”, disse Bezerra ao HNT/HiperNotícias.

Alan Cosme/HiperNoticias

carlos bezerra

 Bezerra acredita que Valtenir está sendo injustiçado

A operação investiga um esquema de desvio de recursos públicos federais e pagamento de propinas nas prefeituras de Confresa (1161 km de Cuiabá) e Serra Nova Dourada (1022 km de Cuiabá). Cerca de R$ 601 mil teriam sido utilizados para pagamentos de propina.

O segundo suplente de Bezerra na Câmara Federal, o ex-prefeito de Confresa Gaspar Lazari, foi preso pela PF.

Operação Tapiraguaia

De acordo com a PF, a segunda fase da Tapiraguaia é resultado da análise dos dados bancários e dos objetos apreendidos durante a primeira fase da operação, ocorrida em janeiro de 2019. O material colhido aponta Valtenir, no período entre 2014 a 2016, teria montado um esquema criminoso em conluio com empresários e prefeitos de Confresa (1161 km de Cuiabá) e Serra Nova Dourada (1022 km de Cuiabá).

As investigações mostram que o então deputado teria viabilizado a realização de convênios entre o Ministério da Integração Nacional – Secretaria Nacional da Defesa Civil e as prefeituras, amparando-se na justificativa de construção de pontes de concreto emergenciais, devido às enchentes provocadas pelas chuvas.

Os prefeitos, beneficiados com os recursos federais, realizavam licitações repletas de irregularidades, combinando previamente com os empresários contratados para a execução das obras. Os políticos exigiam propinas a essas pessoas, na medida em que fossem realizados os pagamentos.

Os valores utilizados nas propinas provinham na maioria das vezes de medições fraudulentas, como atestados de serviços não realizados ou realizados a menor. Os montantes eram repassados aos gestores municipais e ao ex-deputado, por meio de depósitos/transferências em contas de terceiros.

A análise policial também aponta a emissão de cheques, entregas de dinheiro em espécie e até mesmo pagamento de boletos e contas dos gestores públicos (contas de energia, boletos de estabelecimentos comerciais, dívida em hotéis, etc). Os valores repassados ao deputado eram, em regra, depositados em contas bancárias de seus assessores ou de empresas a eles vinculadas, sendo que uma das empresas é fantasma.

Ainda segundo a PF, os assessores e as respectivas empresas recebiam valores avulsos das prefeituras por suposta prestação de serviços de assessoria e consultoria para liberarem as parcelas dos convênios por meio de lobby. As obras da prefeitura de Confresa teriam gerado em torno de R$ 413 mil em propinas aos agentes públicos envolvidos, enquanto as de Serra Nova Dourada o montante de R$ 187 mil. (colaborou Ana Adélia Jácomo).