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Política Segunda-feira, 19 de Dezembro de 2011, 13:30 - A | A

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Segunda-feira, 19 de Dezembro de 2011, 13h:30 - A | A

CARTAS MARCADAS

AGE aponta prejuízo de R$ 493 milhões em vez de economia de R$ 800 milhões e abre guerra com PGE

HiperNoticias acessou estudo da Auditoria mostrando que Governo acatou cálculos do Sindicato dos Agentes, e também que Procuradoria Geral endossou emissão indevida de mais cinco cartas de crédito, após acordo entre Agentes Fazendários e Estado em 2008

KLEBER LIMA
[email protected]

O Governo de Mato Grosso sofreu um prejuízo de R$ R$ 493 milhões com a emissão das cartas de crédito para os Agentes de Administração Fazendária (AAF’s), em vez de ter obtido uma economia de R$ 800 milhões com o acordo feito com os servidores. Essa é a conclusão de uma auditoria de 97 páginas realizada pela AGE (Auditoria Geral do Estado) sobre as cartas de crédito emitidas pelo Governo em favor de aproximadamente 300 AAF’s. O pagamento deriva de acordo celebrado em 2008 pelo então governador Blairo Maggi com o sindicato dos servidores (SAAFEMT), com a intermediação do deputado Gilmar Fabris, e pôs fim há 12 anos de disputa judicial.

Para a AGE, a economia de R$ 800 milhões não passou de uma “simulação do SAAFEMT”. Procuradores de Estado disseram extra-oficialmente a HiperNoticias que quem negligenciou nos cálculos foi a AGE, e que se estes forem refeitos, inclusive com as atualizações, o valor da dívida hoje pode dobrar, ultrapassando os R$ 2 bilhões. Oficialmente, contudo, ninguém fala a respeito. Talvez porque a única pessoa que refez os cálculos e apontou um valor a maior que o acordado é o contador Antonio Barros de Leite Neto, preso no último dia 14 pela Polícia Fazendária, depois que apresentou uma perícia nos cálculos a pedido da SAAFEMT.

É neste contexto que, além de um pesado esquema de corrupção que vai ganhando os contornos de maior escândalo político de Mato Grosso das últimas décadas, a operação “Cartas Marcadas” desencadeada pelo Ministério Público Estadual e Polícia Fazendária também revela uma guerra antes surda entre a AGE e a PGE. Porém, a guerra vai se tornando ensurdecedora na disputa entre as duas instituições sobre a competência institucional de cada uma, e, principalmente, na determinação de quem é a responsabilidade pelo suposto prejuízo do Erário.

HiperNoticias obteve cópia da Auditoria assinada pelas auditoras Mônica Cristina dos Anjos Acendino, Kristiane Marques Dias e Cristina Santos Vilela, além do Auditor-Geral José Alves Ferreira Filho. No documento eles sustentam que em vez de R$ 1,207 bilhão, alegado para a formalização do acordo, cujos cálculos foram feitos pelo sindicato sobre a o processo judicial, a dívida do Estado com os Agentes da Sefaz (AAF’s) seria de apenas R$ 382.515.961,79. Se aplicado o desconto 62,78% dado pelos servidores ao Governo, o valor que deveria ter sido efetivamente pago era de R$ 142.372.440,98, em vez dos R$ 472.413.796,22, divididos em duas certidões para cada servidor.

Até aqui o prejuízo seria de R$ 330,041 milhões.

Contudo, a AGE revela que foram emitidas indevidamente outras cinco cartas de crédito em favor dos mesmos servidores, a pretexto de correções, honorários advocatícios e adicional de 14% que não teria sido calculado sobre os subsídios de maio de 2010. Esses pedidos totalizaram mais R$ 163.866.447,84. O parecer não deixa claro qual o valor da Carta 7, nem se ela chegou a ser emitida, ou seja, o prejuízo do Estado pode ser ainda maior.

Aqui o confronto entre AGE e PGE começa a esquentar porque, segundo o relatório da Auditoria, foi a Procuradoria que autorizou os pagamentos extras, considerados indevidos, depois que foi solicitada pela Secretaria de Administração (SAD) a emitir parecer sobre pedidos posteriores do SAAFEMT, em setembro de 2010. Esses pagamentos geraram, inclusive, um Aditivo ao Termo de Acordo celebrado em 2008.

