O deputado estadual Mauro Savi (DEM) teria recebido R$ 750 mil da empresa FDL/ EIG Mercados para trabalhar pela manutenção dos serviços prestados pela empresa ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran). A informação consta na decisão do desembargador do Tribunal de Justiça (TJ), José Zuquim Nogueira. O parlamentar também foi afastado do cargo.
Mauro Savi foi preso nesta quarta-feira (9) pelo Gaeco
“Também em conformidade com as declarações do colaborador Teodoro Lopes (Dóia), Claudemir Pereira dos Santos recebeu o valor de R$ 750.000,00 (setecentos e cinquenta mil reais) em nome do investigado", afirma o documento.
Segundo o Ministério Público Estadual (MPE), a atuação de Savi é marcada pela “dissimulação”, utilizando de seu cargo político e influência relacionada ao mandato para dar “roupagem” de licitude para atos considerados ilícitos pelo Grupo Especial de Atuação Contra o Crime Organizado (Gaeco).
"Ele atua simulando negócios jurídicos legítimos que de fato não existem, para dar legalidade a atividades criminosas relacionadas ao recebimento de vantagens indevidas pagas a ele em razão do cargo", diz o documento. Ademais, Savi também estaria “turbando” o processo investigativo e por isso ele foi preso na manhã desta quarta-feira (9).
Ainda de acordo com o documento, o parlamentar utiliza de pessoas próximas, sejam parentes, servidores da Assembleia Legislativa ou pessoas com as quais teriam “pacto de lealdade” para não deixar rastro do suposto pagamento de propina. Apesar da engenharia financeira realizada pelo parlamentar, para o MPE não restam dúvidas sobre sua participação.
Segundo o MPE, o rastro do dinheiro indica que os valores saíram da EIG Mercados, passaram pela empresa Santos Treinamento (a qual o presidente da AL, Eduardo Botelho (DEM), era sócio) e chegava até Claudemir Pereira dos Santos, que seria representante de Savi no esquema. A partir daí, Claudemir pagava despesas do parlamentar.
Antes de ser utilizado de fato, este dinheiro (cheques), entretanto, passavam por diversas empresas para apagar o rastro da ilegalidade. “Todo esse engenho, relata o Ministério Público, serve e é eficaz para evitar a produção de provas diretas do recebimento de propina por Mauro Luiz Savi, embora sua imagem seja nítida após a montagem do quebra-cabeças".
Operação Bônus
A segunda fase da 'Operação Bereré' foi batizada de 'Bônus'. Foram expedidos, pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso, seis mandados de prisão preventiva e cinco de busca e apreensão em Cuiabá, São Paulo (SP) e Brasília (DF). As ordens partiram do desembargador José Zuquim Nogueira.
A ação é resultado da análise dos documentos apreendidos na primeira fase da Bereré, dos depoimentos prestados no inquérito policial e colaborações premiadas. Tem como objetivo desmantelar organização criminosa instalada dentro do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) para desvio de recursos públicos.
A Bereré é desdobramento da delação do ex-presidente do Detran, Teodoro Lopes, mais conhecido como Dóia. Ele teria admitido um esquema de recebimento de propina da empresa FD/EIG Mercados responsável pelo registro de contratos de financiamentos de veículos. Parte do valor arrecadado era distribuído entre integrantes do esquema.
Outro lado
A procuradoria da Assembleia Legislativa está tomando conhecimento sobre o assunto e a Secom da AL-MT encaminhará uma nota oficial em algumas horas.
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