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Copa Pantanal Quinta-feira, 27 de Outubro de 2011, 09:00 - A | A

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Quinta-feira, 27 de Outubro de 2011, 09h:00 - A | A

ROLETA RUSSA

Global Tech foi criada apenas para ‘atender’ ao Governo de Mato Grosso

Entrevistado com exclusividade pelo HiperNoticias, diretor-executivo da Global Tech afirma que empresa ainda não tem funcionários em Cuiabá

JORGE ESTEVÃO
[email protected]

 

Mayke Toscano/Hipernotícias

Contrato celebrado entre a Agecopa e Global Tech, no valor de R$ 14 milhões, para aquisição 10 veículos com radares está sob suspeita

 

A Global Tech foi criada somente para atender o Governo de Mato Grosso na compra dos 10 Conjuntos Móveis Autônomos de Monitoramento (Coman), que são radares russos instalados em veículos - no caso de MT, Land Rover. O custo final total chega a R$ 14,1 milhões. A aquisição dos equipamentos foi feita pelo Estado, através da extinta Agecopa, com dispensa de licitação.

O diretor-executivo da empresa, Guilherme Nascentes Carvalho, disse em entrevista exclusiva ao HiperNoticias nesta quarta (26) , por telefone, que a filial da Global Tech, localizada na Avenida Fernando Correa, 9590, bairro São Francisco, até esta data não possui nenhum funcionário contratado. Além disso, tem somente um cliente, que é o Governo do Estado.

“A partir de novembro vamos iniciar contratações para filial da empresa em Cuiabá”, disse Guilherme Nascentes. O diretor-executivo da Global Tech, que mora em Anápolis (GO) - distante 58 km da Capital, Goiânia - acrescentou que “o único cliente consolidado (da Global Tech) é a Agecopa (já extinta)”. Guilherme revelou que só vem a Cuiabá uma vez por mês e permanece na cidade uns sete dias.

Segundo Nascentes, até mesmo o mobiliário da empresa ainda será adquirido. Ou seja, a presença da Global Tech em Cuiabá resume-se a uma fachada, um advogado e um contrato de R$ 14 milhões.

DATAS

De fato, levantamento feito por HiperNoticias revela uma série de coincidências entre as datas nas quais o Governo de Mato Grosso recebeu representantes comerciais da Russia com a criação da Global Tech, e também com a celebração do contrato da empresa com a Agecopa.

No dia 27 de agosto de 2010, a Global Tech Consultoria de Prospecção de Negócios é registrada na Junta Comercial do Distrito Federal com endereço na SOFN CL, quadra 2, bloco B.

Três dias depois, em 30 de agosto, o governo do Estado e representantes da Agecopa anunciam que “o grupo russo Global Tech” (sic) investiria US$ 75 milhões na fabricação de veículos tipo caminhão Kamaz e softwares de última tecnologia.

Na verdade, a Global Tech não é uma empresa russa, e sim brasileira, pertencente a dois oficiais do Exército Brasileiro.

Também nessa mesma data foi anunciado que a Global Tech geraria de 100 a 120 empregos diretos no Estado. Mas, conforme o diretor-executivo da empresa, Guilherme Nascentes Carvalho, até hoje não há funcionários contratados pela Global Tech em Cuiabá.

Outro detalhe que chama atenção é apontado em matéria produzida pelo Governo. Em 30 de agosto, o Estado afirma que o escritório da Global Tech já estava montado em Cuiabá e que a empresa ainda não havia se definido sobre o local de montagem dos veículos.

Porém, documento obtido pelo HiperNoticias na Junta Comercial do Distrito Federal aponta que somente no dia 10 de novembro de 2010 a Global Tech instalava sua filial na Capital de Mato Grosso, no Edifício American Bussines, na Avenida Rubens de Mendonça, 2254, sala 1.407.

Portanto, somente 70 dias depois do anúncio de investimentos em Mato Grosso e da sua instalação em Cuiabá é que a Global Tech abre filial.

INDÚSTRIA MILITAR EM MT

Em 14 de outubro de 2010, o Governo do Estado se reúne no Palácio Paiaguás com representantes de companhia estatal russa Rosoboronexport, especializada em equipamentos e tecnologia de segurança. O vice adido comercial da Embaixada da Rússia, Oleg Strunin, foi quem comandou as negociações para a instalação em Mato Grosso da indústria de veículos de uso militar.

A intenção era produzir veículos do tipo Gaz e Kamaz, que são carros de combate e preparados para climas frios, como na Rússia. Se a fábrica já estivesse sido montada e produzindo, para quem seriam vendidos os carros? No Brasil a Engesa já produz veículos para uso militar.

CONTRATO

Finalmente em 30 de junho de 2011, a Agecopa celebra contrato de R$ 14 milhões com dispensa de licitação para aquisição de 10 Land Rover equipadas com radares de última geração. Durante esse tempo, não houve qualquer movimentação a respeito da instalação de tal indústria.

No mesmo dia, a comitiva oficial liderada pelo governador Silval Barbosa embarca para Rússia para realizar, conforme noticiário oficial, “a maior aquisição nacional da última década em equipamentos de alta tecnologia para combates de crimes na fronteira”.

Na comitiva, além de membros do Governo e da Agecopa, viaja José Eduardo Polisel, apresentado pelo próprio Governo como sócio-proprietário da Global Tech. Na verdade, ele é advogado da empresa, e alega ter viajado a convite de seus patrões, mas não informou com qual objetivo, já que assegura que presta apenas assessoria jurídica.

Polisel também advogou para o governador Silval Barbosa na campanha de 2010, e mantem contrato profissional com um dos então diretores da Agecopa, Jefferson de Castro, atual secretário adjunto da Secopa, sucessora da autarquia já extinta, e que também viajou à Rússia.

NO VERMELHO

Auditoria do Tribunal de Contas de Mato Grosso realizada sobre o contrato da Global Tech com dispensa de licitação revela que a empresa fechou o seu primeiro exercício financeiro, em 2010, com um saldo negativo de aproximadamente R$ 85 mil, relacionado a despesas, provavelmente para a sua própria criação, outro indicador que ela não celebrou nenhum contrato no seu primeiro ano.

O TCE também questiona os documentos que comprovariam a especialização da empresa no fornecimento dos sistemas adquiridos pela Agecopa – o que justificaria a dispensa de licitação -, uma vez que, tendo sido criada apenas em 2010, jamais produziu qualquer sistema.

Mas, a sorte finalmente sorriu para a Global Tech: sendo mantido o seu contrato com o Governo de Mato Grosso, provavelmente a empresa será bem lucrativa a partir do exercício de 2011.

Álbum de fotos

Mayke Toscano/Hipernotícias

Mayke Toscano/Hipernotícias

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Adalberto Ferreira da Silva 27/10/2011

O Hipernoticias merece nosso respeito e reconhecimento pelo excelente trabalho jornalistico, no qual mostra, sobretudo, compromisso com a verdade. Há fortes indícios que a compra dos veículos Land Rover é uma transação realizada com empresa de "fachada", para embolso ilegal de milhões de reais de dinheiro público, com o envolvimento de altas autoridades de nosso Estado, o que mostra a verdadeira face de muitos daqueles que governam Mato Grosso.

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X3 27/10/2011

Mas militar pode ter empresa?

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2 comentários

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