Uma das surpresas nas eleições deste ano, o deputado estadual eleito pelo Democracia Cristã (DC), Ulysses Moraes, com 18.721 votos, assume o mandato na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) apenas no ano que vem, em 1º de fevereiro. No entanto, o jovem de 28 anos já articula nos bastidores a proposta de eleger uma Mesa Diretora contando apenas com parlamentares que estrearão na Casa de Leis.
Alan Cosme/HiperNoticias
Ulysses Moraes conversou com o Hipernotícias
Com 28 anos de idade, o advogado pretende também adotar no Legislativo estadual discursos e ações semelhantes ao de seus colegas do Movimento Brasil Livre (MBL) que se elegeram pelo país. Entre as bandeiras defendidas pelo futuro parlamentar, está o de uma política de austeridade, cortando inclusive parte da verba indenizatória a que teria direito.
Ulysses reencontrará na ALMT uma ex-colega de faculdade: Janaina Riva (MDB). Dela, ele tomou o título de parlamentar mais novo entre os 24 eleitos. O futuro deputado estadual conversou com o Hipernotícias e falou sobre como tudo começou, MBL, suas pretensões, renovação política, Mauro Mendes, Mesa Diretora, as obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e até mesmo uma de suas propostas: a obrigatoriedade de contratação de seguros para obras licitadas, além de defender a redução dos duodécimos para a Casa.
Início na política
Eu nunca tive interesse em participar da política partidária. Tinha até ojeriza. Mas sempre participei, gostei e quis fazer alguma coisa. Desde quando me formei, era atuante em movimentos. Morei um tempo em São Paulo e quando voltei pra cá, decidi gravar vídeos, em uma página chamada “Dez Minutos de Democracia” e o primeiro vídeo foi sobre o Uber. Isso foi por volta de 2015.
Entrada no MBL
Foi logo após o início dos vídeos. Já conhecia o trabalho deles e passamos a gravar vídeos periódicos de denúncias e propostas. Fizemos um trabalho regionalizado, conforme vinham as demandas. Recebíamos denúncias, gravávamos vídeos e deu muito certo.
Pretensões políticas
Não tinha pretensão nenhuma, até porque não tinha partido. Cheguei a falar em uma entrevista que não seria candidato. Digamos que ver a ação dos nossos parlamentares e o descaso deles com as demandas populares me fez mudar de ideia. Conversei com familiares e decidi ver o que as pessoas que me seguiam queriam. Coloquei o assunto nas minhas redes sociais e a aceitação foi boa. Aí me filiei no último dia ao DC.
Renovação
Foi um recado. Acredito que os novos e antigos parlamentares precisam entender isso. Alguns deles esperavam votações expressivas e tiveram um resultado pífio. Não sei se tratarão isso dessa forma e mudar de postura. Acredito que estes 10 que foram reeleitos para ALMT precisam se reinventar.
MBL na política
O movimento é suprapartidário. Temos candidatos em diversos partidos. Eleição proporcional é matemática. Temos que pensar onde é mais viável e teremos mais chances de eleger. Temos em Mato Grosso, por exemplo, candidatos com 16 mil votos que ficaram de fora e com 11 mil votos que entrou.
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Deputados do MBL
Aumenta bastante a responsabilidade. Uma coisa é você atuar do lado de fora, onde você consegue mobilizar a população e falar, mas não consegue fazer. Agora é hora de agir e colocar em prática. Uma das pautas principais é a austeridade e economia nos recursos públicos. Temos o Fernando Holiday, vereador por São Paulo, que já economizou milhões aos cofres públicos e trabalha com gabinete reduzido, economizando 95% de sua verba de gabinete. Muitos parlamentares seguiram a ideia.
