Investigador da Polícia Civil vê na disputa por território para tráfico causa de tantos homicídios em Sinop

Segundo o policial, cerca de 80% dos homicídios ocorridos no município são frutos da guerra entra as organizações criminosas

THIAGO STOFEL
Da Redação

Reprodução

O município de Sinop (497 km de Cuiabá), um dos mais pujantes do Estado, vem sofrendo um expressivo crescimento de homicídios. Em um levantamento realizado pelo HiperNotícias, levando como base somente matérias veiculadas pelo site, observa-se que, entre os meses de dezembro de 2002 e fevereiro de 2023, a região registrou 15 casos de execuções.

O investigador da Polícia Civil de Sinop, Wilson Candido, aponta que o tráfico de drogas na região tem sido o fator determinante para este aumento de execuções. Segundo ele, isso ocorre por conta de uma facção criminosa estar querendo “roubar” alguns pontos de venda de drogas. Ressaltou com convicção de que cerca de 80% dos homicídios ocorridos nos últimos meses são frutos dessa guerra.

HNT - A Polícia Civil, com seu trabalho de investigação, conseguiu identificar um motivo para que esse número de homicídios tenha aumentado?

Sim, a Polícia Civil identificou que hoje, principalmente na região norte do Estado, existe uma intensa guerra de facções, sendo que a facção predominante procura, identifica e executa seus inimigos. Outro motivo também causador do aumento é o tráfico de drogas realizado sem o aval da facção criminosa predominante. Hoje, existe a presença de duas organizações criminosas lutando por espaço na região.

Alguns pontos de drogas são vendidos para integrantes de outra facção e, quando isso ocorre sem a aval de um dos líderes, essas pessoas fatalmente são executadas. O preço a se pagar nestas facções é sempre por sangue. Não tem outra conversa.

HNT - Como as polícias Militar e Civil trabalham com a presença dessas organizações criminosas na região?

A polícia reprime diariamente os crimes relacionados à facção criminosa, prendendo e levando a julgamento os criminosos. A Polícia Civil, diferente da Militar, não atua nas ruas, ou seja, ela não é atuante no quesito de atender a ocorrência no local. Mas o trabalho de inteligência da PM é fundamental. Através deste primeiro contato, das informações que recebemos, nós montamos estratégias, damos continuidade às investigações para sempre chegar no próximo alvo.

A Polícia Civil nunca para em um elemento. Nesses casos de facções, sempre existe o “depois”, um alvo sempre nos leva ao próximo. É assim que buscamos diminuir a influência destes grupos criminosos na região.

HNT - A polícia possui o apoio necessário do governo para que o trabalho contra o crime seja realizado da forma correta?

Sim, o Estado dá total condição para que o trabalho seja realizado com equipamentos novos, armamentos novos, investimentos em inteligência policial e outras demandas usadas na investigação.

Recentemente, tivemos a posse da nova diretora Daniela Maidel, inclusive sendo a primeira mulher neste cargo, e o trabalho que ela faz, sendo essa ponte junto ao governo do Estado, tem sido ótimo para garantir uma Polícia Civil forte e muito bem equipada.

Por fim, o investigador destacou a importância que a população pode ter no combate ao tráfico de drogas e a identificação destes membros de facções. Segundo ele, a população deve colaborar com a polícia dando informações, denunciado o comércio de pontos de tráficos, as chamadas bocas de fumo, e, também, se possível ajudar a reconhecer criminosos e faccionados.

"Hoje, a maior dificuldade encontrada por nós, investigadores, é justamente no quesito testemunha dos homicídios, as pessoas se sentem acuadas e com medo de terem suas identidades reveladas, mas quanto a isso, podem ficar tranquilas, pois mantemos o maior sigilo possível, sempre protegendo o cidadão", finalizou.

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