MANDA PRA MIM QUE SOU EU QUEM DECIDE, DIZ PGE

Arquivo/Hiper/Secom

Responsáveis pela garantia da lisura e da legalidade dos atos do Governo, Procuradoria e Auditoria se enfrentam e expõe crise perigosa

 

Em 28 de setembro passado ano a AGE encaminhou ofício a PGE pedindo esclarecimentos sobre sentenças judiciais que determinavam alguns pagamentos. Como reposta, a PGE se limitou a afirmar que era dela a competência para cuidar do caso, e ainda ironizou a AGE. “De regra, sentença judicial não se interpreta, se cumpre”.

Por seu turno, a AGE enfatiza em várias passagens do seu relatório insinuações de que a PGE negligenciou na defesa do Estado, perdendo prazos nos processos judiciais e acolhendo pedidos indevidos na esfera administrativa.

Uma delas refere-se a um recurso da PGE contra decisão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, de setembro de 1998, confirmando sentença do juiz de primeiro grau, de março do mesmo ano, dando ganho de causa aos AAF’s nos pedidos de isonomia salarial com o Grupo TAF – cujos salários tinham sido reajustados. Também pediu o recebimento das diferenças salariais não pagas, além de juros e correções. De acordo com a Auditoria, a Procuradoria só recorreu da isonomia. “A extensão dos reajustes salariais concedidos ao Grupo TAF não foi objeto de recurso, o que resultou no processo de execução e na emissão dos Precatórios Requisitórios”, escreveram os auditores.

Somente esses precatórios pela diferença salarial no período de 1996 a 2000, não contestados pela PGE, resultaram em R$ 153 milhões para 247 servidores.

A PGE foi vitoriosa numa Ação Rescisória contra a decisão do TJ, sobre os precatórios, em 2000, mas acabou perdendo o recurso no STJ, porque deixou de citar alguns servidores que haviam ingressado com ações separadas (chamados de litisconsortes).

ESTADO PAGA JUROS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NÃO DEVIDOS

Os casos mais graves, contudo, são apontados pela AGE como os pareceres da PGE autorizando pagamentos indevidos aos servidores, reivindicados pelo Sindicato depois do acordo feito, para emissão de mais cartas de crédito, além das duas que foram dadas a cada um dos 292 AAF’s ou seus sucessores legítimos, no valor total de R$ 472,413 milhões.

Esses foram os casos, de acordo com a AGE, da inclusão nos pagamentos de RCV (Retribuição Complementar Variável), Produtividade e VI (Verba Indenizatória), que não estariam previstos sequer no processo judicial.

Quando recebeu o pedido para novas emissões de cartas, em setembro de 2010, a SAD o encaminhou, via processo, para parecer da PGE, que autorizou o pagamento, mas como se fosse por retenções indevidas de Imposto de Renda, e não pelo motivo alegado pelo Sindicato.

Segundo a AGE, “na hipótese de admissão da tese defendida pelo Parecer da PGE, para regularizar a situação do imposto de renda retido indevidamente dos servidores, deveria se promover uma retificação das certidões 1 e 2, reduzindo o valor do imposto de renda nas certidões já emitidas (...) e não emitindo novas certidões”.

A SAD então emitiu mais quatro cartas de crédito (tratadas pela AGE como 3 e 4, e depois 5 e 6), no valor de R$ 163.866.447,84, baseada em cálculos feitos pela Subprocuradoria de Coordenação de Cálculos, Precatórios e Recuperação Fiscal. “Sendo os valores individuais por servidor e seu total idênticos àqueles discriminados na planilha encaminhados na planilha do Sindicato”, escreveu a AGE, sugerindo que a PGE apenas aderiu aos cálculos sugeridos pelo SAAFEMT.

E mais, a PGE fez os cálculos e recomendou a nova emissão das cartas “sem a homologação pela Secretaria de Estado de Fazenda, conforme competência estabelecida no artigo 7º do Decreto 1.857/2009”.

Embora o Termo de Acordo contenha na cláusula oitava que “o Estado de Mato Grosso não se responsabilizará pelo pagamento de quaisquer honorários advocatícios”, a PGE deu parecer pelo pagamento de novas certidões no valor de 20% sobre as certidões 1 e 2 (R$ 472 milhões), no valor de mais R$ 33.238.712,43. A AGE considerou essas emissões indevidas.