Redução da VI
Hoje a verba indenizatória é de R$ 65 mil, sem prestação de contas. Minha ideia é reduzir. Ainda não sei de quanto seria este corte, mas poderia ser de R$ 30 mil. Será que se gasta isso tudo? Precisa de R$ 65 mil todo mês? É muito dinheiro. A ideia é limitar isso e baixar para R$ 35 mil, R$ 40 mil. Se cada deputado economizar R$ 30 mil, são R$ 8 milhões por ano. Em quatro anos, são R$ 32 milhões, ou seja, metade de um hospital. Também defendo que se deva prestar contas dos gastos.
Duodécimos
Me parece que o Mauro quer conversar para tentar reduzir. Não sei em relação aos outros Poderes, mas acho que a ALMT tem gordura para queimar sim. Só essa proposta de reduzir a VI já economiza bastante. Estou entrando agora e acho que precisamos reduzir sim para fazermos uma gestão responsável.
Eleição da Mesa
A sociedade deu o recado e colocou 14 novos deputados na ALMT. Você acha que ela deu esse sinal querendo que os 10 remanescentes fiquem à frente da Casa ou porque ela quer que pessoas novas mostrem que pode ser diferente. Esse é o ponto. Queremos agrupar estes novos. Teremos técnicos qualificados que irão nos ajudar nisso na própria Assembleia. Capacidade nós temos, mas o mais importante é honestidade. A ideia é colocar pessoas que não são alvos de ações penais ou inquéritos. Temos a possibilidade de mudar, mas eu, particularmente, não faço questão da presidência, por exemplo.
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Ulysses Moraes conversou com o Hipernotícias
Mauro Mendes
Conheço pouco o Mauro. Conversamos muito pouco e sei dele enquanto prefeito de Cuiabá e acho que ele fez uma boa gestão. Nos falamos até agora só para parabenizar um ao outro pela eleição. Espero poder dialogar com ele nos próximos meses. Inclusive me questionaram se serei base ou oposição. Tem que criminalizar quem diz ser base ou oposição. Constitucionalmente falando, o parlamento deve ser independente. Serei base do povo. Não foi prefeito, governador que elegeu, mas sim a sociedade. Deputado não está lá para ser boi de presépio de ninguém.
Ansiedade para assumir
Sempre fica uma ansiedade, mas uma coisa é engraçada. Assumiremos o mandato apenas em fevereiro, mas as cobranças já começam agora. Estou muito feliz e acho que a sociedade ouviu o clamor das ruas.
Campanha
Apesar de ter sido votado em 132 municípios, visitei apenas seis. Foi uma campanha bem franciscana, sem recursos. Tinha pedido de material em 50 municípios, mas não tinha dinheiro para mandar. Fui bem votado em algumas regiões, como a norte, onde tive uns 3 mil votos, que não tinha sequer um santinho.
Bolsonaro
É um cara de direita e cristão, como eu, e que também defende uma política econômica liberal, inclusive colocando o Paulo Guedes para comandar o setor. Os pontos negativos talvez sejam ele ser expressivo e sincero demais e algumas brincadeiras acabam sendo distorcidas.
Licitações
Temos uma máfia, com preços altíssimos e até tabelamento de preços. Empresas que se unem para armar resultados. A Lei 8.666, das licitações, é ultrapassada, burocratiza e com todo respeito, atrapalha o funcionamento da máquina, por mais que ela tente garantir a lisura do processo. Em âmbito estadual temos um projeto de criar um seguro para obras. Talvez até deixe mais cara a contratação, mas a empresa que for licitada, terá que obrigatoriamente fazer um seguro para garantir a integralidade do projeto. Se a empreiteira não terminar, acionaremos a seguradora, que não venderá esse seguro para qualquer uma. É melhor encarecer o preço do que desperdiçar tanto dinheiro como vimos no VLT, por exemplo.
VLT
Acho que não vale a pena terminar. O VLT não se paga. De que adianta termos um modal que terá uma passagem cara, em que a população que precise dele não terá condições de usar, e que todo ano o Governo terá que subsidiar, colocando cerca de R$ 10 milhões, porque ele dá prejuízo.
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