 

BRIGA ENTRE PGE E AGE É ANTIGA

A disputa entre AGE e PGE é antiga, mas se acentuou com a edição da Lei Complementar 413/2010, dando a Auditoria poderes de Corregedoria, função que antes pertencia à Procuradoria.

Em março deste ano, o Procurador Geral Jenz Prochnow Jr encaminhou um estudo ao governador Silval Barbosa apontando a inconstitucionalidade da LC 413. De acordo com a PGE, “a transferência é inconstitucional porque estende a competência expressamente estabelecida pelo artigo 74 da Constituição Federal e pelo artigo 52 da Constituição Estadual”.

 

 

 

 Embora tenha negado o conflito, o Auditor-Geral José Alves Ferreira Filho diz que “a única dúvida que trás o artigo oitavo (da LC 413) é de quem é a competência [pela investigação ao servidor, se é do auditor ou do secretário, mas a partir da nova lei isso vai ficar delimitado”, argumentou o auditor, à época. O Governo deverá fazer alterações na Lei. Veja mais aqui e aqui.

PLACAR ESTÁ AGE 3 x 0 PGE ATÉ O MOMENTO

Na disputa entre as duas instituições do Estado, por enquanto a AGE vai ganhando de 3 x 0 da PGE. Primeiro, conseguiu manter-se, pelo menos por enquanto, no papel de Corregedoria, o que foi contestado pela Procuradoria.

Segundo, a AGE tomou o lugar da PGE na auditagem dos problemas com as cartas de crédito, segundo o decreto 766/2011, baixado pelo governador Silval Barbosa no dia 14 de outubro passado. No parágrafo segundo do artigo primeiro, o decreto diz que “tratando-se de cártula de certidão de crédito ou do direito cujo processo possua valor superior a vinte salários mínimos vigentes na data da respectiva emissão ou reconhecimento, a regularização perante a Secretaria de Estado de Administração será instruída de parecer prévio da Auditoria Geral do Estado, obtido pela unidade do Poder Executivo Estadual que a tenha expedido”.

E, terceiro, a AGE dá um xeque-mate na PGE ao elencar no seu relatório uma série de irregularidades que teriam sido cometidas pela procuradoria no processo de expedição das cartas de crédito dos Agentes de Administração Fazendária, a ponto de ter-se especulado bastante antes da operação ‘Cartas Marcadas’ que haveria procuradores de Estado na lista de busca e apreensão e até mesmo de prisão, embora não tenha se confirmado.

SEIS PESSOAS FORAM PRESAS NA OPERAÇÃO CARTAS MARCADAS

A Polícia Fazendária investiga o caso desde julho deste ano. No dia 14 deste mês, deflagrou uma operação que levou seis pessoas à prisão provisória, incluindo advogados que representaram os servidores, o ex-presidente do sindicato, servidores públicos e um contador que recalculou os valores devidos, além de ter realizada buscas e apreensões de documentos contra outras 14 pessoas, incluindo as residências do deputado estadual Gilmar Fabris.

O Sindicato e o Deputado já conhecem o estudo da AGE, e o contestam, classificando-o de equivocado. Segundo Gilmar Fabris, se o problema são os cálculos, basta se contratar uma auditoria independente para dirimir as dúvidas. “Não precisa prender ninguém por causa disso”, frisa. Já em entrevista a TV Centro América (Globo, canal 4) na semana passada, chegou a xingar José Alves de “burro”.

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amanda 08/05/2012

QUEM DEVIA SER PRESO NO CASO SERIA O GOVERNADOR E O SECRETARIO DE AMDINISTRACAO POR DESOBIDIENCIA JURIDICA , POIS A CATEGORIA GANHOU A CAUSA NO STF NAO CABENDO MAIS RECURSO , NO ENTANTO , ATE HJ O ESTADO NAO ACATOU A DETEMINACAO JUDICIAL , OLHA QUE ISSO JÁ TEM MAIS DE 5 ANOS , SE CUMPRISE ESSA ORDEM ESSA DIVIDA NAO TERIA ESSA DIMENÇAO .

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Sofia Fonseca 19/12/2011

É de um desconhecimento absurdo esse \"só recorreram da isonomia\". Se a isonomia fosse reconhecida, os reajustes viriam, como vieram, automaticamente. Se a isonomia caísse - como pretendeu a PGE - ia reajustar o quê? Regra simples de direito: o acessório segue o principal. Acho melhor os dignos contadores estudarem direito e, caso desejem, prestar concurso para Procurador.

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2 comentários

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